Já
fazia tempo que pensava em escrever este artigo sobre um dos melhores animes, do
final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, a era dourada da animação japonesa.
Contudo,
a pauta aqui do blog sempre mudava em razão de algum outro tema. Mas agora
diante da chegada aos cinemas do filme do Besouro Azul, personagem da DC
Comics, e algumas opiniões sem noção que passaram a permear a web com referências estafúrdias, percebi
que a hora tinha chegado.
Bio
Booster Armor Guyver, ou apenas Guyver, surgiu em 1985 nas páginas da revista
Monthly Shõnen Captain, escrito e ilustrado por Yoshiki Takaya.
Já no
ano seguinte, Guyver ganhou sua primeira adaptação no OVA “Guyver – Out of
Control”, mostrando um enredo levemente baseado no primeiro volume do mangá.
Mas
foi apenas em 1989, em sua segunda versão fora de sua mídia original, que
Guyver começou a ser de fato conhecido e reconhecido além do arquipélago nipônico.
Os Guyvers,
três dispositivos simbióticos biomecânicos de possível procedência alienígena, estavam
sendo usados por uma corporação chamada Cronos para criar uma classe de
super-soldados mutantes (vou usar esta expressão na falta de melhor, já que o
termo kaiju talvez não se aplique tão
bem aqui).
Tais
seres mutantes, alguns com características que lembravam animais, eram
conhecidos como Zoanoides.
Só
que uma das cobaias humanas da Cronos foge com as três unidades Guyver, sendo
logicamente perseguido pelos soldados da Cronos, que o encontram numa floresta,
onde ocorre um embate no qual após uma explosão, uma das unidades acaba voando
longe e por fim se fundindo ao jovem Sho Fukamachi,o protagonista da trama.
Aluno
do segundo ano do ensino médio do colégio Narisawa, órfão de mãe, apaixonado
por Mizuki Segawa, irmã mais nova de seu melhor amigo, Tetsuro.
E
que mesmo a contragosto, acaba se tornando a versão mais badass que um herói japonês já foi. Se vendo obrigado não apenas a
conviver como hospedeiro do Guyver, mas precisando aprender como usá-lo.
Já
que a Cronos, logicamente vem atrás dele e de seus amigos, e fazendo de tudo
para recuperar o Guyver.
Mas
e os outros dois Guyvers?
O
segundo acaba sendo recuperado pela Cronos, e se funde a Oswald Lisker, um
agente vaidoso, que assume a tarefa de recuperar a unidade que estava com Sho.
Enquanto
que o terceiro Guyver acaba se fundindo a Agito Makisihima, um aluno do
terceiro ano, do mesmo colégio de Sho, e que a grosso modo, conforme a trama
avança podemos considerá-lo como o anti-herói da trama.
Ainda
que repleto de clichês, ou talvez justamente por causa deles, Bio Booster Armor
Guyver, como você deve ter percebido nos parágrafos acima, a princípio não seria
para constituir algo surpreendente.
Entretanto,
a forma como dispõe seus elementos ao longo de seus doze episódios, sempre
procurando se pautar pela perspectiva de uma estória de terror, prende a
atenção do espectador.
Ao
mesmo tempo que vai jogando na cara (ao menos para os mais atentos) referências
a outras obras de ficção nipônicas.
É impossível
não lembrar por exemplo da arma de movimento de ondas da nave Andrômeda, em
Patrulha Estelar 2 O Cometa Império, quando Sho/ Guyver I, abre o próprio peito
da bio-armadura para disparar poderosas rajadas de energia.
Fora
isto, não se pode deixar de ressaltar que ainda que possua, como é de praxe nas
animações nipônicas de ação, suas doses de gore,
tais cenas estão aqui em função da trama, e não vice-versa como em tantos
outros animes por aí.
Inclusive
tendo sido um pouco amenizadas em relação ao OVA de 1986, que possui até uma
cena um tanto, digamos, “para maiores”, quando uma personagem feminina ativa
uma das armaduras.
E a
boa recepção a Guyver em terras de Tio Sam foi tão imediata, que de pronto,
produtores espertinhos adquiriram os direitos para um live action, e em 1991 (eita rapidez!) chegava as telas “The Guyver”.
O
filme até que tenta adaptar o enredo original, mas capota num amadorismo
tremendo, em especial nas representações do Guyver, e principalmente dos
Zoanoides, que são seres que chegam a três metros de altura, mas que aqui nem
entrariam para um time estadunidense de basquete.
E
não, não estou tecendo estes comentários por ser um filme B, feito a partir de
um orçamento minúsculo de apenas 3 milhões de dólares, pois quando o filme
cumpre com o que se propõe, mesmo que envolto em cenas fajutas, isto é o que de
fato importa.
O
problema é que aqui nitidamente quiseram transmutar um episódio de um seriado
de tokusatsu esticado em 88 minutos em
obra de ponta da ficção científica e a coisa não deu certo.
E
se por acaso duvida disto, e nunca tenha encarado esta pérola, cheia das boas
intenções, mas sem nenhuma noção, só digo que Mark Hamill, nosso eterno Luke
Skywalker, está neste filme. O que talvez explique para onde tenha ido boa
parte do orçamento do filme.
Mas
calma, pois acredite ou não, o filme acabou ganhando uma sequência em 1994,
chamada “Guyver The Dark Hero”, e que por incrível que pareça, é sim uma
produção um pouco mais bem cuidada que o primeiro filme.
Ao
menos aqui o diretor Steve Wang, que no primeiro filme era apenas codiretor,
soube usar de perspectivas de câmera em algumas cenas que nos fazem crer que as
criaturas que estão lutando têm uma estatura maior que uma pessoa mediana.
Fora
que ter o próprio Yoshiki Takaya como roteirista ajudou bastante a criar a
atmosfera de filme de terror tão presente na obra, e que foi sumariamente
renegada no primeiro filme.
Mas
a saga de nosso herói biomecânico simbionte não poderia terminar assim, e em
2005 chega “Guyver - Bio Booster Armor”.
Sim,
você não leu errado, pegaram o nome original e trocaram as palavras de posição
para este remake, que tinha como
objetivo fazer uma adaptação mais fiel do mangá, assim como mais completa, já que a primeira série que terminou em 1992 só adaptava os quatro primeiros volumes
da obra, enquanto este vai até o décimo volume.
Então,
se você está atrás de um herói que não quer ser herói, mas precisa ser, servindo
de hospedeiro para um ser estranho, e que ao se fundirem, tornam-se uma supermáquina
de combate, Bio Booster Armor Guyver pode ser uma excelente escolha.
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