Em
1954 Eiji Tsuburaya como responsável pelos efeitos visuais, virou a página da história dos filmes de
ficção fantástica com Godzilla, criando com a dupla maquetes + roupas de
borracha, um jeito diferente e mais simples de fazer filmes que até então se
baseavam no complicado processo de stop
motion.
Mas
foi em 1966 que inventividade de Tsuburaya, já como produtor traria ao mundo
aquele que é o maior expoente dos tokusatsus...
Ultraman!
Contudo,
a história dos Ultras começou um pouco antes em 1964.
Em
Ultra Q, Eiji Tsuburaya pretendia criar um seriado, que guardando as devidas
proporções, poderia ser descrito como um avô de Arquivo X, com uma equipe de
personagens que investigavam fenômenos estranhos.
Eiji Tsuburaya (esq.) nos bastidores de Ultra Q |
Mas
a Tokyo Broadcasting System, de olho no sucesso que monstros como Gamera e o
próprio Godzilla faziam, deu uma “intimada" em Tsuburaya para que
adicionasse mais monstros ao seriado. O que fez Ultra Q (o Q significando
Questão ou Pergunta) estrear apenas em 2 de janeiro de 1966 com o episódio,
“Derrote Gomess", já de cara mostrando um grande monstro, o tal Gomess
(feito a partir de uma tunagem numa fantasia de Godzilla), mas sem ainda contar
com o arquétipo do ser super poderoso como protagonista.
Protagonista
este que chegou voando ainda em julho daquele ano.
Perseguindo
o monstro Bemular, um alienígena vindo da galáxia M78 colide com a nave do
oficial Shin Hayata da SAI (Patrulha Científica aqui para nós brazucas), que
não suporta os ferimentos e morre.
Tentando
reparar o acontecido, o alienígena funde sua energia vital ao corpo de Hayata
que volta, tornando-se uma forma de vida simbionte, bem antes do termo se popularizar,
e que sempre que necessário surgia em sua forma original quando a cápsula beta
era acionada.
E
assim passamos a ter os clássicos embates contra os monstros do espaço, mais em
especial os seijins, uma raça de alienígenas, que lógico, queria dominar a
Terra.
Ainda
assim, a produção de Ultraman em seu começo, até pela forma rápida como as
coisas estavam sendo feitas, penou um pouco, e teve que fazer a reutilização de
alguns monstros que já haviam aparecido em Ultra Q. Fora o probleminha que
gerou uma das mais lembradas características do seriado, a luz de alarme no
peito do herói.
A evolução da máscara de Ultraman |
Tal
característica que segundo o enredo indicava que o tempo de Ultraman em sua
forma original estava por se esgotar, precisou ser criada em razão de que
máscara da fantasia no começo do seriado era feita de uma resina que começava à
derreter após alguns minutos sob o calor dos refletores.
Porém,
uma vantagem que Ultraman tinha sobre os outros tokusatsus da época,
como Robô Gigante e Goldar, residia justamente em sua roupa, que permitia
movimentos muito mais livres. No entanto, o tom geral do seriado ainda era
bastante leve, mesmo quando da morte do protagonista, momento no qual o público
descobre que existiam outros como ele, pois surge Zoffy, o Ultra que o leva de
volta para M78, mas que dá uma nova vida a Hayata.
Mas
como as ameaças do espaço não são de dar trégua, menos de três meses depois da
despedida de Hayata chegava Ultraseven.
Situando
sua ação num futuro não muito distante, a Força de Defesa da Terra forma o
“Esquadrão Ultra”. Uma equipe de elite, com equipamentos de alta tecnologia,
composta por seis membros aos que depois se une o misterioso Dan Moroboshi (Kohjji
Moritisugu).
Mas
ao contrário do primeiro Ultraman e sua condição de simbionte, aqui em sua
visita a Terra, o Agente 340 (como era descrito no começo), salva a vida de um
alpinista chamado Jiro, mas ao invés da fusão o “agente” se torna uma cópia do
então inconsciente Jiro, e assume uma outra identidade, Dan Moroboshi.
