terça-feira, 3 de julho de 2018

Batman - A Série Animada (parte 2)


Olá gente!
Na primeira parte sobre Batman-The Animated Series havíamos visto como a equipe que viraria o mundo das animações para tevê norte-americana foi formada, sua parte mais técnica, como foram trabalhados vários dos elementos que tornaram este seriado um marco da animação mundial, fora algumas pequenas “ousadias” que ele teve.
E agora é a hora de mostrar as maiores características que o tornaram tão icônico, suas influências e ramificações, então vamos lá!


Um dos fatores que mais ficam evidentes numa análise mais atenta de Batman TAS é como foram trabalhadas as personalidades de cada personagem, algo que já havia citado no artigo anterior. Mas não apenas isto, como também estes personagens interagiam entre si, e como os realizadores da série conseguiram distribuir o protagonismo destes personagens.
Com especial atenção as personalidades do protagonista, que com certa frequência entravam em rota de colisão.



E isto já se demonstra com bastante clareza logo no terceiro episódio, “Nada a Temer”, quando Bruce percebe que apenas as Empresas Wayne estarem bem, não seria capaz de fazer seu “eu” do dia estar de bem com seu “eu” da noite.
Algo que o Espantalho mesmo sem saber explora, fazendo Bruce encarar o mais íntimo de seus medos, ao mesmo tempo em que vemos a importância de Alfred na vida do herói. Pois quando este se indaga se o pai assassinado teria orgulho dele, o mordomo/pai/amigo/parceiro de combate ao crime responde: Tenho certeza que sim. Porque eu tenho orgulho.




E esta faceta humanizada do personagem passa a ser a tônica principal que norteia o personagem ao longo da maior parte da série, nos trazendo um Bruce/Batman que ainda que permaneça sendo o herói que conhecemos, passava longe de um justiceiro “mecanizado” em suas ações num trabalho praticamente irrepreensível de desconstrução da persona, mas jamais do mito e do que ele representa.
Exemplos? Vários. Mas rapidamente é possível citar três:
Os Esquecidos – Neste episódio, indigentes vem desaparecendo da região do porto de Gotham, e quando Bruce vai investigar o caso, acaba sendo acertado na cabeça e perde sua memória, num perfeito trabalho de desconstrução de sua infalibilidade, mas ao longo do capítulo mostrando que o coração também faz parte do justiceiro por baixo da capa.
Um Sonho Por Acaso – Este episódio é simplesmente uma versão para o Batman da clássica HQ de Allan Moore, “Para o Homem que tem Tudo” feita para o Superman. No episódio Bruce acorda e descobre que tudo que mais queria se tornou real. Seus pais estão vivos e ele está prestes a se casar com Selina Kyle. Porém, uma série de pistas passa a fazer ele crer que nada daquilo era real, empurrando-o para talvez a mais difícil de suas escolhas.

"Cuidado com o Fantasma Cinzento" - Episodio querido até pelos seus realizadores.

Cuidado com o Fantasma Cinzento – Este não tenho o menor pudor de confessar ser meu episódio preferido. E ao que parece o preferido de vários realizadores da série. 


Nele uma onda de crimes de um bandido que se auto denomina o Incendiário Maluco está acontecendo, e Bruce/Batman descobre que tais crimes estão sendo cometidos baseados num antigo seriado de televisão que ele assistia quando garoto, “O Fantasma Cinzento”, e para se antecipar ao criminoso Bruce precisa descobrir o fim de um episodio no qual ele havia dormido quando garoto e não tinha assistido. Para isto vai atrás de Simon Trent, o ator que fazia o personagem que se encontrava com a vida pessoal arruinada e vendia os últimos itens originais do seriado em seu poder para uma loja a fim de conseguir pagar o aluguel. Um episódio que mostra a importância que um aparentemente simples personagem de ficção pode às vezes ter sobre a vida de alguém.




Episódio icônico não apenas por isto, como por ter nosso eterno Adam West, o Batman dos 60, fazendo a voz de Simon Trent/Fantasma Cinzento, além de  ter o próprio Bruce Timm como a voz do Incendiário Maluco.

Adam West fez a voz de Simon Trent...

...e  Bruce Timm fez a voz do Incendiário Maluco - note a incrível semelhança (risos)

Um episódio tão bom que bem que seu personagem título poderia ter sido transposto para alguma HQ da DC Comics.
Oque aliás aconteceu para alguns outros.
Lógico que de imediato o exemplo que vem a mente é da Dra. Harlee Frances Quinn (seu nome original), a Arlequina. Personagem que foi criada inicialmente para suavizar o Coringa, mas que ao ganhar fama entre os fãs e ser transportada para os quadrinhos se tornou pivô de alguns dos momentos mais barra pesada do “Palhaço do Crime”.


E temos lógico o caso de Roland Dagget, o empresário/mafioso, que surgiu no episódio de origem da Mulher Gato e teve várias participações ao longo do seriado, sendo transportado para o cinema pelas mãos do diretor Christopher Nolan na última parte de sua “Dark Knight Trilogy”.

