sexta-feira, 4 de maio de 2018

O Legado Hanna-Barbera (parte 2)


Naves espaciais? Sim! Tiroteios? Sim!
Uma galeria de heróis de fazer inveja a Marvel e a DC? Sim!



Olá! Na primeira parte da história dos estúdios Hanna-Barbera, havia mostrado como William e Joseph passaram de funcionários da Metro-Goldwin Mayer até se tornarem os maiores produtores de conteúdo de animação para a tevê através de divertidos desenhos de baixo orçamento.
Porém, como havia citado no artigo sobre Jonny Quest, para os dois amigos oriundos do cinema, querer fazer algo mais elaborado, e oferecer um “algo a mais” sempre esteve nos planos. E assim em 1964 ia ao ar as aventuras de Jonny, Hadji, Dr.Benton Quest, Roger Banon e lógico Bandit.

Jonny Quest -  A "aventura romântica" que deu início a uma outra era na animação

E ainda que a animação possa até ter sido cancelada após a segunda temporada, a “semente da aventura” ali plantada iria germinar e na sua esteira viriam produções como Space Ghost, Herculoides, Galaxy Trio, Mightor, Homem-Pássaro, entre outras, que interessantemente usavam muita da trilha sonora incidental criada para Jonny Quest, isto sem falar que o caracter design super-realista preconizado pelo cartunista Doug Wildey permaneceu como padrão absoluto para todas as demais produções do estilo na Hanna-Barbera.

Space Ghost

Os Herculoides


Porém neste capítulo das animações de “ação e aventura” há dois pontos muito específicos para os quais é preciso abrir dois pequenos parênteses.



O primeiro se chama SEALAB 2020-Laboratório Submarino, mais uma obra a frente de seu tempo, que alinhava e misturava de forma ímpar o entretenimento com a função de educar. Aqui se entenda o termo educar da forma mais acadêmica possível, pois já na década de 1970, SEALAB 2020 vinha alertando para importância dos mares, e os riscos que aquele ecossistema negligenciado, agredido e pouco conhecido pelo homem tinha para todos, se passando num futuro que na época podia parecer muito distante, mas que hoje já bate nossa porta, demonstrando a face cruel que a animação tentava nos alertar décadas atrás.

Alguns dos esboços de Alex Toth para SEALAB 2020

E que foi a produção de HB que mais contou com o talento do cartunista Alex Toth, o criador de Space Ghost, que já trabalhava nas animações do estúdio desde Jonny Quest, mas que aqui foi o responsável mais direto pela composição visual do que víamos na tela.



E o segundo se chama Superamigos. Mas como assim Superamigos? Ok. Se você que está lendo isto é um aficionado por HQ’s provavelmente deve já estar ensaiando um riso, mas peço um minuto a mais de atenção e que leia o próximo parágrafo.
Paremos para pensar rapidamente numa coisa. Quantos de nós não fomos apresentados ao universo dos personagens da DC Comics através desta animação? 

As nove temporadas de Superamigos ajudaram a popularizar os personagens da DC Comics como jamais ocorreu

Sim, eu sei que antes havia os desenhos da produtora Filmation com personagens da DC Comics, e que nem era a primeira vez que os estúdios HB trabalhavam com personagens de quadrinhos já que em 1967 haviam realizado uma animação para o Quarteto Fantástico da Marvel.

O Quarteto Fantástico produzido por Hanna-Barbera em 1967

Mas é aqui em Superamigos, que mesmo em meio suas histórias pueris, na maioria de suas nove temporadas, não se pode negar foi onde a coisa tomou um vulto muito maior, influenciando inclusive as HQ’s com a fase da criação da Legião do Mal, e em sua última temporada tendo em seu elenco de artistas, gente que mais tarde viria a trabalhar em Batman The Animated Series como Alan Burnett, trazendo uma abordagem muito mais próxima das HQ’s que possibilitou, só pra citar um exemplo, mostrar pela primeira vez numa animação as mortes dos pais de Bruce Wayne.