Ainda
que não com a mesma carga de drama de outros tokusatsus posteriormente feitos,
Ultraseven já possuía um tom bem menos pueril que o primeiro seriado.
Originalmente
seu nome seria “Ultra Eye” devido aos óculos que o personagem usava para se
transformar, mas a ideia foi mudada, segundo consta devido uma superstição
sobre um ideograma do idioma nipônico, e que também, segundo explicação para o
público fora do arquipélago, Moroboshi seria o sétimo membro do Esquadrão
Ultra.
Além
disto, os veículos do Esquadrão Ultra, muito diferentes de todos os outros das
demais séries, reza a lenda urbana, teriam tido inspiração direta dos veículos
do seriado “Thunderbolts”.
Ultraseven,
porém, acabou se envolvendo numa pequena polêmica, pois em seu 12º episódio,
Presente Nocivo, o monstro alienígena era retratado como uma criatura
desfigurada pela radiação, tendo inclusive em seu corpo cascas de feridas bem
semelhantes as das vítimas de radiação.
Algo que foi considerado ofensivo aos sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki, e assim o episodio foi banido do Japão e sua produção até hoje é negada pela Tsuburaya Productions, ainda que tal episódio tenha ido ao ar em outros países.
Cena do episódio "proibido" de Ultrseven |
Algo que foi considerado ofensivo aos sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki, e assim o episodio foi banido do Japão e sua produção até hoje é negada pela Tsuburaya Productions, ainda que tal episódio tenha ido ao ar em outros países.
Mas
nada disso mudou o culto que Ultraseven possui no seu país de origem, onde pode
ser considerado até o hoje o super herói mais popular, com participação em
várias outras séries dos Ultras. E ganhando até um reboot em 2016, numa versão mais hardcore chamada Ultraseven X, mas
que não é considerada como dentro da cronologia oficial dos Ultras.
Cronologia
que ganharia seu terceiro “capítulo” em 2 de abril de 1971 em, O Regresso de
Ultraman.
Projetado
originalmente por Eiji Tsuburaya para ser a continuação das aventuras do
primeiro Ultraman, acabou tendo seus rumos alterados quando do falecimento de
seu realizador, que foi substituído pelo filho Hajime, que criou um novo
personagem, que posteriormente viria a se chamar Ultraman Jack, estabelecendo
de vez o conceito da “Irmandade Ultra”.
Mas
ao contrário da simbiose com Hayata que pode ser considerada parcial, aqui a
fusão de Hideki Goh (Jiro Dan) era total, formando um único e novo indivíduo.
Mesmo assim, o título O Regresso de Ultraman foi mantido por razões de
marketing.
O
Regresso de Ultraman pode ser considerado, não apenas por isto como o grande
divisor de águas da franquia, como também por ser a primeira série Ultra a
explorar de fato um tom mais dramático em seus episódios, algo que alguns
alegam ser já um reflexo de Spectreman da concorrente P Productions que
estreara em janeiro daquele mesmo ano.
E
pessoalmente, tinha o segundo tema mais triste que já escutei num seriado até
hoje, só mesmo atrás de “Lonely Man”, o tema do seriado do Incrível Hulk,
aquele com Bill Bixby e Lou Ferrigno.
O
que não quer dizer que a ação não rolasse solta, tendo seu ponto alto no
episódio “Quando Brilha A Estrela de Ultra”, quando o primeiro Ultraman e
Ultraseven se unem para salvar o irmão em apuros.
Depois
de O Regresso de Ultraman a franquia se estabeleceu ao redor do mundo com a
mais longeva, cultuada e lucrativa da história dos tokusatsus.
Leo,
Ace, Taro, Ginga, Ultra Father, Ultra Mother...
UItraman
em seriado, em filmes longa metragens, em animações...
Ultraman
japonês, malaio, australiano, norte-americano...
Tantos
são os Ultras que se fosse escrever sobre todos de uma só vez, este artigo
ficaria parecendo uma enciclopédia, sendo assim paro por aqui nestes três
clássicos absolutos, para quem sabe um dia retornar ao tema, jamais deixando se
apagar o brilho da estrela de Ultra.
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Eu que agradeço por você estar aqui
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