Bem,
não é novidade para ninguém que acompanha aqui o blog, minha admiração pela
saga do Encouraçado Espacial Yamato, mais conhecido aqui em Terra Brasilis como
Patrulha Estelar.
E
logo de cara, lá no começo do “Enquanto Isso na Ponte de Comando” dediquei os
três primeiros artigos a saga. Mas senti a necessidade de retornar até ela para
falar de dois de seus longas-metragens, “A Nova Viagem” e “Para Sempre Yamato”,
que comumente são chamados de “A Saga dos Golbas”.
Mas
para que falar desta fase?
Lógico,
que se você como eu conhece a saga do Yamato de trás para frente, e conhece
todos os nomes originais em japonês dos personagens, este artigo pode parecer
uma grande “encheção de linguiça”.
Mas
percebi que mesmo com a internet, e sua distribuição farta de informação, é
grande o numero de pessoas que desconhece oque aconteceu entre as séries “O
Cometa Império” e “ A Crise do Sol”, e por isto resolvi escreve este artigo,
então vamos lá.
Após
o final da série de tevê “O Cometa Império” que estabeleceu um retcon com o que foi mostrado no longa
“Adeus Yamato” que acabou (lógico) fora da cronologia da saga. Estabelecendo
Patrulha Estelar não só como uma das sagas de ficção espacial mais importantes de
todos os tempos, como se tornou a animação mais relevante da história (e não,
isto não é um eufemismo meu), por vários aspectos anteriormente aqui citados.
Sendo
assim, a tripulação do Yamato (por questões históricas, vou chamar a nave
apenas assim), junto à novos tripulantes, estava pronta para novas aventuras. E então, meio que a “toque de caixa”, foi lançado em 1979,
Yamato - A Nova Viagem.
Depois
dos eventos de “O Cometa Império”, o Yamato já devidamente restaurado, recebe
uma leva de novos tripulantes. Entre estes, Tokugawa, filho do antigo chefe da
“seção do motor”, que aqui nós conhecemos como Orion (seu nome ocidentalizado),
e cuja morte foi uma das que não foram mostradas na versão de “O Cometa Império” que chegou até nós.
Em "A Nova Viagem"... |
... o Yamato recebe novos tripulantes. |
Mas
enquanto os novos tripulantes são treinados, com direito a algumas trapalhadas
inevitáveis, em outro canto do espaço, um pesaroso Deslock retorna com as
poucas naves que lhe sobraram para prestar uma última homenagem ao seu planeta
à beira da extinção.
Só
que para a surpresa do líder dos gamilons, naves desconhecidas mineravam o que
tinha sobrado do planeta, despertando a fúria de Deslock que ordena sem pensar
duas vezes que as naves desconhecidas fossem atacadas.
Os gamilons atacam o inimigo desconhecido |
Gesto
pouco pensado que acarreta na destruição prematura de Gamilon, e que por tabela
coloca em risco Iscandar, planeta irmão de Gamilon, onde viviam Alex Wildstar
(Mamoru Kodai no original), Starsha e a filha dos dois, Sasha, que passa a
vagar pelo espaço.
A atitude sem pensar de Deslock trás graves consequências |
E
aí qual a solução que Deslock pensa?
Lançar
um pedido de ajuda à Patrulha Estelar.
Este
é um dos pontos que para quem assistia a animação na extinta Rede Manchete parecia
um pouco louco. Tudo bem que nos momentos finais de “O Cometa Império”, Deslock
ao alcançar seu objetivo e vencer a Patrulha Estelar, não só poupa sua
tripulação, já que seu objetivo tinha sido alcançado, como dá a dica de como
poderiam vencer o Cometa Império, mas daí a terem virado aliados, quase amigos,
como vimos na terceira série, “A Crise
do Sol”, demandava uma certa distância.
O
pedido de Deslock é recebido não apenas no Yamato, como pelo comandante Todo,
que ordena a partida da nave. Não em auxílio aos gamilons, mas sim a Starsha,
num gesto de gratidão àquela que salvou a Terra.
Descobrimos
então que aquele novo adversário, os golbas, um povo vindo da distante
“nebulosa escura", era muito mais “osso duro de roer" do que era
possível se imaginar.
Me
lembro até hoje quando assisti este longa pela primeira vez, em uma apresentação numa
amostra de quadrinhos e cultura pop. Numa sala de vídeo lotada, que foi à
loucura, mais que final de Copa do Mundo,
quando o Yamato chega para ajudar seu antigo inimigo.
Resistindo
com sua fortaleza-móvel (uma enorme estação espacial) até aos mais pesados
ataques conjuntos da Patrulha Estelar e de Deslock, os golbas impõe aos
protagonistas talvez os maiores sacrifícios de toda a saga, cabendo a Starsha o
maior de todos estes sacrifícios, enviando Alex e a filha para o Yamato,
para que conseguisse colocar um fim a batalha.
“A
Nova Viagem" pode não ser a produção mais esmerada tecnicamente da saga do
Yamato, até porque, como citei, foi
feito meio as pressas, mas tem a mais ágil narrativa de todos os longas metragens
da Patrulha Estelar , e preparou o terreno para o que viria um ano depois.
E o
que estava por vir se transformaria num verdadeiro marco.
2 de
agosto de 1980, chegava aos cinemas nipônicos, “Para Sempre Yamato”.
Um
longa-metragem que se tornou um marco para a animação nipônica e mundial, se
tornando como já citei aqui no blog, a
maior bilheteria daquele ano na terra do sol nascente, obliterando o todo
poderoso “O Império Contra Ataca”. Até porque se estamos falando sobre contra-ataques,
o que os golbas fazem aqui, faria Darth Vader ficar ruborizado de vergonha.
O ataque dos Golbas é fulminante. |
Totalmente,
e sem pudores, inspirada no clássico “A Guerra dos Mundos" de HG Wells, a
invasão do Império Golba é no mínimo fulminante, e esqueça toda aquela pompa e
circunstância da ocupação do Cometa Império. Aqui ela é feita em uma única
noite de terror, na qual os soldados golbas disparam a esmo em todas as
pessoas, estando elas num trem ou até
dentro de seus apartamentos.
Pois
tudo que o povo da nebulosa escura queria era vingança pela derrota sofrida em
“A Nova Viagem”, além de um temor secreto sobre a capacidade de batalha do
Yamato que poderia levá-los a destruição.
Só
que para azar dos golbas, os tripulantes do Yamato tinham sido separados para
cumprir diferentes funções, enquanto o paradeiro da nave era mantido em segredo.
Segredo
este que Kazam o líder da invasão tenta tirar do Conselho de Defesa da Terra,
mas que só consegue é levar uma resposta humilhante do comandante Todo, que por causa disto é condenado à morte, da qual só escapa devido ao sacrifício de
Alex Wildstar.
Sacrifício
também é oque Lola/Yuki faz depois que os membros principais da tripulação se
reúnem, e conseguem contato com Sandor/Sanada que explica que o Yamato estava
sendo modernizado num asteroide e por causa disto não fora descoberto pelos golbas.
Na tentativa de fuga, Lola, para ajudar na partida da nave, acaba sendo
alvejada e ficando para atrás. Aqui é preciso ressaltar que “Para Sempre
Yamato” também é um pouco reflexo da época que foi realizado, portanto vemos
Lola tendo um papel fundamental na trama, indo além do que estávamos
acostumados a ver até então.
Chegando
enfim ao Yamato, Derek Wildstar/Sussumu Kodai e os demais encontram Sandor e o
chefe Yamazaki , e são apresentados a Shiro Kato o novo líder dos Tigres
Negros, que era irmão mais novo de Kato, que aqui no Brasil conhecemos como
Conroy, que havia morrido na segunda série de tevê . E para surpresa geral
conhecem também Yamanami, o novo capitão do Yamato. Lembrando que Derek só foi
mesmo efetivado no cargo na terceira série de tevê.
Capitão Yamanami |
Parece
muito coisa? Pois é. Mas ainda tem mais.
Lá
eles também são apresentados a uma jovem chamada Mio, mas que depois
descobrimos ser Sasha, a filha de Alex e Stasha, que devido sua natureza
scandariana teve seu crescimento bem mais acelerado que um humano.
A famosa fita VHS do Cometa Império e sua capa. |
Lembrando
que a fita VHS que foi lançada aqui no Brasil com alguns episódios da série do
Cometa Império tinha como capa justamente a figura de um poster promocional de
“Para Sempre Yamato”, criando na época uma bela interrogação na cabeça de muita
gente que não fazia ideia quem era aquela jovem que aparecia junto a Derek e
Lola na imagem.
Acha
que acabou por aqui? Que nada...
Alfon e Lola |
Na
Terra, Lola é feita prisioneira por Alfon, o chefe do setor de inteligência dos
golbas, mas que acaba se encantando pela terraquea, que nem supunha que lá no
espaço Sasha também acaba nutrindo sentimentos parecidos pelo tio, enquanto o
Yamato vá em direção a Nebulosa Escura em busca do planeta natal dos golbas.
Busca
que ao terminar coloca um belo ponto fora da curva ao que comumente nós vimos,
quando num sortilégio, o líder dos golbas tenta fazer os tripulantes do Yamato
acreditarem tinham dado um salto duzentos anos no futuro.
Um
plano inteligente, que tocava em 1980 com a questão da passagem do tempo em
viagens espaciais, algo bem comum de uns
anos para cá, mas que naquela época era novidade.
Lógico
que tal sortilégio, pela teimosia de Derek e uma sacada de inteligência de
Tokugawa não dá certo, enquanto na Terra, Lola toma a liderança ao ataque a
fortaleza dos invasores, quando então temos mais uma surpresa ao descobrirmos a
real na natureza dos golbas.
Nossos
heróis vencem?
Lógico
que sim, afinal, se não vencessem não
haveria “Patrulha Estelar 3 - A Crise do Sol" (risos), mas não sem deixar
de lado aqueles sacrifícios dramáticos que tão bem conhecemos, mas que aqui são
apenas mais um ingrediente de uma receita perfeita de como se contar uma história de ficção
espacial de forma inteligente, numa produção esmerada, tensa e que se tornou
atemporal por conseguir atingir todo tipo de público sem precisar se
descaracterizar para isto.
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