segunda-feira, 5 de março de 2018

O Fantástico Mundo de Irwin Allen - O Mestre do Desastre (parte1)

Viagens espaciais errantes, voos que não vão parar onde deveriam, os mistérios das profundezes do oceano, projetos militares secretos. Isto tudo lhe fez pensar em algum filme ou seriado que recente você tenha assistido?
Calma, espere. E navios virando de cabeça para baixo, prédios em chamas, vulcões explodindo parecendo o fim do mundo, insetos em fúria. Isto te fez pensar em mais alguma coisa?
Parece muito para ter saído da cabeça de uma pessoa só?

Não se esta pessoa em questão tenha sido Irwin Allen.



Roteirista, produtor e diretor, Irwin Allen nasceu em 12 de junho de 1913 em Nova York, e após se formar em jornalismo trabalhou por 11 anos em rádio, mas aquele mundo era muito pequeno para o jovem de mente inquieta que durante este período foi aproveitando para se familiarizar com outras mídias, como o cinema e uma quase desconhecida para época televisão.


Até que em 1953, Allen surpreende meio mundo ao vencer o Oscar de melhor documentário com o filme O Mar Que Nos Cerca (Sea Around Us), mar que em pouco tempo seria um personagem importante em sua carreira.
E eis que em 1960 a Fox decidida a investir no filão dos filmes de ficção científica e fantasia fantástica, abre as portas para Irwin Allen, que naquele mesmo ano lança sua versão para O Mundo Perdido, a famosa obra de Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, na qual além de dirigir, dividiu a produção com Cliff Reid e o roteiro com Charles Benett.

Cartaz de O Mundo Perdido - Produzido, dirigido e roteirizado por Irwin Allen

E com o êxito desta primeira empreitada nos dois anos seguintes fez mais dois filmes.

Viagem ao Fundo do Mar - O filme se tornaria o maior referencial da carreira de Allen.

Viagem ao Fundo do Mar foi o primeiro em 1961, uma espécie de versão de Allen para o clássico de Julio Verne, 20 Mil Léguas Submarinas, mas assim como sua obra inspiradora bem à frente de seu tempo, pois simplesmente abordava naquela época o hoje conhecido por todos “Efeito Estufa”, ainda que sob o prisma fantástico e catastrófico de um meteoro que atinge nosso planeta e faz a temperatura se elevar. Aliás, catástrofe que seria uma característica marcante de sua carreira. E que a título de curiosidade tinha em seu elenco Barbara Eden, a eterna Jeanie de Jeanie É um Gênio.


Irwin Allen no cenário do interior do Sea View

Mas isto era só o começo.

Cartas promocional de Cinco Semanas Num Balão

E por falar em Julio Verne, talvez vendo a inspiração nítida que a obra do escritor tinha sobre Irwin, a Fox no ano seguinte, o incumbiu de dirigir uma versão cinematográfica do clássico, Cinco Semanas Num Balão.
Porém, aquilo de ficar refazendo a obra de outros autores parecia ser muito pouco para Allen, que naquele momento via na televisão o grande território a ser explorado.
E depois de quase dois anos de preparação, no começo do outono estadunidense de 1964 ia ao ar, Viagem ao Fundo do Mar - a série.

O Sea View lançando o Subvoador, uma mistura de submarino com avião

Trazendo um elenco totalmente diferente do filme, com a exceção do ator Del Monroe que permaneceu no papel do icônico Kowalski, o seriado que mostrava a aventuras e desventuras da tripulação do Sea View, o submarino mais avançado do mundo, logo caiu no gosto popular, misturando toda sorte de elementos realistas aos fantásticos, algo muito parecido com oque estava sendo feito na mesma época pelos estúdios Hanna Barbera com a clássica animação Jonny Quest, e ainda era vanguardista ao abordar assuntos como ecologia e até o perigo da automatização excessiva que geraria máquinas descontroladas.

A tripulação do SeaView - Destes apenas o icônico Kowalski teve o mesmo interpréte no filme e na série

O caminho estava mais que aberto.
E já em 1965 chegava às telinhas, aquele que se tornaria o maior êxito comercial de Irwin Allen, Perdidos no Espaço. Tendo o tema de abertura composto por ninguém menos que o maestro John Williams, a série trazia as aventuras da família Robinson, que no então longínquo ano de 1997, parte na nave Jupiter 2 em busca de outro planeta com as mesmas condições da Terra, para salvar a humanidade de um mal criado por ela mesma, a superpopulação. 


Outra situação abordada por Allen bem antes de sua discussão entrar na moda. Mas como bem sabemos, o Dr. Zachary Smith sabota o robô que acompanhava a missão, e acaba colocando a todos como título diz, perdidos no espaço.

O elenco de Perdidos no Espaço

Contudo, a máquina de sonhos, estava muito longe de parar, e em 1966 chega Túnel do Tempo. A história de um projeto secreto do governo desenvolvido numa base no meio do deserto, para possibilitar viagens no tempo, cujos seus principais responsáveis, os cientistas Tony Newman e Douglas Philips ao saberem que o projeto sofreria corte de verbas resolvem fazer de si mesmos cobaias e vão parar justamente no Titanic. Só que com o equipamento defeituoso, no momento fatídico do naufrágio, até são salvos pela equipe que ficou “do outro lado” do túnel, mas acabam nesta ação perdidos no contínuo do espaço/tempo, a cada episódio indo parar numa época e lugar diferentes, na tentativa de voltar para casa. Contudo, este seriado acabou tendo apenas uma única temporada com apenas 30 episódios produzidos entre 1966 e 1967.

O elenco de Túnel do Tempo - O seriado durou apenas 30 episódios.

Mas nada que viesse a abalar Irwin Allen, que em setembro de 1968 lança Terra de Gigantes, o quarto de seus “grandes seriados”. Nele uma nova nave espacial, algo como um avião hipersônico, que fazia um voo comercial entre Nova York e Londres acaba se perdendo ao passar por dentro de uma nuvem estranha, indo parar num lugar idêntico a Terra, mas onde as pessoas e tudo mais eram gigantescos e os protagonistas não passavam de seres minúsculos do tamanho de um bonequinho de GI Joe. E quem assistia ficava sem saber ao certo se eles estavam em outro planeta, se tinham encolhido ao passar pela tal nuvem, ou sei lá oque.

Terra de Gigantes - O seriado de tevê mais caro produzido até então.

Um seriado extremamente caro para época, pois todos os cenários em tamanho gigante eram replicados a perfeição do original, oque apesar do sucesso comercial, encurtou a vida de Terra de Gigantes para apenas duas temporadas.

O mais inofensivo dos seres se tornava uma imensa ameaça.

Irwin Allen ainda voltaria à produção de seriados em 1975, com A Família Robinson. Série que recontava a história do romance The Swiss Family Robinson de uma família de náufragos no século XIX, que por coincidência (ou não) tinha o mesmo nome da família de Perdidos no Espaço. Mas o seriado produzido pelos estúdios Disney, que hoje só é lembrado por ter sido um dos primeiros trabalhos da então iniciante atriz Helen Hunt, nem de longe teve a mesma expressividade das clássicas séries fantásticas de Allen que naquele momento estava mais ocupado com outros projetos.

Helen Hunt, ainda iniciante em A Família Robinson

Aqueles projetos que lhe dariam o apelido de Mestre do Desastre.
Mas que sobre os quais deixarei para abordar na segunda parte da história deste que pode ser considerado quase que um prólogo de Steven Spielberg, Ou seria J.J Abrams? Ou James Cameron?
Achou exagerado? Então aguarde até a segunda parte. Até lá!





















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