Desde que o cinema
entrou na chamada “Era dos Heróis”, que o carro chefe dos grandes estúdios, em
especial Disney (dona da Marvel) e Warner (dona da DC), tem sido a busca das
bilheterias através de seu portfólio de super-heróis.
O que obviamente gerou
um “overbooking”, digamos assim, de produções que na maioria dos casos passa
muito longe de clássicos como a trilogia do Homem Aranha de Sam Raimi, ou do
Batman de Christopher Nolan.
Contudo, o mundo dos
quadrinhos sempre foi uma fonte fértil ideias para o cinema, e não
necessariamente com personagens em roupas coloridas e poderes inverossímeis.
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Portanto, convido você
que está lendo a embarcar numa rápida viagem por produções que talvez até já
saiba que vieram de HQ’s, mas que nem lembrava, e talvez até por alguma que nunca
imaginou que pudesse ter saído do mundo dos quadrinhos.
A Liga Extraordinária:
Mesmo que seu autor, Alan
Moore, tenha torcido o nariz (coisa que aliás faz muito), para esta adaptação
da talvez melhor obra de sua carreira, a versão cinematográfica de sua “Liga da
Justiça” com personagens clássicos da literatura é um bom filme, que
infelizmente sofreu, não apenas pela rabugice de Moore que parece não entender
que o cinema é uma outra mídia, como pela parcialidade conveniente de uma
parcela de público.
Num filme com
pouquíssimos “erros” (sim, coloquei aspas aí) de adaptação, e que apenas pecou
talvez por não manter a soturnidade da obra de Moore, ainda que possamos
entender perfeitamente já que a intenção era atrair mais público.
RED - Aposentados e
Perigosos:
Devido as desventuras e
falta coordenação em sua tentativa de um universo de super-heróis a DC Comics
foi nos últimos anos motivo das mais diferentes piadas.
Mas em 2010, sem que
muita gente notasse para o selo da editora nos créditos, um mega elenco se
reuniu para dar vida a uma pérola do exagero que muito bem poderia ter sido
dirigida por Mark L. Lester (Comando Para Matar).
Sin City - A Cidade do
Pecado:
Frank Miller é um dos
maiores picaretas dos quadrinhos de todos os tempos, com obras pensadas
milimetricamente para agradar parcelas de público que ele detesta, ou pelo
menos diz detestar.
Mas não quer dizer que
Mr.Miller apenas apele. E apesar de sua relação com o cinema em geral ter nos
dado verdadeiras bombas como Robocop 2, não é que aqui tanto a HQ quanto sua
super estilizada versão cinematográfica conseguiram funcionar?
Muito talvez mais pela
mão do diretor Robert Rodriguez que pela presença de seu autor que também é
creditado na direção.
Crying Freeman:
Antes que alguém venha
dizer bobagem, eu quero reiterar que o título deste artigo é sobre
“quadrinhos”, independentemente de sua procedência, nomenclatura específica ou
pretensa singularidade que a famigerada fanbase queira dar.
Explicado isto, quero
dizer que esta até hoje, na modesta opinião deste humilde escriba, a criação de
Kazuo Koike, a melhor adaptação de um mangá e/ou anime já feita.
O filme que aqui no
Brasil ganhou o título de “As Lágrimas do Guerreiro” mudou a vida de seu
protagonista, como explicado no artigo “As Mil Faces de Mark Dacascos - O Rei das Locadoras”. Que apenas causa certa estranheza em seu final devido a sensação que
deveria ter continuação.
Rainhas do Crime:
Três mulheres, esposas
de mafiosos da máfia irlandesa em Nova York, após seus cônjuges serem impedidos
de tocar para frente seus negócios, decidem elas mesmas tomarem a frente de
tudo, cada uma por diferentes razões.
Confesso que fiquei pasmo, ao descobrir que este filme, que já tinha assistido, veio de uma HQ.
Porém, foi ótimo para entender o porque de seu final ser como foi, e ao
contrário de outros resenhistas não o massacrar injustamente em razão disto.
Algo bem parecido com aquela sensação gerada pelo final de “Crying Freeman”, só
que mais desconcertante.
Em tempo, o título
original faz uma brincadeira com a
condição em que as três protagonistas se encontravam no começo da trama, e o
lugar onde tudo se passa, o bairro de Hell’s Kitchen.
Sim, isto mesmo, Hell’s
Kitchen.
Mas não esperem que
Matt Murdock vá aparecer aí (risos).
Asterix e Obelix Contra
César:
Uma das melhores
experiências que tive no mundo dos quadrinhos até hoje, veio da criação de René
Gosciny e Albert Urdezo.
A saga Asterix e
Obelix, amigos inseparáveis, moradores da aldeia da Gália, que com uma poção
mágica que lhes conferia força sobre-humana, eram a “pedra no sapato” do
poderoso e expansionista Império Romano.
Personagens
inesquecíveis como o cãozinho Ideafix e o druida Panoramix, para os quais
achava impossível uma representação em live action que fosse de meu
agrado.
Mas que bom que podemos
errar, não é?
E de todos os filmes live
action, se fosse para recomendar algum, Asterix e Obelix Contra César é
aquele que melhor soube capturar o clima divertido, mas por vezes também
irônico e até mesmo crítico.
Com destaque para o
italiano Roberto Benini (A Vida É Bela) absolutamente impagável da pele de um
militar romano.
Poderia sim, citar muitos outros filmes que vieram dos quadrinhos aqui, sem dúvida, mas creio que estes dão uma ótima noção do porquê do título deste artigo, e que não devemos nos deixar levar por meros rótulos e formulas de pretenso sucesso.