Do
Parque de JellyStone até aventuras num Laboratório Submarino. Da idade da pedra
até um futuro de prédios flutuantes. De aventuras de espionagem em algum país
exótico até os céus de Mega KatCity.
Bem,
depois desta apresentação, nem é preciso ser Shazzan, o gênio, para saber que
hoje venho falar da incrível fábrica de sonhos conhecida por... Estúdios Hanna
Barbera.
O
ano era 1937, quando um engenheiro chamado William Hanna conheceu um banqueiro
chamado Joseph Barbera, e deste improvável encontro foi cunhado um sonho que tinham
de trabalhar com o até então pouco explorado, mas cheio de possibilidades,
cinema de animação.
Algo
com o qual ambos já haviam tido pequenas experiências, mas que nem de longe
seria comparável ao que os dois iriam construir ao longo de mais de seis
décadas de amizade e parceria profissional.
William Hanna e Joseph junto a suas primeiras criações Tom e Jerry |
Já
em 1939 trabalhavam juntos para os estúdios da Metro Goldwin Mayer, contudo,
devido a uma certa relutância na época do estúdio, Bill Hanna e Joe Barbera
resolveram mandar alguns desenhos em 1940 para a apreciação de ninguém menos
que Walt Disney, que prometeu contratá-los para seu casting de artistas... Prometeu... Mas não cumpriu.
Contudo,
tal atitude parece ter feito o pessoal do “leão” da Metro se decidir, e ainda
em 1940 chegava as telas “Puss Get the Boot”, a estreia daquela que talvez seja
a dupla mais icônica da animação, Tom & Jerry.
A
forma fluida como a animação surgia aos olhos e seu tom de humor fez um sucesso
tão absurdo, conquistando crianças e adultos, e tamanho foi seu impacto, que
foi indicado simplesmente a 22 Oscars, dos quais levou sete para casa, feito
este jamais igualado por qualquer outra obra de animação até hoje, elevando Tom
e Jerry a condição de astros de primeira grandeza.
Bill e Joe junto aos seus sete Oscars ganhos por "Puss Get the Boot" |
Fazendo
Jerry participar de uma antológica cena com Gene Kelly em “Marujos do Amor”, e
junto com Tom fazerem uma participação em “Salve a Campeã” com Esther Williams.
Tornando Hanna e Barbera percursores da junção de personagens de animação com
atores vivos.
Jerry junto com Gene Kelly e ao lado com Tom junto a Esther Willians |
Sendo
que nesta época Bill e Joe já não mais diretamente trabalhavam para Metro
Goldwin Mayer, fundando seu próprio estúdio de animação em 1944, ainda que a
Metro injetasse parte dos recursos de produção.
Contudo,
com a chegada da televisão na década de 1950, e o esvaziamento dos
financiamentos para as animações para cinema, Hanna e Barbera viram que
precisavam se adaptar, e é aqui no momento de crise que os dois amigos começam
a de fato cunhar seus nomes no imaginário popular, e em 1957 chegava às telas a
primeira produção 100% com o selo da produtora, Jambo e Ruivão, sendo seguido por Dom Pixote.
Jambo e Ruivão - A dupla abriu as portas da tevê para Hanna-Barbera |
Animações
de baixo custo, já que não tinham mais o apoio direto de um grande estúdio e
que também eram feitas desta forma para facilitar a vida dos seus poucos
profissionais na época (como não se lembrar dos cenários que se repetiam ad eternum toda vez que um personagem
precisava correr, por exemplo?), para que conseguissem atender a demanda do
novo veículo de mídia, que exigia uma agilidade de entrega muito maior. Todos
desenhos de curta duração – em torno dos cinco minutos cada episódio – mas que
viraram marca registrada desta primeira fase da produtora. Fazendo ainda parte
desta época clássicos como: Zé Colmeia; Chuvisco, Plic e Ploc; Olho Vivo e Faro
Fino; Leão da Montanha; e Bibo Pai e Bob Fillho.
