Em
2008 se iniciava um capítulo a parte na história do cinema.
Com
“Homem de Ferro” se começava um jornada de mais de vinte filmes que agora em
2019 chega ao seu ápice com “Vingadores Ultimato”.
Contudo,
sobre este mundo de filmes, além do seu próprio esquema de “linha de montagem”,
sempre pairou a mão de ferro controladora da Disney, que a bem da verdade, à
despeito do caminhão de dinheiro que fazia, mais atrapalhou do que ajudou na
maioria das vezes, obliterando qualquer tentativa de diretores e roteiristas de
fazer algo que saísse de sua caixinha padrão. Vide o caso de Patty Jenkins, que
mandou tudo as favas ao tentar dirigir “Thor 2 - O Mundo Sombrio”.
Mas
em 2014, os irmãos Joe e Anthony Russo, sem fazer muito alarde dirigiriam
aquele que até hoje pode ser considerado o melhor filme do assim chamado MCU...
Capitão
América 2 - O Soldado Invernal!
Depois
dos eventos do primeiro filme dos Vingadores, Steve Rogers (Chris Evans), o
Capitão América, passou a ser mais um agente da SHIELD, enquanto tentava se
acostumar com a ideia de ter ficado
congelado por setenta anos, e acordado num mundo totalmente diferente
daquele que se lembrava.
E
aqui começa a lista de acertos deste filme, pois ao contrário dos demais filmes
da Mavel Studios, talvez a exceção do filme do Hulk protagonizado por Edward
Norton, Capitão América 2 tem seu roteiro sobretudo baseado nas relações de
seus personagens, numa trama de suspense e espionagem que deixa no chinelo toda
a franquia “Bourne”.
Pois
ao contrário do arrogante e pouco verossímil Tony Stark (Robert Downey Jr), e
do apatetado Thor (Chris Hensworth), o Capitão América de Chris Evans é a
encarnação do perdedor, que mesmo sabendo que tudo está contra si não abandona
seus retilíneos princípios e comprometimento com o que considera correto, numa
encarnação a bem da verdade, ligeiramente diferente de como o personagem
costuma ser mostrado nos quadrinhos, onde é um arquétipo do herói militar, mas
que justamente por isto ganha veracidade em suas ações e uma empatia quase
automática do público.
E
toda esta retidão de caráter, lógico, gera conflitos com muita gente, até mesmo
com Nick Fury (Samuel L Jackson), com o qual vive a discordar do modo de agir, mas aqui de uma forma bem mais sólida que a forçada picuinha com Tony Stark.
Mas
tal personalidadetambém causa admiração, e suas relações com seus
amigos/aliados surgem na trama de maneira absolutamente natural.
Natasha, a Viúva Negra |
De
forma que quando Natasha Romanoff (Scarlet Johasson), a Viúva Negra, e Sam
Wilson (Anthony Mackie), o Falcão, entram na trama tudo se encaixa sem muito
esforço.
Sam Wilson, o Falcão |
Aqui
tendo que destacar a ótima sinergia entre Evans e Johasson que por um momento
fazem o espectador pensar que um relacionamento entre seus personagens seria
bem melhor do que foi pensado posteriormente na sequencia dos filmes da
franquia.
E
este é mais um mérito do filme, que mesmo centrado obviamente em seu
“personagem título”, trabalha com sabedoria a participação de todos os
personagens, mesmo os terciários como Maria Hill (Coubie Smulders), com uma
habilidade que não se via desde a trilogia do Batman de Critopher Nolan.
Maria Hill (Coubie Smulders) - coadjuvante com papel de destaque na trama |
E
sem nenhuma cena gratuita, como a aparição do Homem Aranha em “Capitão América
3 – Guerra Civil”, que criasse uma “barriga” no roteiro e atrapalhasse o
desenvolvimento ou tom do filme.
Aliás,
sendo ausente daquelas famosas piadinhas bestas, uma incômoda característica do
MCU. Que aqui são substituídas por diálogos rápidos e naturais, mesmo quando a
piada é o próprio Steve Rogers e sua condição de eterno habitante da friendzone.
E
que ainda dá um belo spoiler do que
ainda estava por vir nos futuros filmes ao citar Stephen Strange, o Doutor
Estranho, sem precisar de cena pós-crédito para isto.
Mas
o que seria de um filme destes sem os antagonistas?
Bem,
é obvio que num primeiro momento, se pensa logo no protagonista do subtítulo,
Bucky Barnes (Sebastian Stan), que de amigo de Steve Rogers, se tornou o
Soldado Invernal após um processo de reprogramação cerebral.
Só
que aqui em Capitão América 2 somos brindados com um personagem único dentro
deste “Universo Cinematográfico Marvel”.
Alexander Pierce (Robert Redford) - Melhor vilão do MCU |
Alexander
Pierce (Robert Redford, excelente), é o retrato perfeito do autocrata corrupto
(quase uma Amanda Waller de calças), que usa de toda a máquina corporativa para viabilizar seus atos de vilania. Um personagem tão bom que aqui afirmo, é o
único vilão de verdade de todo o MCU. O único em que se pode encontrar alguma
ligação com a realidade e não vem carregado de cacoetes vilanescos padrão.
Algo
extremamente raro em se tratando da Marvel que neste quesito em específico
sempre ficou para trás da concorrente DC Comics, não importando a mídia.
Fora
isto, temos as melhores cenas de ação já feitas em todo o MCU. Mas por que são
as melhores, se há tantas cenas espetaculares em todos estes filmes?
São
as melhores, na opinião deste escriba, pois Capitão América 2 é o filme com o
maior número de cenas de ação absolutamente “orgânicas”, ou seja, sem o uso de
CGI, ainda que volte e meia ele esteja presente, e nem sempre bem utilizado
como na emboscada ao carro de Nick Fury.
Cenas
calçadas muito bem na agilidade e inteligência de um roteiro permeado de reviravoltas, ainda que a sequência final com os porta-aviões voadores numa
olhada mais atenta possa parecer um exagero, num filme pautado como disse, por
ser o mais orgânico de todos feito até então.
Mas
que em nada muda os fatos, de que Capitão América 2 - Soldado Invernal, sem
precisar se escorar em nenhum tipo de panfletismo, é a obra mais sólida de todo
o MCU.
Um
“ponto fora da curva”, que se houvesse coragem por parte da Marvel Studios e da
Disney, poderia se repetir com bem mais frequência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário