terça-feira, 27 de março de 2018

Camelot 3000

Começo dos anos 80. O mundo dos quadrinhos parecia já ter passado por quase todas as mudanças que podia.
Dennis O’Neil e Neal Adams já haviam revirado a problemática sociedade estadunidense com a saga do Arqueiro e Lanterna Verde do qual já fiz artigo aqui. Steve Englehart e Marshall Rogers já haviam mostrado um Batman mais focado nas relações interpessoais do “cruzado encapuzado” e ainda tínhamos o ótimo Esquadrão Atari de Gerry Conway já em sua segunda e clássica versão com a arte do mestre José Luiz Garcia Lopez.
Mas eis que em 1982, Mike W. Barr e o incrível Brian Bolland começaram a mostrar que nem tudo havia sido feito.

Nascia ali Camelot 3000.


Baseada em duas das mais importantes obras sobre a lenda de Arthur – Le Morte D’Arthur de Sir Thomas Malory (1485) e O Único e Eterno Rei de T.H White (1958) -, com uma invasão alienígena e reencarnação, a primeira vista Camelot 3000 parece ser a receita perfeita para uma catástrofe, contudo, quando as peças começam a se unir, oque temos, talvez seja a mais importante HQ de todos os tempos.

Tom Prentice lendo "Le Morte D'Arthur" - Referência pouca é bobagem

Mas por que Camelot 3000 é tão importante?
Para começar precisamos antes nos situar historicamente, pois nesta época ainda era pesada a patrulha do famigerado “COMICS CODE AUTORITHY ’’, que apesar de já estar bem mais tolerante que no passado, ainda era um entrave quando se tratava de mostrar coisas como cadáveres ou cenas de sexo mais explícitas, oque fez a DC Comics na época de seu lançamento partir para um esquema de venda direta ao público para fugir da censura.



Esquema que funcionou perfeitamente, mas que aqui precisamos salientar que teve uma ajudinha e tanto do formato em que história seria apresentada, como uma série fechada, a ser completa no fim de 12 edições. Oque mais tarde ficou conhecido como “maxi série”, algo que muitos hoje gostam de atribuir a obras mais recentes como Watchmen de Alan Moore, mas que de fato teve sua raiz aqui em Camelot 3000.

Bolland e Barr - Os geniais realizadores de Camelot 3000

Mas isto seria suficiente para criar a verdadeira lenda urbana que existe em torno desta obra? Claro que não!
E é aqui que a coisa começa ficar digamos... Interessante.
Na história, no ano 3000 (obvio, eu sei, desculpa aí), a Terra é invadida por alienígenas comandados por ninguém menos que Morgana LeFay, também uma alienígena. Mas é em meio a este caos que um trabalhador da construção civil londrina, Tom Prentice, faz por puro acaso (será?) uma incrível descoberta, o túmulo de Arthur Pendragon, o Rei Arthur, que acorda de seu sono de séculos, para em seguida termos o retorno do mago Merlin.

Arthur e seus cavaleiros partem para a batalha enquanto Merlin lhes observa.

Passando a ficar ciente do que ocorria, Arthur decide ir atrás dos cavaleiros da távola redonda. Só que ao contrário do bom rei, seus cavaleiros estavam reencarnados em outros corpos. E aqui começa aquilo que torna Camelot 3000 uma obra a frente de seu tempo.
Lancelot era um milionário francês que ajudava refugiados de guerra; a rainha Guinevere era uma militar, comandante das forças de defesa terrestre; Kay, o meio-irmão de Arthur um viciado em jogo que foge de seus credores; Gawain era um pai de família negro na África do Sul (isto publicado numa época em que o regime de segregação do Apartheid ainda vivia forte naquele país); Galahad um samurai que caiu em desgraça após perder seu mestre e que estava prestes a cometer sepuku, quando recebe por assim dizer, o chamado de seu “eu” do passado.



Parece que está bom? Pois ainda havia os casos de Percival e Tristão.
Percival era um dissidente político, que para ser calado foi condenado a sofrer uma mudança genética, tornando-se um “Neo-Humano”, uma raça de símios criada em laboratório, mais inteligentes que macacos, porém, não tão inteligentes como os humanos, e o mais importante aqui, sem a consciência real de quem eram de fato, para realizarem trabalhos pesados. Algo que em nada tem a ver com acidentes com radiação ou algo contaminado que alterasse a condição do personagem como era comum nos quadrinhos até então. Colocando aqui para reflexão, a manipulação genética e seus perigos, bem antes que o tema se tornasse algo corriqueiro, aqui usada como punição, além de nas entrelinhas colocar a questão de os animais possuírem alma.

Percival encontra o "Santo Graal", mostrando que apesar de sua aparência era o mais honrado de todos os cavaleiros.

E lógico, o caso de Tristão, ou melhor Trista, que nesta vida havia reencarnado como mulher, e que recebe seu “chamado” justamente no momento em que estava prestes a casar. E todos os desdobramentos que isto provoca em sua vida, pois a moça ao ser tomada pelas memórias e consciência de quem um dia foi, passa a renegar veementemente sua condição como mulher.

Trista não consegue conviver com sua "nova condição" deixando Isolda desolada.

Problema que só aumenta ao descobrir que sua amada Isolda - também desperta pelo retorno de Arthur - tinha voltado novamente como mulher, e que complica ainda mais quando Tom se apaixona por ela. Um mixer de sentimentos e pensamentos tão conflitantes que faz Trista inclusive tentar o suicídio.

Guinevere e Lancelot - Assim como no passado a rainha não se decidia com quem ficar.

Isso somado a coisas como a infidelidade de Guinevere tendo relações hora com Lancelot, hora com Arthur, engravidando sem saber ao certo quem seria o pai. E mais uma infinidade de situações extremamente ligadas com questões não apenas muito reais, como também na esfera do pensamento filosófico e até mesmo teológico, mas que fluíam de forma perfeita ao longo da história de ação alucinante.
Tudo colocado sabiamente para a reflexão de quem estava lendo, e claro conseguisse captar oque estava ali, mas em momento algum levantando qualquer tipo de bandeira.

Isolda e Trista enfim juntas. - Algumas cenas de sexo sofreram com a censura brasileira da época

Camelot 3000 foi publicada no Brasil pela primeira vez entre 1984 e 1985 nas revistas “Superamigos” e do “Batman”, no icônico “formatinho” da Abril, no qual haviam varias histórias de diferentes personagens na mesma revista.

Edição histórica da revista "Superamigos" com o encerramento da saga

Na época sofrendo pequenas edições devido a censura ainda vigente, mas nada que mudasse de fato o conteúdo do que era lido ou visto. Sendo republicado mais quatro vezes, uma na forma de uma minissérie de quatro edições, e mais três em formato único, a primeira em 2005, a segunda em 2010, e agora em 2018!

As quatro edições do primeiro relançamento ainda pela Editora Abril

Sim! Pois trinta e seis anos após seu lançamento, a história que abordava temas como totalitarismo, homofobia e toda sorte de preconceitos ainda permanece mais atual que 90% das HQ’s produzidas nos dias atuais, e que provavelmente ainda permanecerá assim por um bom tempo. Mantendo viva não só a lenda de Arthur e seus cavaleiros, como cumprindo com a tarefa de tornar um pouco mais amplo o campo de visão daqueles que a leem.

Camelot 3000 - Uma HQ a frente de seu tempo.






















terça-feira, 13 de março de 2018

O Fantástico Mundo de Irwin Allen - O Mestre do Desastre (parte 2)

Final dos anos 60. Época em que a linguagem da televisão já havia praticamente sido dominada. Época também em que muita da inocência da geração pós 2ª Guerra tinha sido esmigalhada, como já havia me referido tempos atrás no artigo sobre a série de HQ’s do Lanterna Verde e Arqueiro Verde.
E é neste cenário que Irwin Allen percebe que suas séries de fantasia e ficção científica por melhores que fossem não mais se inseriam tão facilmente no cotidiano de uma nação que na época recolhia os cacos de furacões políticos e da desastrada intervenção no Vietnam. Mas oque para outros seria o presságio de algo ruim, para o visionário produtor/diretor/roteirista se tornou uma oportunidade.



Oi gente! No primeiro artigo sobre Irwin Allen contei como sua criatividade somada as boas influências, e lógico aquele “Oscar” de melhor documentário, abriram as portas da tevê para ele. Mas pelos motivos já citados, somados ao alto custo de suas produções, ficava cada vez mais claro que sua “aventura romântica” teria um fim em breve.
E é aqui que vem mais um ponto de virada em sua carreira, o momento em que Allen começou a cunhar o apelido de “Mestre do Desastre”.
Falar de cataclismas, catástrofes tanto naturais quanto feitas pela mão do homem, parece algo bem comum para os dias de hoje, mas até o começo da década de 1970, isto era quase um tabu, só sendo aceitos se viessem embrulhados num “pacote de aventura”, como foi o longa-metragem de Viagem ao Fundo do Mar.

Parte do elenco de "O Destino do Poseidon"

Mas como na época as coisas para Hollywood e sua indústria estavam bem áridas, com salas de cinema se esvaziando, assim como a criatividade da maioria dos roteiristas, ninguém fez lá muita oposição quando em 1971, Irwin Allen apresentou o projeto de um filme sobre um desastre com um navio de passageiros que virava de cabeça para baixo no meio do oceano após ser atingido por uma onda gigantesca.
E no ano seguinte nascia, "O Destino do Poseidon". Aquele que pode ser considerado o marco fundamental do assim chamado “cinema catástrofe”.
Mas então como atrair o público para este tipo de filme?
Bem, aí precisamos creditar a Irwin Allen esta receita de bolo, seguida até hoje por 90% das grandes produções do gênero:
1- Um grande elenco, recheado de estrelas do primeiro time do cinema, de preferência com alguém “Oscarizado” no meio. No caso de “O Destino do Poseidon” com nomes como Gene Hackman, Ernest Borgnine, Shelley Winters e Leslie Nielsen.
2-  Uma trilha que expressasse e passasse ao espectador toda a tensão que era necessária. Aqui mais uma vez a cargo do maestro John Williams, solidificando sua parceria com Allen que começou em Perdidos no Espaço e Terra de Gigantes. Assim podemos afirmar que Irwin Allen foi o primeiro diretor/produtor importante a expandir o nome do maestro para as grandes plateias, antes mesmo de Steven Spielberg.
3-    E lógico, efeitos especiais espetaculares, pegando toda a bagagem que Irwin e sua equipe tinham acumulado ao longo de todas as suas séries fantásticas.

O Poseidon de cabeça para baixo

O resultado foi um filme que mesmo de premissa absurda - ainda que baseado num fato real ocorrido com o navio Queen Mary durante a 2ª Guerra Mundial, quando este quase virou no meio do oceano Atlântico ao ser atingido por uma onda gigantesca - era incrivelmente tenso e envolvente, fazendo o espectador torcer pelos sobreviventes do naufrágio o tempo todo. Aqui valendo uma abertura de parênteses para a cena em a personagem de Shelley Winters precisava passar por uma parte totalmente inundada do navio. Cena esta que a atriz, que havia sido como sua personagem uma nadadora olímpica, só que do nado sincronizado, fez sem dublê, mesmo na época não sendo mais exatamente uma jovem, ainda que não tenha dispensado um técnico em natação para melhor orientá-la.

Shelley Winters em sua icônica cena feita sem dublê


O que não quer dizer que a vida da produção tenha sido fácil, pois durante suas filmagens, por duas vezes, seus trabalhos foram paralisados por falta de financiamento. Mas com o sucesso tudo mudou, e a estrada para mais tragédias estava aberta (risos), não só para o visionário produtor, mas para outros, como os realizadores da série “Aeroporto”. Contudo, ninguém na época estava preparado para oque estava por vir.




E em 10 de dezembro de 1974 chegava aos cinemas “Inferno na Torre”. Até hoje sem dúvida o maior marco do cinema catástrofe de todos os tempos. Mas o que torna este filme tão diferente?


Cartaz de "O Inferno na Torre" - O filme se tornaria um marco

Para começar, foi em Inferno na Torre a primeira vez na história que dois grandes estúdios - a Fox e a Warner - se uniram para produzir um filme. Oque livrou Allen dos problemas com orçamento que sofreu em O Destino do Poseidon.
Clima de parceria que também esteve na direção, pois além de John Guilhermin - que quatro anos depois fez o remake de King Kong - o próprio Irwin Allen voltou ao papel de diretor aqui para realizar as cenas de ação e que exigiam uma dose maior de efeitos especiais.

Faye Dunaway e Paul Newman em Inferno na Torre

Fora isto os ingredientes daquela tal receita de bolo não só foram repetidos, como tiveram a adição de “ferro e vitaminas” por assim dizer. Pois sem problemas monetários, Irwin Allen não apenas repetiu mais uma vez a parceria com o maestro John Williams, como maximizou seu elenco trazendo Paul Newman e Steve McQueen os dois maiores astros da época para serem os protagonistas do filme, fora o verdadeiro exército de coadjuvantes de luxo como Faye Dunaway, Richard Chamberlain, Williem Holden, Robert Wagner, Robert Vaugh, o ainda jogador de futebol americano OJ Simpson e o veterano Fred Astaire que ganhou o Globo de Ouro por esta atuação.

O veterano Fred Astaire ganhou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante por Inferno na Torre

Globo de Ouro? Então o filme foi premiado? Sim, e não apenas aí. Indicado para oito Oscars - incluso melhor filme - levou as estatuetas de fotografia, montagem e canção. E nem vou citar aqui a bilheteria, pois seria algo totalmente redundante.

Joseph Biroc levou para casa o Oscar de melhor fotografia por Inferno na Torre.

Há ainda uma lenda urbana envolvendo a criação do filme, pois por mais que a versão oficial seja de que o filme foi baseado entre outras coisas, na construção do World Trade Center, a película não escapou de gossips na época que afirmavam que teria sido inspirado no incêndio ocorrido no edifício Andrauss em São Paulo em 1972, fora o fato que durante o começo de sua produção outro grande incêndio, o do Joelma, ganhou as manchetes em todo o mundo, oque de uma maneira ainda que torpe aumentasse oque hoje chamamos de hype quando de seu lançamento.



Tamanho foi o sucesso do filme, e a inevitável invasão de filmes que abordavam todo o tipo de desastre, que como citei no artigo anterior, Allen aceitou em 1975 produzir para Disney a série da Família Robinson. Talvez até para dar um alívio da associação de sua imagem ao que havia criado, pois ali já não podia mais evitar o singelo apelido que ganhou... O Mestre do Desastre.

Cartaz de "O Enxame" - O filme marcava a volta de Allen ao cinema após uma breve pausa

Até que em 1978 ele estava de volta com “O Enxame”. Um legítimo filme de Irwin Allen, que comanda também a direção. Diria até que se trata de um amálgama das duas fases da carreira de seu realizador, afinal a história sobre uma invasão de abelhas ultraviolentas e resistentes a toda a espécie de veneno, é uma legítima mistura do fantástico das antigas séries de televisão com o a catástrofe de suas produções cinematográficas.

Michael Caine em O Enxame - Mesmo seguindo a "receita" de Allen, o filme fracassou nas bilhaterias

Porém, ainda que repetindo a receita anterior, com uma única mudança, a da trilha sonora, onde saiu John Williams que já “Oscarizado” por Guerra nas Estrelas e trabalhando na mesma época na sua obra-prima, o tema para Superman, foi substituído por Jerry Goldsmith (Rambo), o filme foi um fracasso de bilheteria, pelo menos em solo estadunidense, arrecadando apenas um terço do valor de sua produção.

O pequeno momento de "apelação" da carreira de Irwin Allen

Oque fez Allen ter seu momento de digamos “apelação” lançando em 1979, “Dramático Reencontro no Poseidon”. Uma história para lá de doida que misturava alguns sobreviventes do naufrágio com contrabandistas que procuravam, vejam só, uma carga de plutônio.

"O Dia Em Que o Mundo Acabou" - A última grande produção de Irwin Allen


Sendo que em 1980, já vendo “discípulos” como Steven Spielberg virarem o cinema de cabeça para baixo, lança a sua última grande produção. Com o sugestivo nome de “O Dia Em que o Mundo Acabou”, Irwin Allen, aqui apenas como produtor, apresenta a história de um triangulo amoroso entre Paul Newman, Jaqueline Bisset e Williem Holden que numa ilha paradisíaca se veem diante da fúria da natureza na forma da erupção de um vulcão que entra novamente em atividade devido às ações de uma inescrupulosa empresa petrolífera. Sendo este, a ganância humana, um dos recursos narrativos mais típicos e relevantes das produções do mago do fantástico.

"Alice no País das Maravilhas" - A discreta despedida de Irwin Allen


Que teve como último ato de sua grande carreira uma discreta atuação como produtor em 1985 de uma adaptação do clássico “Alice no País das Maravilhas”.



Irwin Allen viria a falecer em 2 de novembro de 1991 em Santa Mônica na Califórnia. Mas seu legado de aventuras e personagens fantásticos ainda ecoará por muito tempo. Então agora toda vez que vocês forem ao cinema ou estiver na frente da televisão assistindo um filme ou série fantástica que coloque pessoas comuns à prova, lembrem-se dele. Lembre-se de Irwin Allen.



















quinta-feira, 8 de março de 2018

As 10 Mulheres Mais Poderosas da Ficção

10 - Ororo Munroe, a Tempestade – Cyclop? Jean Grey? Nada disto. Se há uma pessoa com moral e conhecimento para liderar os XMen e ser a sucessora natural de Charles Xavier com certeza é ela.



09 – Priss Asagiri – A membro mais durona das Knight Sabers, as heroínas da animação Bubblegum Crisis, não levava desaforo pra casa, e ainda tinha tempo para tentar uma carreira na música.



08 – Lara Croft – E se alguém tivesse a ideia de misturar Indiana Jones com Rambo? Mas isto com o charme feminino?



07 - Martha Kent – Não importa em que versão, se tem uma mulher de coragem esta é a fazendeira do Kansas, que sempre com um sorriso encarou a barra de criar aquela criança que lhe chegou de forma totalmente inesperada e se tornou o maior herói de todos os tempos.



06 – Amanda Waller – A líder e idealizadora do projeto Esquadrão Suicida pode até ser uma autocrata de caráter questionável. Mas oque não é questionável aqui é que tem “tutano” pra encarar qualquer um a qualquer hora, mesmo que este alguém seja alguém como o Batman por exemplo.



05 - Sonja (Red Sonja) – A bela guerreira hirkaniana de cabelos vermelhos, criada por Roy Thomas baseado em “Red Sonja de Rogatino” do livro de Robert Howard (criador de Conan) pode ser considerada o arquétipo perfeito da guerreira casca-grossa da antiguidade, se impondo pela espada na maioria das vezes, mas às vezes também por charme... Conan que o diga (risos).




04 – Kate Mahoney – A policial de Chicago foi criada para ser uma versão feminina do Harry Calaham, o Dirty Harry, personagem imortalizado por Clint Eastwood. Contudo, Mahoney consiga ser mais casca-grossa que seu “mentor”. Ela tinha um caso com uma colega de trabalho e mesmo assim conseguia se sentar na cozinha da viúva que sabia de tudo e ainda tomar um café de boa com ela.



03 – Xena – Nem é preciso falar muito sobre ela. Xena que de vilã se tornou heroína através de sua jornada de redenção e autoconhecimento.




02 – Diana de Themyscira, a Mulher Maravilha – Ainda que tenha tido sua origem refeita algumas vezes, nada muda sua personalidade e importância. Um dos três vértices da chamada 1ª Trindade da DC. E se pudesse definir ela numa palavra seria “vontade”, pois se o Batman é o “cérebro”, e o Superman o “coração”, com certeza a Mulher Maravilha é a “vontade”.



