terça-feira, 21 de janeiro de 2020

SEALAB 2020 - Laboratório Submarino


Várias são as obras, em diversas mídias, que tentaram mostrar a visão de um futuro próximo (às vezes nem tão próximo assim) que fazem um exercício (nem sempre proposital) de como poderia ser a vida das pessoas desta vindoura época.
Tais obras em geral vem ligadas a visões de sociedades caóticas com sistemas de governo baseados em controle extremo, que por vezes usam dos meios de comunicação como plataforma de distração e dispersão das massas.
Mas em 1972 os produtores William Hanna e Joseph Barbera traziam ao mundo algo totalmente diferente desta descrição, era...
SeaLab 2020 – Laboratório Submarino!


Inspirado nas aventuras do oceanógrafo francês Jaques Cousteau, estreava em 09 de setembro de 1972 pela rede NBC, as aventuras de uma comunidade de 250 pesquisadores e suas famílias que no então longínquo ano de 2020, habitavam um grande laboratório que ficava nas profundezas do oceano.
Mas afinal, o que esta animação tinha e tem de especial? Deve ser oque você que está lendo deve estar se perguntando agora.
É lógico que a característica que sempre é ressaltada quando SEALAB 2020 é lembrado é o seu viés ecológico abordado ainda no começo da década de 1970. Mas sempre acreditei que mais importante que o tema abordado era forma como a animação fazia seu exercício de futurologia.


Pois muito diferente do 1994 de “Fuga de Nova York”, ou o 1997 de “Robocop”, só para citar dois exemplos, o 2020 de Laboratório Submarino possuía uma retilínea linha de roteirização, que nem vendia um futuro dourado e utópico, mas também não enveredava para uma distopia caótica.


Mais do que uma eficiente ferramenta de informação (sim, pois todas as informações passadas sobre a vida marinha no seriado eram verídicas) e conscientização, Laboratório Submarino descerrava para uma geração cujo termo “ecologia” era quase um palavrão, todos os problemas já latentes naquela época de forma séria sem ser alarmista.

Alex Toth - o idealizadorde todo design da série

Tendo seu design de produção todo pensado pelo cartunista Alex Toth, o criador de Space Ghost.




Só que ao contrário, por exemplo, de Jonny Quest que lançava mão de criar veículos inexistentes para época (alguns até os dias de hoje), Toth procurou manter-se o mais fiel possível a invenções que já existiam, como o recém criado pelo francês Jaques Cousteau na época, sistema de respiração em circuito-fechado conhecido como “Aqualung”. 

Jaques Cousteau
 
Um sistema que não produz bolhas ao ser usado, algo que, aliás, muitos desavisados diziam ser uma falha da produção, ou seja, a não produção das conhecidas bolhas pelos mergulhadores. Algo que só é possível quando o mergulhador tira a traqueia de respiração da boca, ou no caso da animação da máscara que tinha um equipamento de comunicação que permitia os mergulhadores conversarem entre si no fundo do mar, mais uma inovação da época, em geral só usada por unidades militares especializadas.


Ou mini submarinos pensados a partir de veículos criados também pela mente do oceanógrafo francês.

Mini submarino usado por Cousteau

Além de pautar a próprio design da base subaquática em modelos o mais de acordo possível com projetos de possíveis bases espaciais projetadas pela NASA e experimentos da marinha norte-americana. Sendo ela divida em módulos independentes. Valendo lembrar aqui muito dos treinamentos realizados pelos astronautas são justamente debaixo da água.


Outro detalhe que em geral passa despercebido na animação é que em tempos que ninguém fazia ideia do significado da expressão representatividade, sem o menor alarde, Laboratório Submarino mostrava entre os protagonistas da equipe comandada pelo capitão Mike Murphy uma formação bastante heterogênea, com destaque para o Dr.Paul Williams, um índio. Além, obvio, dos oceanautas Ed Thomas, Gail Adams, Hal Bryant e o tenente Sparks.


E como falamos de famílias, não poderia faltar a “ala infantil” nas figuras de Bobby e Sally. Fora Fluffy, o golfinho de estimação de Gail.




Fugindo, e muito, do estereótipo de animação de viés de ação típica, o caminho de SEALAB 2020 acabou sendo o cancelamento após apenas 13 episódios produzidos e mais 02 que ficaram inacabados.
Mais uma “aventura romântica” dos estúdios Hanna-Barbera realizada numa época em que a criatividade valia mais que o marketing para se vender brinquedos. Sem as horríveis “lições didáticas de moral” que se tornaram comuns na década de 1980.



Uma animação inteligente que pagou com o cancelamento o preço pelo pioneirismo, ao desbravar um nicho que nas poucas vezes que foi abordado até ali tinha sido feito de modo pouco técnico, digamos assim. Servindo de base e inspiração para diversas obras que vieram depois, como a série live action Sea Quest.
E que hoje, justamente no ano que “se projetava”, nos faz pensar o quanto a humanidade, pouco, ou nada, conseguiu compreender do próprio mundo que vive, e quanto ainda temos que descobrir não apenas nele como em nós mesmos.

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5 comentários:

  1. Quando era criança não gostava muito desse desenho, achava devagar e sério demais, preferia as aventuras cheias de ação tradicionais. Hoje vejo com outros olhos, era uma animação de qualidade à frente de sua época !

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  2. Ei, Fuga de Nova York e Robocop são dos anos 80 e não 90. Eu era adolescente quando Robocop passou no cinema em 89. Em 97 eu já era adulto

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    1. Oi Adailton! Tudo bem?
      Meu amigo, os citados no artigo sobre Fuga de Nova York e Robocop, são os anos em que a estória passa, não seus anos de produção.
      Obrigado por acompanhar o blog.

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