terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Batman - A Trilogia (parte 2)

Oi gente!

No primeiro artigo sobre da trilogia “Cavaleiro das Trevas” de Chistopher Nolan, havia me referido à sabedoria de não terem gastado logo de cara as cartas mais conhecidas do baralho dos antagonistas do Batman logo no primeiro filme, e como cada uma dos vilões tinha sido fundamental para o surgimento e evolução do “cruzado encapuzado”.



E por falar em cartas, lógico, que todos se lembram da última cena, do encontro entre Gordon e Batman no alto do prédio da chefatura de polícia e a deixa do que estava por vir que é deixada.... A chegada do Coringa!
E aqui começo a falar do filme considerado por muitos (talvez a maioria) como o melhor filme de heróis de HQ de todos os tempos.
18 de julho de 2008. Estreava nos cinemas estadunidenses Batman – O Cavaleiro das Trevas.
A continuação de “Batman Begins” que não apenas colocou o Homem Morcego em rota de colisão com seu mais conhecido inimigo, como colocou o público em rota de colisão com um filme de roteiro inesperado, e que estabeleceu um patamar nunca antes galgado em produções do gênero.



Dois anos após o surgimento do Batman, os mafiosos de Gotham estavam acuados, diante das ações do Morcego que junto ao agora tenente James Gordon fechavam o cerco ao seu redor. E é em meio a este cenário que surge o Coringa. Nos quadrinhos um personagem de muitas caras, mas de poucos objetivos concretos, que pessoalmente nunca entendi muito bem como foi alçado ao posto de arqui-inimigo do “Homem Morcego”, que sempre visualizei estar muito mais próximo do Espantalho por exemplo.
Contudo, uma das melhores (ou seria terríveis?) versões do Palhaço do Crime, aquela escrita por Alan Moore na icônica HQ, “A Piada Mortal”, na qual o personagem quer provar que todos podem “ultrapassar a linha” e se tornarem alguém como ele, bastando para isto apenas ter os “estímulos” necessários, ou como o próprio diz “Um dia ruim”, acabou por indicação de Jonathan Nolan, irmão do diretor Christopher, servindo de base para o argumento, e maximizada, testar os limites de todos os personagens.
Tendo um Heath Ledger quase que possuído, e obcecado pelo ato da construção de seu Coringa como poucas vezes se viu com um ator na história do cinema, criando algo muito além da célebre frase: Por que tão sério? (Why So Serious?).

Uma incrível coletânea de frases marcantes.

E servindo muito bem para contextualizar isto, temos a famosa sequência do interrogatório. Uma das primeiras cenas a serem filmadas, feita quase sem ensaio algum, na qual a pedido e com autorização expressa de Ledger, Christian Bale bateu de verdade a maior parte do tempo em seu colega de cena, que teve seu final editado pelo próprio Nolan, que considerou excessivo que Batman num último ato de fúria chutasse cabeça do Coringa.

A cena do interrogatório - Batman batendo de verdade.

Mas esta não foi à única e talvez nem mesmo a mais inusitada das histórias envolvendo Ledger e seu Coringa durante as filmagens, e entre tantas podemos destacar facilmente três:
A festa – Nela praticamente ninguém ainda tinha visto Ledger com sua caracterização e sua maquiagem, que de forma proposital ou não à medida que “derretia” no rosto do ator, se tornava ainda mais assustadora. Acarretando nesta sequência em duas travadas históricas. A primeira de Michael Caine (Alfred) que possuía uma fala assim que o Palhaço do Crime entrasse na festa, mas que ao dar de cara com Ledger caracterizado simplesmente travou e mesmo assim Nolan não interrompeu a cena, e em seguida a travada de Maggie Gyllenhaal (Rachel Dawes, substindo Katie Holmes). E a fala de Ledger, na qual ele segura o rosto de Maggie e repete “Olha pra mim. Olha pra mim”, que foi um improviso, pois como assumido tempos depois pela atriz, ela simplesmente não conseguia olhar para a figura a sua frente.

Maggie Gyllenhaal e o susto ao dar de cara pela primeira vez com o visual do Coringa

A prisão – E falando em improviso, na cena que o Coringa já está preso, e Gordon chega e é ovacionado pelos demais policiais, o seu bater de palmas sarcástico não estava no roteiro, e Nolan que filmava com duas câmeras quase que perde a cena.


