quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Revista Superamigos


Houve um tempo, perdido nas brechas da memória, onde revistas de histórias em quadrinhos não gozavam do mesmo status quo (até pela força de outras mídias que impulsionam e a grana envolvida) que possuem hoje. Um tempo para se bater de frente com professores de português, e no qual defender personagens de HQ’s era passaporte certo para rotulações (ainda que isto não deixe de ocorrer nos dias de hoje).
Estamos falando aqui de meados dos anos 1980... E da revista “Superamigos”.





Olá! Quando alguns meses atrás escrevi o primeiro artigo sobre a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan o iniciei citando como tive meu primeiro contato com o “Cavaleiro de Gotham” pela primeira vez nos quadrinhos, mas a grande verdade é que não foi apenas com o “morcegão” com o qual travei meu primeiro contato “quadrinístico” com a revistinha mix da Editora Abril.
Apesar de já ter tido uma revista com o mesmo nome que durou de 1975 até 1982 editada pela Ebal, neste período suas histórias nada mais eram que versões do famoso desenho animado dos estúdios Hanna-Barbera, e lógico, suas histórias replicavam a mesma atmosfera.

A Superamigos publicada pela Ebal

Mas em 1985 seguindo os passos que fazia com os personagens da Marvel na revista “Heróis da TV”, a Abril que havia cancelado sua outra revista mix, a “Heróis em Ação”, resolveu reutilizar o título que lógico era um baita chamariz.





E em maio daquele ano chegava às bancas a nova revista “Superamigos”. E metendo logo o pé na porta com as partes 7 e 8 da divisoras de águas Camelot 3000 que já resenhei aqui, além do Guerreiro de Mike Grell, os Novos Titãs de Marv Wolfman com a arte de George Perez, e lógico aquela pequena encheção de linguiça com a Supergirl (Pré-Crise) pra arredondar a edição.

Travis Morgam, o Guerreiro

E que se iniciou ali, por uma série de fatores foi, ainda que razoavelmente curta (1985 à 1988), a era de maior popularização da DC Comics em “Terra Brasilis”, amalgamando a maior parte da fanbase que  a casa de Superman e Batman tem até hoje. Mas que em momento algum ficou precisando se escorar em seus dois maiores “garotos propagandas”.

Black Jack e Dart - Esquadrão Atari
Devido a grande defasagem de tempo (em alguns casos mais de uma década), que algumas HQ’s demoravam para serem lançadas por aqui, e que poderia ser o ponto negativo para tal tipo de publicação, acabou por ser tornar aquilo que mais ajudou na criação de sua lenda.
Parece exagero? É parece um pouco...
Mas basta se passar uma rápida vista por suas edições, principalmente as do seu um ano e meio iniciais para se perceber que a maior parte das sagas que deram a fama real da DC Comics teve ao menos algum capítulo publicado em “Superamigos”.

Oliver descobre que Roy Harper era um viciado
A já citada “Camelot 3000” de Mike W Barr em seus momentos finais, “Esquadrão Atari” de Gerry Conway com arte do mestre José-Garcia Lopez, a saga “Lanterna e Arqueiro Verde” de Dennis ONeil que teve seu momento mais marcante - o da revelação que Roy Harper era viciado em heroína  -, fora o também já citado “Guerreiro” de Mike Grell. E isto sem falar na atemporal e sempre lembrada saga “Crise nas Infinitas Terras”.

Páginas originais do Batman de Englehart publicadas aqui em "Superamigos"
Além disto tínhamos algumas das fases mais importantes que já foram escritas para alguns personagens em suas páginas, como o citado “Novos Titãs” de Wolfman, o “Batman” de Steve Englehart, “Arqueiro Verde” também de Mike W Barr.
Fora algumas pérolas como Dennis ONeil escrevendo para a “Mulher Maravilha”, ou Marv Wolfman para “Lanterna Verde”.




Além disto, este tipo de publicação desempenhou um fator muito importante, pois para uma criança ter grana para adquirir de forma separada cada edição de cada personagem, seria algo viável para pouquíssimos, mesmo se levando em consideração o barateamento de sua execução através de papel de qualidade inferior e o próprio formato, e sim, não apenas atuou em nosso país de economia quase sempre combalida, para a popularização deste tipo de mídia, como para formação de leitores. 


Afinal não dá para negar que muitos só se tornaram leitores de livros a partir do ponto de partida de histórias em quadrinhos como as citadas, de real teor crítico e numa época na qual os artistas ainda possuíam certa liberdade, que hoje em dia é quase inexistente já que as empresas muito se baseiam das opiniões que colhem em meio às famigeradas redes sociais.


E ainda que hoje num rápido vasculhar por estas mesmas redes seja fácil colher opiniões das mais diversas que tentam denegrir a importância até mesmo histórica de tal publicação, usando de argumentos como a corte de algumas cenas, ou pior, a simples questão de seu formato, não há como negar quer mesmo não se dando conta naqueles tempos, os contemporâneos de “Superamigos” se tornaram privilegiados, testemunhas da história... e sim, este foi artigo mais nostálgico do blog até hoje.
















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