Em
outubro de 2012 estreava nos Estados Unidos pelo canal CW, Arrow. A série que
tinha como intenção, contar a história de Oliver Queen e a saga que o tornaria
o Arqueiro Verde. Um seriado cheio de pequenos erros - propositais ou não - mas
que serviu de base para o que viria a ser a construção do “Universo Televisivo
da DC” que popularmente passou a ser chamado de “Arrowverse”.
Que
com o tempo veio recebendo a adesão de outras séries como Flash, Legends of
Tomorrow (minha preferida pelo seu total descompromisso), Supergirl e mais
recentemente a série da Batwoman. Estabelecendo, ainda que de forma meio doida
e com suas restrições orçamentárias, o que a DC não tinha conseguido realizar
nos cinemas, um universo que fizesse seus personagens interagirem, mesmo não
sendo às vezes da “mesma Terra”, estabelecendo também um dos conceitos mais
icônicos da DC Comics nos quadrinhos, o “Multiverso”.
Passando
a criar no final de cada ano um grande crossover
compreendendo todas as suas séries. E tudo ia muito bem, apesar das críticas
enfurecidas de certos fãs nas redes sociais, que vez ou outra faziam chacota do
tom adotado nestes seriados, até que após o crossover
“Crise na Terra X” saiu a notícia que deixou até quem não é fã da casa do
Batman e Superman em polvorosa.
O
CW faria em seu próximo crossover uma
adaptação da saga “Crise nas Infinitas Terras”!
Não
vou ficar entrando no mérito de esmiuçar a icônica saga dos quadrinhos criada
por Marv Wolfman e desenhada com maestria por George Perez aqui por três
motivos:
1º
- Tal obra ocuparia um espaço enorme aqui no artigo.
2º
- Pela sua importância merece inclusive um artigo só para ela.
3º
- Antes de tudo, apesar de pegar carona na premissa original da clássica HQ dos
anos 1980, a “Crise nas Infinitas Terras” da tevê é, sobretudo, uma imensa
celebração, e este exasperado excesso de comparações, em um caráter
extremamente pessoal de avaliação, considero um grave erro que peço caso você
que esteja lendo este artigo, e não tenha ainda assistido o crossover, não cometa.
No
início do crossover temos logo de
cara a onda de antimatéria criada pelo Antimonitor varrendo o multiverso e
destruindo diversos mundos. E sua contraparte, o Monitor procurando reunir os
heróis (ou quase isto) na busca de salvar o multiverso.
O
roteiro em si, de fato, é de uma simplicidade absurda, apesar da quantidade de
mundos e personagens envolvidos. Mas este é um raro, diria até raríssimo caso,
em que o roteiro é apenas uma ferramenta para uma maravilhosa viagem por um
mundo de personagens que nos fascinam há décadas.
E
o que o CW vinha prometendo há meses foi cumprido sim. Num festival espetacular
de participações especiais para deixar qualquer com um sorriso de orelha a
orelha.
Desde
aparições de personagens de antigas séries como o Dick Grayson (Burt Ward) da
clássica série do Batman de 1966 e seus indefectíveis bordões.
Passando
pela Caçadora (Ashley Scott) da mal sucedida série das Aves de Rapina, mas que
nem por isto deixaram de lembrar.
Chegando
até ao repórter Alexander Knox (Robert Wuhl) do filme do Batman de Tim Burton
de 1989.
Sem
deixar de lado as citações de outras séries com personagens da DC, mas que não
fazem parte do canal CW, como a série dos Titãs.
E
até a aparição em carne e osso de Kevin Conroy, o ator que mais interpretou o
Batman até hoje, já que faz a voz do personagem desde 1991 quando do começo de
“Batman A Série Animada”, numa espécie de versão caída e até maligna do
personagem, usando um exoesqueleto que referencia a HQ “Reino do Amanhã”, que
até pode não ter tido relevância nenhuma para o desenrolar da trama, mas que
sem dúvida colocou no bolso a versão do “Morcego” interpretada no cinema por
Ben Affleck. Uma versão que de fato passa muita amargura e que dá a impressão
que se espremesse daria para se fazer uma limonada de sua essência.
O
problema é que para aumentar o hype
da coisa toda ninguém falou que estas aparições seriam apenas isto, aparições,
algo que decepcionou muita gente, e de fato foi um dos pontos fracos da saga
televisiva.
E
se é para citar “balde de água fria”, com certeza nada foi mais decepcionante
que a aparição de Tom Welling e Erica Durance reprisando seus icônicos papéis
de “Smallville”.
Tudo
bem que dá até para se entender o “gancho” que foi jogado naquela sequência,
mostrando um Clark Kent que abriu mão de seus poderes para viver uma vida
normal, mas mesmo assim não há como negar que foi talvez o ponto mais baixo da
coisa toda, até (ou principalmente) pela ausência da exploração deste “gancho”,
ou seja, as consequências que aquela atitude de Clark tiveram sobre todo o
contexto do que acontecia, mesmo que aqui o roteiro como citei seja apenas uma
ferramenta para uma grande celebração.
Mas
nem todas estas “meras aparições” foram assim tão decepcionantes, pois para
surpresa geral (eu incluso), o CW foi inteligente ao que parece, para deixar algumas
brechas, algumas lacunas a preencher, caso algo de novo ocorresse.
E
isto ocorreu quando o chefão da Warner nos cinemas ligou para o produtor Marc
Gugenhein indagando se ainda havia tempo de colocar o Flash de Ezra Miller na
trama. E assim foi feito. Pessoalmente nunca fui (e não sou) admirador deste
Flash engraçadinho do chamado DCEU, mas isto aqui pouco ou nada importa, pois a
celebração está acima de opiniões de caráter mais pessoal.
Mas
e as participações relevantes?
Ahhhh...
Estas eu vou deixar para a segunda parte do maior evento televisivo da
história.
Afinal,
se eles podem interromper o desenrolar do crossover no meio, para só apresentar
a conclusão semanas depois, por que eu não posso (risos)?
Até
lá!
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