Roland Dagget

Mas de todos os personagens de Batman TAS que ganharam a oportunidade de serem transpostos para outra forma de mídia, nenhum rendeu tão bem quanto a sargento Renee Montoya. Por que?
Bem... No caso da Arlequina, já era planejado que ela fosse um elemento frequente dentro da própria série, e sua função em geral nunca foi lá muito mexida ainda que haja exceções nos quadrinhos nas quais ela atua até como uma heroína (se é que dá pra chamar assim).

Renee Montoya

Mas no caso de Montoya não. A sargento foi pensada para apenas aparecer no ótimo episódio “Assuntos Internos”, só que de pequena em pequena aparição acabou conquistando fãs cativos, inclusive no meio dos quadrinhos. E foi nas HQ’s que além conseguir uma “promoção” para o Departamento de Crimes Especiais da polícia de Gotham, sua homossexualidade se tornou pública, e ascendeu ao posto de Questão, sendo treinada pelo próprio Vic Sage, o Questão original. Mas tendo seu maior destaque sem dúvida na ótima HQ, “Gotham City Contra o Crime”. Com vários outros desdobramentos a cada autor que a abordava me atrevo a dizer ser um dos melhores personagens de quadrinhos dos últimos vinte ou trinta anos.



Mas como nem tudo são flores, ou acertos, claro que há em Batman TAS alguns ótimos personagens que infelizmente nunca receberam o reconhecimento devido. Já devidamente citado o caso de Simon Trent/Fantasma Cinzento, não posso deixar de mencionar dois espetaculares vilões absolutamente esquecidos.

Kyodai Ken

O primeiro é o ninja Kyodai Ken, um antigo rival de Bruce, que teve o mesmo mestre de artes marciais. E o segundo caso é a terrorista Garra Vermelha, uma personagem que poderia ser explorada de várias formas em diversas mídias, mas que se sabe lá por que cargas d’água caiu em esquecimento.

Garra Vermelha

Mas se este tivesse sido o único problema que pudesse citar na trajetória de Batman TAS, tudo estaria excelente. Só que em 1994, de acordo com que reza a lenda urbana, começaram as primeiras especulações dentro da equipe e da própria Warner de que aquele “universo” deveria ser ampliado fazendo o Batman começar a interagir com outros heróis do universo da DC oque acabou gerando discussões dentro da equipe.
Resumo da ópera? Frank Paur, um dos principais diretores do seriado, responsável por episódios importantes como a segunda parte do já citado “A Sombra do Morcego”, abandonou o barco levando consigo parte da equipe técnica, aportando na Disney, onde como já citei em artigo aqui no blog se tornou produtor de “Gárgulas”.


Oque acabou forçando que o seriado da Warner inclusive mudasse de nome, do mais conhecido e até hoje usado “The Animated Series” para “The Adventures of Batman and Robin”. E criando um embrolho comercial que fez apenas cinco de um total vinte episódios serem exibidos naquele ano.
Isto sem falar que dizem ter criado um imenso ranço em Bruce Timm, ainda mais quando “Uma Bala Para Bullock” um dos capítulos que já tinham sido dirigidos por Frank Paur foi premiado com um Emmy Award por melhor direção musical e composição.



E é obvio que a perda de parte de sua equipe técnica, ainda que boa parte das células de animação fosse feita no Japão, resultou num caracter design que ficou ainda mais caricato, oque muitas vezes contrastava de forma negativa com o teor das histórias que em linhas gerais conseguiu ainda manter um nível razoável.  Sendo que por fim ainda foi feita uma última temporada intitulada “The New Adventures of Batman”, que entre algumas características teve a transição de Dick Grayson de Robin para Asa Noturna, a introdução de Tim Drake como o novo Robin, e o ponto de discórdia da equipe e de partida para oque viria ser conhecido como o “DC Timmverse”, fazendo Batman interagir em dos episódios com Etrigan, o Demônio.


Até que em 31 de Outubro de 1998 com o episódio “Dia do Julgamento” se encerrava assim uma das mais importantes páginas da animação mundial. E que ainda ao longo de sua jornada rendeu quatro longas-metragens: A Máscara do Fantasma; Mr.Freeze -Abaixo de Zero; O Mistério da Batwoman, e O Retorno do Coringa, este último ligado a maior ousadia de Bruce Timm e sua equipe, o seriado Batman do Futuro (Batman Beyond no original).
Além de uma série de HQ’s chamada “Batman – Gotham Adventures”.


Mas tanto Batman do Futuro, como os longas, em especial A Máscara do Fantasma são capítulos totalmente a parte, que merecem uma atenção especial, que futuramente darei.

A Máscara do Fantasma

Pois como todos nós sabemos, o fim de Batman - A Série Animada, não foi um final, mas sim um começo.
E que começo...























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