Naves
espaciais? Sim! Tiroteios? Sim!
Uma
galeria de heróis de fazer inveja a Marvel e a DC? Sim!
Olá!
Na primeira parte da história dos estúdios Hanna-Barbera, havia mostrado como
William e Joseph passaram de funcionários da Metro-Goldwin Mayer até se
tornarem os maiores produtores de conteúdo de animação para a tevê através de
divertidos desenhos de baixo orçamento.
Porém,
como havia citado no artigo sobre Jonny Quest, para os dois amigos oriundos do
cinema, querer fazer algo mais elaborado, e oferecer um “algo a mais” sempre
esteve nos planos. E assim em 1964 ia ao ar as aventuras de Jonny, Hadji,
Dr.Benton Quest, Roger Banon e lógico Bandit.
Jonny Quest - A "aventura romântica" que deu início a uma outra era na animação |
E
ainda que a animação possa até ter sido cancelada após a segunda temporada, a
“semente da aventura” ali plantada iria germinar e na sua esteira viriam
produções como Space Ghost, Herculoides, Galaxy Trio, Mightor, Homem-Pássaro,
entre outras, que interessantemente usavam muita da trilha sonora incidental
criada para Jonny Quest, isto sem falar que o caracter design super-realista preconizado pelo cartunista Doug
Wildey permaneceu como padrão absoluto para todas as demais produções do estilo
na Hanna-Barbera.
Space Ghost |
Os Herculoides |
Porém
neste capítulo das animações de “ação e aventura” há dois pontos muito
específicos para os quais é preciso abrir dois pequenos parênteses.
O
primeiro se chama SEALAB 2020-Laboratório Submarino, mais uma obra a frente de
seu tempo, que alinhava e misturava de forma ímpar o entretenimento com a
função de educar. Aqui se entenda o termo educar da forma mais acadêmica
possível, pois já na década de 1970, SEALAB 2020 vinha alertando para
importância dos mares, e os riscos que aquele ecossistema negligenciado,
agredido e pouco conhecido pelo homem tinha para todos, se passando num futuro
que na época podia parecer muito distante, mas que hoje já bate nossa porta,
demonstrando a face cruel que a animação tentava nos alertar décadas atrás.
Alguns dos esboços de Alex Toth para SEALAB 2020 |
E
que foi a produção de HB que mais contou com o talento do cartunista Alex Toth,
o criador de Space Ghost, que já trabalhava nas animações do estúdio desde
Jonny Quest, mas que aqui foi o responsável mais direto pela composição visual
do que víamos na tela.
E o
segundo se chama Superamigos. Mas como assim Superamigos? Ok. Se você que está
lendo isto é um aficionado por HQ’s provavelmente deve já estar ensaiando um
riso, mas peço um minuto a mais de atenção e que leia o próximo parágrafo.
Paremos
para pensar rapidamente numa coisa. Quantos de nós não fomos apresentados ao
universo dos personagens da DC Comics através desta animação?
As nove temporadas de Superamigos ajudaram a popularizar os personagens da DC Comics como jamais ocorreu |
Sim,
eu sei que antes havia os desenhos da produtora Filmation com personagens da DC
Comics, e que nem era a primeira vez que os estúdios HB trabalhavam com
personagens de quadrinhos já que em 1967 haviam realizado uma animação para o
Quarteto Fantástico da Marvel.
O Quarteto Fantástico produzido por Hanna-Barbera em 1967 |
Mas
é aqui em Superamigos, que mesmo em meio suas histórias pueris, na maioria de
suas nove temporadas, não se pode negar foi onde a coisa tomou um vulto muito
maior, influenciando inclusive as HQ’s com a fase da criação da Legião do Mal,
e em sua última temporada tendo em seu elenco de artistas, gente que mais tarde
viria a trabalhar em Batman The Animated Series como Alan Burnett, trazendo uma
abordagem muito mais próxima das HQ’s que possibilitou, só pra citar um
exemplo, mostrar pela primeira vez numa animação as mortes dos pais de Bruce
Wayne.