Cenários de fundo que se repetiam eram um dos recursos usados para baratear os custos e agilizar a produção |
Até
que em 1960, o mundo é apresentado àquela que se tornaria a família mais famosa
da telinha em todos os tempos, e em horário nobre começava a ser exibido Os
Flintstones. As aventuras e desventuras de uma família de classe média baixa
que vivia na Idade da Pedra, e que a princípio foi pensada como uma “atração
adulta” (bom lembrar que nos intervalos os personagens apareciam inclusive em
comerciais de cigarros), de forma relâmpago se tornou um sucesso inacreditável,
pois tanto conseguia agradar a audiência jovem com seus momentos
verdadeiramente engraçados, como a audiência mais velha que enxergava ali
aquela que talvez tenha sido a primeira grande crônica da sociedade
norte-americana moderna da história.
As famílias de Hanna-Barbera: Os Flintstones, Os Jetsons, O Muzzarelas e Os Tremendões |
E lógico que todo este sucesso gerou versões que foram se sucedendo ao longo dos anos: Os Jetsons (a família do futuro), Os Muzzarelas (a família da época do Império Romano), e nesta conta pessoalmente ainda insiro Os Tremendões (uma família dos tempos atuais, mas cujos protagonistas neste caso ao invés de “trabalhadores normais” eram jogadores de um time de futebol americano).
Porém,
o sucesso de Fred Flintstone e companhia, e o crescimento quase que monopólico
de Hanna-Barbera no setor de animações para tevê começava a demonstrar que as
coisas ficavam grandes demais para os dois amigos administrarem totalmente
sozinhos.
E eis
que a ajuda que precisavam veio do outro lado mundo, mas precisamente do Japão
ou quase. Mas calma! Se por um acaso você está pensando que Joe e Bill já naquela
resolveram terceirizar sua mão de obra devo dizer que não foi exatamente assim
(risos).
Oriundo
dos estúdios Disney, nos quais havia trabalhado como animador em produções como
Cinderela, A Bela Adormecida, e A Dama e o Vagabundo, chegava em 1961 a Hanna-Barbera,
Iwao Takamoto.
Iwao Takamoto e um de seus primeiros esboços para Scooby Doo |
E foi
na empresa de Joe e Bill, onde o filho de japoneses - prisioneiro durante a 2ª
Guerra no Campo de Manzanar - foi ocupando vários postos, criando uma série de
personagens, sendo o primeiro deles nada menos que Scooby Doo. Sooby Doo que
acabou gerando mais uma onda de variações dentro das produções Hanna-Barbera, a
dos grupos de jovens sempre acompanhados de algum bicho, que em geral se
envolviam em alguma espécie de mistério, e nesta linha pode-se citar: Goober e
os Caçadores de Fantasmas, Clue Club e Tutubarão.
Takamoto
também veio a participar diretamente da criação de tantos outros como Astor, o
cão dos Jetsons; Penelope Charmosa; Mutley do Esquadrão Abutre; e alguns
personagens secundários dos Flintstones.
Se
tornando em pouco tempo produtor e depois vice-presidente de criação, responsável
direto também por várias campanhas de marketing, formando com William e Joseph
uma tríade de mentes pensantes que arriscar-me-ia aqui dizer, que se não fosse
a já famosa marca de seus criadores, poderia ter inclusive mudado o nome da
empresa, tamanha era a sinergia entre o oriental e os dois fundadores do
estúdio.
Iwao Takamoto, Joseph Barbera e William Hanna aqui sendo eternizados pelo traço de Fred Flintstone |
Mas
como nós sabemos William e Joseph não se limitaram apenas a fazer as pessoas
rirem, e em 1964, como já fiz artigo aqui, partiram para sua mais ousada
empreitada, Jonny Quest.
Mas
esta outra faceta das animações HB vou deixar para a segunda parte da saga
destes empreendedores e como criaram toda uma legião de heróis que marcaram gerações.
Até lá.
Maravilhoso relembrar todos eles...parabéns José Carlos Sandor...aguardando a parte dois.
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