01 – Tenente Ellen Ripley – Quando se tem superpoderes é uma coisa. Quando se tem todo um aparato governamental por detrás também. Mas e quando você é uma pessoa comum, presa num ambiente do qual não pode sair e tem de enfrentar uma forma de vida alienígena pra lá de hostil? Pois é... Mas nada que a tenente Ripley não dê conta.














segunda-feira, 5 de março de 2018

O Fantástico Mundo de Irwin Allen - O Mestre do Desastre (parte1)

Viagens espaciais errantes, voos que não vão parar onde deveriam, os mistérios das profundezes do oceano, projetos militares secretos. Isto tudo lhe fez pensar em algum filme ou seriado que recente você tenha assistido?
Calma, espere. E navios virando de cabeça para baixo, prédios em chamas, vulcões explodindo parecendo o fim do mundo, insetos em fúria. Isto te fez pensar em mais alguma coisa?
Parece muito para ter saído da cabeça de uma pessoa só?

Não se esta pessoa em questão tenha sido Irwin Allen.



Roteirista, produtor e diretor, Irwin Allen nasceu em 12 de junho de 1913 em Nova York, e após se formar em jornalismo trabalhou por 11 anos em rádio, mas aquele mundo era muito pequeno para o jovem de mente inquieta que durante este período foi aproveitando para se familiarizar com outras mídias, como o cinema e uma quase desconhecida para época televisão.


Até que em 1953, Allen surpreende meio mundo ao vencer o Oscar de melhor documentário com o filme O Mar Que Nos Cerca (Sea Around Us), mar que em pouco tempo seria um personagem importante em sua carreira.
E eis que em 1960 a Fox decidida a investir no filão dos filmes de ficção científica e fantasia fantástica, abre as portas para Irwin Allen, que naquele mesmo ano lança sua versão para O Mundo Perdido, a famosa obra de Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, na qual além de dirigir, dividiu a produção com Cliff Reid e o roteiro com Charles Benett.

Cartaz de O Mundo Perdido - Produzido, dirigido e roteirizado por Irwin Allen

E com o êxito desta primeira empreitada nos dois anos seguintes fez mais dois filmes.

Viagem ao Fundo do Mar - O filme se tornaria o maior referencial da carreira de Allen.

Viagem ao Fundo do Mar foi o primeiro em 1961, uma espécie de versão de Allen para o clássico de Julio Verne, 20 Mil Léguas Submarinas, mas assim como sua obra inspiradora bem à frente de seu tempo, pois simplesmente abordava naquela época o hoje conhecido por todos “Efeito Estufa”, ainda que sob o prisma fantástico e catastrófico de um meteoro que atinge nosso planeta e faz a temperatura se elevar. Aliás, catástrofe que seria uma característica marcante de sua carreira. E que a título de curiosidade tinha em seu elenco Barbara Eden, a eterna Jeanie de Jeanie É um Gênio.


Irwin Allen no cenário do interior do Sea View

Mas isto era só o começo.

Cartas promocional de Cinco Semanas Num Balão

E por falar em Julio Verne, talvez vendo a inspiração nítida que a obra do escritor tinha sobre Irwin, a Fox no ano seguinte, o incumbiu de dirigir uma versão cinematográfica do clássico, Cinco Semanas Num Balão.
Porém, aquilo de ficar refazendo a obra de outros autores parecia ser muito pouco para Allen, que naquele momento via na televisão o grande território a ser explorado.
E depois de quase dois anos de preparação, no começo do outono estadunidense de 1964 ia ao ar, Viagem ao Fundo do Mar - a série.

O Sea View lançando o Subvoador, uma mistura de submarino com avião

Trazendo um elenco totalmente diferente do filme, com a exceção do ator Del Monroe que permaneceu no papel do icônico Kowalski, o seriado que mostrava a aventuras e desventuras da tripulação do Sea View, o submarino mais avançado do mundo, logo caiu no gosto popular, misturando toda sorte de elementos realistas aos fantásticos, algo muito parecido com oque estava sendo feito na mesma época pelos estúdios Hanna Barbera com a clássica animação Jonny Quest, e ainda era vanguardista ao abordar assuntos como ecologia e até o perigo da automatização excessiva que geraria máquinas descontroladas.