A Legião do Mal - A temporada tinha como subtítulo "O Desafio dos Superamigos"

Isto sem mencionar os personagens criados diretamente por Hanna Barbera para animação, numa lista encabeçada por Zan e Jayna - os Super Gêmeos - e o macaco Glick (claramente inspirados em Jan e Jace de Space Ghost), e que é preciso salientar que décadas antes do discurso do politicamente correto já fazia a incorporação de heróis de todo tipo de etnia – Samurai, Vulcão Negro (a versão HB para o Raio Negro), El Dorado e Chefe Apache. Personagens tão marcantes que não fugiram de serem homenageados por Bruce Timm em novas versões na animação da Liga da Justiça.

Uma galeria de personagens originais se misturavam a outros criados para a animação

Sendo que ainda nesta conta dos personagens de HQ não podemos deixar de mencionar as versão  comédia do Coisa da Marvel que além de comédia era uma versão teen. Num tom de narrativa que os próprios Hanna e Barbera usaram em uma de suas criações, Falcão Azul e Dinamite o Bionicão.

Falcão Azul e Dinamite o Bionicão - O humor se misturava sem pudores aqui

Contudo, com a chegada da década de 1980, e a proliferação do conceito de desenhos diretamente ligados a brinquedos, a Hanna-Barbera foi aos poucos perdendo sua força e não mais possuíam a hegemonia quase absoluta de anos antes, ainda que tivessem na parceria com o estúdio de Joe Ruby e Ken Spears - dois ex-funcionários da casa, mas que mantiveram o vínculo com os ex-chefes - algumas boas “cartas na manga” como Thundarr O Bárbaro e Centurions.

Joe Ruby e Ken Spears
Em 1991 o milionário Ted Turner, dono do canal de notícias CNN, acabou por adquirir o controle acionário do estúdio. Porém, nem de longe na época passou pela cabeça de Turner dissolver a marca, e muito menos afastar seus criadores e Takamoto, que ainda se mantiveram por um bom tempo como consultores dentro da empresa, que como havia dito alguns artigos atrás, em 1993 lançou seu último seriado com o selo 100% Hanna-Barbera, a criação dos irmãos Tremblay, o “esquadrão radical” SWAT Kats.

SWAT Kats

Sendo que em 1996 aconteceu a grande fusão que gerou o conglomerado Time/Warner, e Turner compra por fim a totalidade dos direitos sobre o espólio de Hanna-Barbera, transformando o outrora poderoso estúdio de William e Joseph numa mera subsidiária, que se limitou ao longo dos anos seguintes a produção de poucas coisas, em sua maioria longas-metragens de Scooby-Doo.
Em 22 de março de 2001, William Hanna viria a falecer dormindo aos 90 anos.
E em 18 de dezembro de 2006, foi a vez de Joseph Barbera aos 95 anos, segundo relato da família de “causas naturais”.
Em 2005, Iwao Takamoto ganhou um prêmio Golden Award, por sua contribuição de mais de 50 anos para a arte da animação, vindo a falecer em 08 de janeiro de 2007 vitimado por uma parada cardíaca.


Porém, a história da animação nunca mais seria a mesma, e os estúdios Hanna-Barbera e seus mais de 600 personagens, sejam criados pelos seus fundadores ou por parceiros/colaboradores como Doug Wildey, Iwao Takamoto, Alex Toth, Joe Ruby, Ken Spears ou os irmãos Tremblay, já tinham deixado sua marca indelével na cultura pop.

A série de HQ's Future Quest vem ajudando a apresentar os personagens pára as novas geraçõe


Space Ghost e Lanterna Verde - HB encontra DC

Hoje sendo reinventados, como nas revistas em quadrinhos da linha Future Quest ou nos crossovers com personagens da DC Comics. Obras estas realizadas muitas vezes por artistas que seria muito difícil de pensar estarem aí, não fosse o processo de popularização feito por William Hanna e Joseph Barbera e sua incrível fábrica de sonhos.

Joseph Barbera e William Hanna os visonarios produtores que popularizaram a animação como nunca antes

E que com certeza ainda se perpetuarão por vários anos.


































3 comentários:

  1. Não conheço a maior parte das animações, apenas as mais antigas e demorei muito para entender porque chamavam um amigo meu de bionicão! Porém é sempre um prazer ler o que você publica.

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  2. Em 2020, no isolanento social. Recordando a infância... quem mais???

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