segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Esquadrão Atari


Em 1982 a DC Comics recebeu uma encomenda da empresa que fabricava o videogame Atari. Nesta encomenda a editora de Batman e Superman recebeu a incumbência de criar uma revista que seria dada como um brinde em alguns cartuchos de jogos da empresa.
 Mas o que começou como uma mera jogada comercial se transformou em uma das séries de quadrinhos mais importantes de todos os tempos... Nascia ali, o Esquadrão Atari!


Como foi dito, a Atari a fim de incrementar suas vendas no começo de 1982 encomendou a DC Comics uma HQ  para vir junto a alguns de seus jogos (Defender, Berserk, Star Riaders, Phoenix e Galaxian), numa inteligente jogada de marketing, na qual para saber a conclusão da HQ seria necessário adquirir os diferentes cartuchos nos quais vinham as partes da minissérie.

A primeira equipe do Esquadrão Atari - Ação comercial que funcionou mais do que o esperado

Mas como naquela época ninguém estava pra brincadeira, a tal encomenda caiu no colo de dois maiores nomes dos quadrinhos de todos os tempos, Gerry Conway e Roy Thomas.

Roy Thomas em sua breve passagem pela DC...


... e Gerry Conway ficaram responsáveis pelo roteiro, posteriormente passando apenas para Conway

Aqui nesta sua primeira versão, que se passava no então distante ano de 2003, tínhamos a Terra à beira de uma catástrofe ecológica, e a busca de um novo lar para a humanidade pela tripulação da nave Scanner One através do “multiverso”. Sim do “multiverso”. Você não leu errado. Pois Esquadrão Atari foi um dos pioneiros neste conceito mesmo nunca estando conectado com o “universo principal” da DC.

A 1ª tripulação da Scanner One


Na tripulação da Scanner One, escolhida pelo A.T.A.R.I (Advanced Technology Research Institute) tínhamos Martin Champion, comandante da equipe; Lydia Perez, piloto e primeira-oficial; Li-San O”Rourke segunda oficial, o médico Lucas Orion; Mohandas Singh o engenheiro de voo; e Hukka a mascote do grupo.
Infelizmente esta primeira fase nunca chegou a ser publicada no Brasil. E ainda que a premissa da história não tenha sido das mais originais, remetendo diretamente a obras como “Perdidos no Espaço” e até mesmo “Patrulha Estelar”, seus personagens foram tão bem construídos e boca a boca disseminou uma fama muito além do esperado que em pouco mais de um ano, Esquadrão Atari renascia para sua segunda, e sem nenhum eufemismo, espetacular fase.

A 1ª edição norte-americana do "novo" Esquadrão Atari

Vinte anos depois de o antigo Esquadrão Atari ter achado para a humanidade um novo lar, a chamada “Nova Terra”, Martin Champion vivia isolado em um satélite de onde ficava a enviar sondas para diversas partes do multiverso.
Até que num belo dia começa a receber sinais do que acredita ser uma grande ameaça. Um antigo inimigo do Esquadrão Atari que estaria de volta, o Destruidor Negro. E saindo de seu autoexílio, Martin tenta convencer a todos da ameaça, mas como já era de se esperar ninguém lhe dá ouvidos.
Convicto da ameaça que se aproximava, Martin Champion rouba a Scanner One e forma uma nova equipe, a fim de encontrar e deter o perigo antes que chegasse a Nova Terra.


Aqui preciso abrir um parêntese, pois é obvio que se você que está lendo este artigo, e nunca teve o prazer de travar contato com o Esquadrão Atari, mas é ligado em animação deve estar percebendo as semelhanças entre a premissa aqui citada, e a de Patrulha Estelar 2.
Mas é lógico que isto é apenas uma consideração deste escriba, e não há como saber se Gerry Conway - que ficou sozinho à frente da roteirização desta nova fase - teve ou não influência da saga do Yamato, contudo, isto em nada desmerece oque foi criado, pois oque vem depois disto é de explodir a mente.

José Luis Garcia Lopez na segunda fase se torna o único desenhista da HQ.