A tripulação do SeaView - Destes apenas o icônico Kowalski teve o mesmo interpréte no filme e na série

O caminho estava mais que aberto.
E já em 1965 chegava às telinhas, aquele que se tornaria o maior êxito comercial de Irwin Allen, Perdidos no Espaço. Tendo o tema de abertura composto por ninguém menos que o maestro John Williams, a série trazia as aventuras da família Robinson, que no então longínquo ano de 1997, parte na nave Jupiter 2 em busca de outro planeta com as mesmas condições da Terra, para salvar a humanidade de um mal criado por ela mesma, a superpopulação. 


Outra situação abordada por Allen bem antes de sua discussão entrar na moda. Mas como bem sabemos, o Dr. Zachary Smith sabota o robô que acompanhava a missão, e acaba colocando a todos como título diz, perdidos no espaço.

O elenco de Perdidos no Espaço

Contudo, a máquina de sonhos, estava muito longe de parar, e em 1966 chega Túnel do Tempo. A história de um projeto secreto do governo desenvolvido numa base no meio do deserto, para possibilitar viagens no tempo, cujos seus principais responsáveis, os cientistas Tony Newman e Douglas Philips ao saberem que o projeto sofreria corte de verbas resolvem fazer de si mesmos cobaias e vão parar justamente no Titanic. Só que com o equipamento defeituoso, no momento fatídico do naufrágio, até são salvos pela equipe que ficou “do outro lado” do túnel, mas acabam nesta ação perdidos no contínuo do espaço/tempo, a cada episódio indo parar numa época e lugar diferentes, na tentativa de voltar para casa. Contudo, este seriado acabou tendo apenas uma única temporada com apenas 30 episódios produzidos entre 1966 e 1967.

O elenco de Túnel do Tempo - O seriado durou apenas 30 episódios.

Mas nada que viesse a abalar Irwin Allen, que em setembro de 1968 lança Terra de Gigantes, o quarto de seus “grandes seriados”. Nele uma nova nave espacial, algo como um avião hipersônico, que fazia um voo comercial entre Nova York e Londres acaba se perdendo ao passar por dentro de uma nuvem estranha, indo parar num lugar idêntico a Terra, mas onde as pessoas e tudo mais eram gigantescos e os protagonistas não passavam de seres minúsculos do tamanho de um bonequinho de GI Joe. E quem assistia ficava sem saber ao certo se eles estavam em outro planeta, se tinham encolhido ao passar pela tal nuvem, ou sei lá oque.

Terra de Gigantes - O seriado de tevê mais caro produzido até então.

Um seriado extremamente caro para época, pois todos os cenários em tamanho gigante eram replicados a perfeição do original, oque apesar do sucesso comercial, encurtou a vida de Terra de Gigantes para apenas duas temporadas.

O mais inofensivo dos seres se tornava uma imensa ameaça.

Irwin Allen ainda voltaria à produção de seriados em 1975, com A Família Robinson. Série que recontava a história do romance The Swiss Family Robinson de uma família de náufragos no século XIX, que por coincidência (ou não) tinha o mesmo nome da família de Perdidos no Espaço. Mas o seriado produzido pelos estúdios Disney, que hoje só é lembrado por ter sido um dos primeiros trabalhos da então iniciante atriz Helen Hunt, nem de longe teve a mesma expressividade das clássicas séries fantásticas de Allen que naquele momento estava mais ocupado com outros projetos.

Helen Hunt, ainda iniciante em A Família Robinson

Aqueles projetos que lhe dariam o apelido de Mestre do Desastre.
Mas que sobre os quais deixarei para abordar na segunda parte da história deste que pode ser considerado quase que um prólogo de Steven Spielberg, Ou seria J.J Abrams? Ou James Cameron?
Achou exagerado? Então aguarde até a segunda parte. Até lá!





















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