O detonador – Na cena em que o Coringa explode o hospital, mais uma vez fazendo algo que ninguém faz, como no caso da perseguição ao Batmóvel em Begins, Nolan resolveu que a sequência de pirotecnia da cena seria comandada pelo próprio Ledger, deixando um detonador rádio controlado em sua mão. Mas não é que a traquitana resolveu falhar. Contudo, a cena ainda prosseguiu por alguns instantes. Tempo suficiente para as explosões começarem, dando um susto em Heath Ledger (sim, aquele ato de reflexo dele foi legítimo), mas que mesmo assim deu continuidade a cena.



Mantendo o personagem sem um passado definido, como era antes da HQ de Moore, o roteiro trabalha a perfeição a função de aguçar seu mistério para o público, dando as suas ações ainda que extremamente planejadas um grau de visceralidade digno de um verdadeiro psicopata.
Um conceito que muitos erroneamente se apressaram em rotular como “anarquista”, mas que passa longe do viés político do mesmo. Viés este só abordado no filme seguinte. Pois aqui o Coringa é antes de tudo um grande corruptor, explorando cada uma das possíveis fraquezas de todos. Da ganância dos assaltantes de banco, passando pelo medo dos mafiosos com relação ao Batman até óbvio usando o amor e a desilusão como armas letais.


Alfred e Bruce, laços ainda mais estreitados no segundo filme.

Conseguindo com isto desde corromper a policial Anna Ramirez (Monique Curnen) num arco baseado na personagem Renee Montoya, que pessoalmente não entendo como não foi usada aqui. Até subverter completamente o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart, muito bom) que se transforma no vilão Duas Caras.

O antes e depois da composição do Duas Caras, na primeira figura os pontos de "captura de movimentos."

E fazendo Batman chegar terrivelmente perto de romper a linha que traçou pra si mesmo, a modificar o aparelho de sonar de Lucius Fox para espionar a cidade inteira.

Lucius Fox descobre oque Bruce tinha feito com sua invenção.

Uma coletânea tão grande de maldades e atos inesperados (valendo aqui mencionar a icônica cena do lápis) que não me furtaria em afirmar que fato se tornou o maior vilão da história do cinema.
Desculpa Darth Vader...



 Além disto o filme ainda trabalha o conceito que a presença do Batman alimentava a surgimento de malucos, como os “justiceiros” da sequência do prédio garagem e até mesmo o de figuras como o próprio Coringa.

Enquanto analisávamos os quadrinhos, houve uma ideia fascinante que a presença de Batman em Gotham atrai, de fato, os criminosos a Gotham. Ela atrai os lunáticos. Quando você está lidando com questões polêmicas, como a 'justiça com as próprias mãos', você precisa realmente se perguntar: 'aonde isso leva?'. É isso que deixa o personagem tão obscuro, porque ele expressa um desejo vingativo."
— Nolan, falando sobre a continuação

Fora isto temos um massacre de referências que vão desde a série clássica de 1966 até a inusitada presença de um cartaz do filme Homem Aranha 3 em uma das cenas.

Referência ao clássico seriado cômico de 1966

E a melhor síntese feita com o Batman até hoje num filme live action. Pois fora a já citada cena na qual ele reinventa o aparelho de sonar de Fox mostrando seu lado cientista.
Temos seu lado detetive, presente desde Begins, mas que chega neste filme ao ápice de vermos ele investigando buracos de balas pra descobrir qual arma foi usada.
Seu lado que se divide em ser o Batman e tentar ainda que sabendo impossível, possuir uma vida ao lado de alguém (mais um dedinho de influência de A Máscara do Fantasma?).
Até as cenas espetaculares de ação, como na icônica cena em que num prédio em construção enfrenta um problema triplo ao ter reféns vestidos como bandidos, bandidos que se disfarçavam de paramédicos, além de ter de anular uma equipe inteira da SWAT, tudo isto ao mesmo tempo.

Bale no alto de um prédio ensaiando a cena da invasão ao prédio de Lau em Hong Komg
Se encerrando de forma dramática, porém, não pesada, parecendo um argumento de Dennis ONeil, o filme termina, como o próprio Batman partindo, sendo perseguido pela polícia, em sacrifício ao seu objetivo.

Harvey, Gordon e Batman - As ações do Coringa fariam seus destinos convergirem de forma dramática

Enquanto Gordon explica ao filho que ele até podia ser o herói que Gotham merecia, mas não era o herói que a cidade naquele momento precisava. E que antes de tudo o Batman era um guardião silencioso, um protetor cuidadoso......um Cavaleiro das Trevas!

Batman - Perseguido pela polícia para defender oque acreditava

Mas como é citado durante o filme: A noite é sempre mais escura antes do amanhecer.
E este amanhecer chegaria, mas não sem grandes sacrifícios, até maiores do que os já enfrentados, mas sobre eles falarei apenas na terceira e última parte desta incrível saga. Até lá!
























Um comentário:

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