Sob o traço exclusivo do mestre José Luis Garcia Lopez - já que na primeira fase, cada edição teve um desenhista diferente - esta nova equipe era composta por Chris Champion, o filho de Martin, que era conhecido por Tormenta (Tempest no original) que era capaz de se teletransportar através do Multiverso; Dart, uma mercenária que vez ou outra era capaz de enxergar imagens de possíveis futuros; Bebê, um enorme alienígena filhote de uma raça que ao atingir a maturidade se transformava em montanhas; Morfea, uma empata de uma raça alienígena criada para não ter emoções; Paco Rato, um alienígena covarde mas que era o maior ladrão do universo, e que se pressionado liberava seu lado mais selvagem por assim dizer.

As duas equipes Atari 
Sendo que no decorrer da saga, eles recebem as adições de um pirata espacial chamado BlackJack que era amante de Dart; o baixinho Taz, que era o último sobrevivente de sua raça, isto lógico até dar a luz, pois sua raça se reproduzia por autogênese; e Kargg, o ex-braço direito do Destruidor Negro.
Destruidor Negro que posso dizer aqui sem medo de errar estar no meu “TOP 5”, talvez “Top 3” de vilões. Um antagonista brilhante em suas estratégias, mal em sua essência, e quando revela sua verdadeira identidade, afirmo a você que está lendo e nunca tenha batido os olhos em Esquadrão Atari, vai fazer seu cérebro parar de reagir por alguns momentos.

O Destruidor Negro - Um vilão brilhante

Fora isto, a saga ainda trás momentos pouco ou nunca vistos em HQ’s até então, já que na história de Conway, situações controversas ou cenas de sexo aconteciam sem o menor pudor, bem na linha de outra saga contemporânea, Camelot 3000.

As "relações intimas" de alguns personagens...


... e outros momentos, pouco comuns, se tornaram referencial

Isto tudo emoldurado pela arte já citada de José Garcia Lopez que aqui me arrisco dizer atingiu seu ápice. Com o artista simplesmente jogando para longe boa parte das convenções de se desenhar quadrinhos que haviam até então, e servindo de base para pelo menos 90% do que foi feito a partir dali.

A perspectiva de Garcia Lopez, quebrou a "demarcação" que havia para os quadrinhos

Contudo, esta pode ser considerada apenas a “primeira parte” da segunda fase, pois como todos bem sabemos os direitos de todos os personagens no fim das contas era da Atari, que informou a DC que iria romper a parceria, criando-se assim a chamada “segunda parte” da segunda fase, quando o roteiro passou para as mãos de Mike Baron, que justiça seja feita não é ruim, mas que talvez por força de saber que a coisa ia acabar não repetiu o mesmo grau de excelência de Conway, terminando a saga apenas com míseras vinte edições publicadas.




Aqui em nosso Brasil, Esquadrão Atari foi publicado no icônico “formatinho” da Editora Abril, com sua saga espalhada pelas revistas “Heróis em Ação” e a já resenhada aqui “Superamigos”, repetindo o sucesso de outros países, e se tornando mesmo hoje uma das mais populares epopeias de quadrinhos já criadas. E que serviu sim de inspiração direta para vários outros personagens e equipes criados posteriormente.

Esquadrão Atari, a base para várias Hq's que vieram depois

Mas infelizmente como já foi dito, os personagens não sendo de propriedade da DC Comics, ficaram apenas nas lembranças e garimpo pelos sebos da vida por um bom tempo. Só que isto começou a mudar em 2015, quando a Dynamite Enterteinment, uma editora que vem sendo responsável pelo resgate de alguns personagens antológicos, até mesmo da linha pulp como “O Sombra”, conseguiu os direitos de publicação da primeira versão do Esquadrão Atari.

Algumas das edições brasileiras das quais Esquadrão Atari foi capa.
E agora vem a surpresa, que lógico, não tenho confirmar de forma alguma, e aguardo tão ansiosamente quanto você que está lendo.
Existe a promessa que em 2019, chegará enfim as comic shops estadunidenses um encadernado, trazendo todas as edições de Esquadrão Atari.



Por isto, com os pulmões já inflando de esperança, fico aqui na torcida ao escrever estas últimas palavras, de que este sonho se concretize, e que alguma editora brasileira, ainda que aos preços que sabemos não serem para qualquer um, enxergue a multidão de fãs antigos que aguardam pelo dia do retorno dos Champions, Dart e companhia.


E de quebra mostre a toda uma nova geração, o quanto que determinados personagens hoje supervalorizados beberam desta fonte, tornando Esquadrão Atari um dos maiores marcos dos quadrinhos de todos os tempos.


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