A Legião do Mal - A temporada tinha como subtítulo "O Desafio dos Superamigos" |
Isto
sem mencionar os personagens criados diretamente por Hanna Barbera para animação,
numa lista encabeçada por Zan e Jayna - os Super Gêmeos - e o macaco Glick
(claramente inspirados em Jan e Jace de Space Ghost), e que é preciso salientar
que décadas antes do discurso do politicamente correto já fazia a incorporação
de heróis de todo tipo de etnia – Samurai, Vulcão Negro (a versão HB para o
Raio Negro), El Dorado e Chefe Apache. Personagens tão marcantes que não fugiram
de serem homenageados por Bruce Timm em novas versões na animação da Liga da
Justiça.
Uma galeria de personagens originais se misturavam a outros criados para a animação |
Sendo
que ainda nesta conta dos personagens de HQ não podemos deixar de mencionar as
versão comédia do Coisa
da Marvel que além de comédia era uma versão teen. Num tom de narrativa que os próprios Hanna e Barbera usaram
em uma de suas criações, Falcão Azul e Dinamite o Bionicão.
Falcão Azul e Dinamite o Bionicão - O humor se misturava sem pudores aqui |
Contudo,
com a chegada da década de 1980, e a proliferação do conceito de desenhos
diretamente ligados a brinquedos, a Hanna-Barbera foi aos poucos perdendo sua
força e não mais possuíam a hegemonia quase absoluta de anos antes, ainda que
tivessem na parceria com o estúdio de Joe Ruby e Ken Spears - dois
ex-funcionários da casa, mas que mantiveram o vínculo com os ex-chefes -
algumas boas “cartas na manga” como Thundarr O Bárbaro e Centurions.
Joe Ruby e Ken Spears |
Em
1991 o milionário Ted Turner, dono do canal de notícias CNN, acabou por
adquirir o controle acionário do estúdio. Porém, nem de longe na época passou
pela cabeça de Turner dissolver a marca, e muito menos afastar seus criadores e
Takamoto, que ainda se mantiveram por um bom tempo como consultores dentro da
empresa, que como havia dito alguns artigos atrás, em 1993 lançou seu último
seriado com o selo 100% Hanna-Barbera, a criação dos irmãos Tremblay, o
“esquadrão radical” SWAT Kats.
SWAT Kats |
Sendo
que em 1996 aconteceu a grande fusão que gerou o conglomerado Time/Warner, e
Turner compra por fim a totalidade dos direitos sobre o espólio de Hanna-Barbera,
transformando o outrora poderoso estúdio de William e Joseph numa mera
subsidiária, que se limitou ao longo dos anos seguintes a produção de poucas
coisas, em sua maioria longas-metragens de Scooby-Doo.
Em
22 de março de 2001, William Hanna viria a falecer dormindo aos 90 anos.
E
em 18 de dezembro de 2006, foi a vez de Joseph Barbera aos 95 anos, segundo
relato da família de “causas naturais”.
Em
2005, Iwao Takamoto ganhou um prêmio Golden Award, por sua contribuição de mais
de 50 anos para a arte da animação, vindo a falecer em 08 de janeiro de 2007
vitimado por uma parada cardíaca.
Porém,
a história da animação nunca mais seria a mesma, e os estúdios Hanna-Barbera e
seus mais de 600 personagens, sejam criados pelos seus fundadores ou por
parceiros/colaboradores como Doug Wildey, Iwao Takamoto, Alex Toth, Joe Ruby, Ken
Spears ou os irmãos Tremblay, já tinham deixado sua marca indelével na cultura
pop.
A série de HQ's Future Quest vem ajudando a apresentar os personagens pára as novas geraçõe |
Space Ghost e Lanterna Verde - HB encontra DC |
Hoje
sendo reinventados, como nas revistas em quadrinhos da linha Future Quest ou
nos crossovers com personagens da DC Comics. Obras estas realizadas muitas
vezes por artistas que seria muito difícil de pensar estarem aí, não fosse o processo
de popularização feito por William Hanna e Joseph Barbera e sua incrível
fábrica de sonhos.
Joseph Barbera e William Hanna os visonarios produtores que popularizaram a animação como nunca antes |
E
que com certeza ainda se perpetuarão por vários anos.
Não conheço a maior parte das animações, apenas as mais antigas e demorei muito para entender porque chamavam um amigo meu de bionicão! Porém é sempre um prazer ler o que você publica.
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirEm 2020, no isolanento social. Recordando a infância... quem mais???
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