Década de 1990. A até
então calmaria que reinava pelo marasmo nas tevês estadunidenses, tinha sido
abalada com a chegada de Batman The Animated Series, uma série de animação de
tons mais sombrios, e pegada mais densa, que não apenas lançou uma nova
perspectiva sobre o cruzado encapuzado de Gotham como se tornou o ponto de
partida para o que viria a ser chamado posteriormente de TimmVerse, uma alusão
ao seu principal criador Bruce W Timm.
E em meio ao absurdo sucesso da
animação da concorrente Warner, lógico que a Disney não poderia ficar de fora,
e tomando folego e uma boa dose de coragem para fazer algo fora de seus padrões
mundialmente conhecidos, a empresa de Mickey e companhia, saiu da zona de conforto,
e nos presenteou com uma aventura única que unia ação, realismo (na medida do
possível), uma certa ousadia e até Shakespeare, e que sobre a qual agora passo
a contar.
24 de outubro de 1994,
ia ao ar pela primeira vez Gárgulas, um seriado de animação criado por Greg
Weisman, um ex-professor de inglês, que também o produziu junto com Frank Paur
que até um ano antes era um dos principais diretores do já citado Batman TAS, e
ainda tinha como um dos principais roteiristas Michael Reaves que havia
trabalhado em Caverna do Dragão.
E que
já começava de forma diferente, tendo seu primeiro episódio, “Despertar”, sendo
dividido em cinco partes, que mais tarde foram lançados no mercado de vídeo
como um longa-metragem.
Mostrando
as aventuras e também desventuras de um clã de criaturas místicas, que a noite
eram de carne e osso, mas que durante o dia ficavam como em hibernação
transformados em estátuas de pedra, e que há mil anos antes na Escócia, tinham
sido traídos pelos humanos que haviam jurado defender e sobre os quais foi
jogada uma maldição que os aprisionou em sua forma diurna.
Elisa Maza e os Gárgulas
Mas
isto até a chegada de um bilionário norte-americano chamado David Xanatos que
leva todo o castelo para o centro de Manhathan, que é reconstruído tijolo por
tijolo no alto do prédio de suas das empresas, logo libertando os Gárgulas de
seu feitiço. Personagem este que seguindo o exemplo de Roger Bannon em Jonny
Quest, também foi baseado num ator real, só que desta vez com um detalhe a
mais, pois além de ter ganho feições inspiradas em Jonathan Frakes, o Capitão
William Riker de Star Trek-New Generation, ainda ganhou sua voz. Ainda que o
criador da série negue esta versão.
Jonathan Frakes, voz e inspiração visual de David Xanatos
Ao
serem libertos pelo inescrupuloso empresário que secretamente tinha a intenção
de usá-los como armas, os Gárgulas, liderados por Golias, logo assumem que
deveriam continuar, como que em agradecimento pelo “favor” de Xanatos, a serem
aquilo que já eram, protetores.
E a
exceção de Golias, todos os demais acabam por adotar nomes de locais de seu
novo lar.
Broadway,
Brooklyn e Lexington que eram os principais amigos de Golias; Hudson que era o
gárgula ancião que possuía uma cicatriz em um dos olhos fruto de uma batalha
antiga e que muitas vezes funcionava como consciência do próprio Golias; e
lógico Bronx, o mascote do grupo que em última análise podia ser comparado a um
cachorro.
Golias luta contra sua versão androide.
E
assim se inicia a saga que conforme ia passando e agregando mais personagens ia
crescendo e abrindo seu leque de subtramas.
E
como tinham subtramas...
Pra
começar lógico temos que falar do romance entre Golias e a corajosa policial
Eliza Masa. Pois é, só que este romance nada ortodoxo, logicamente baseado em “A
Bela e a Fera” sempre passou longe do conto de fadas. Aqui a princesa além de
usar uma pistola .45, não tem seu “fera” transformado em príncipe, e nem o
“ogro” da vez tem sua princesa metamorfoseada em outra “ogra”. Até há um
episódio que tais transformações ocorrem, porém, ao final do capítulo ambos
retornam as suas formas originais, enfatizando que tais diferenças na verdade
os uniam mais que os separavam. Exemplo, aliás, que é mostrado de forma clara
na família da própria Elisa, cujo seu pai era um indígena e sua mãe negra, isto
ainda bem antes da avalanche do politicamente correto. Aqui valendo lembrar que
Diane, a mãe de Eliza, tinha sua voz feita por ninguém menos que Nichele
Nichols, a comandante Uhura, de Star Trek, a série clássica.
Nichele Nichols, a voz de Diane, a mãe de Eliza Maza
Fora
isto não há como deixar de citar o episódio “Força Mortal” em que Broadway ao
mexer na arma de Elisa, a dispara por acidente, atingindo a policial, e ao
menos na época de sua primeira exibição, colocando a Disney na “saia justa” que
temia acontecer junto ao seu público “padrão família”. E ainda que a intenção
tivesse sido das mais nobres, tentando alertar para o perigo das armas de fogo,
os protestos de pais se dizendo ultrajados acabaram acontecendo.
Eliza no hospital, cena do "polêmico" episódio "Força Mortal".
Mas
como não dá pra se fugir do passado, mesmo que passados mil anos, este veio
bater a porta de Golias através de Demona, sua antiga companheira que julgava
estar morta. Contudo, a personalidade de Demona, que convencida por Mac Beth
(uma das muitas citações shakespearianas da animação) de que Golias tinha
traído sua espécie, os tornando os últimos dela, faz com que ela se volte
contra todos, ainda que eventualmente se aliando a MacBeth ou ao próprio
Xanatos.
Mac Beth e Demona, uma "relação" pra lá de complicada
Mesmo
após a saga do “Portal de Fênix”, na qual a trama principal faz uma pausa, e
Golias, Eliza e Bronx viajam para diferentes lugares, como o Japão, no qual
encontram outros clãs de Gárgulas vivos, ou quando surge Angela, sua filha com
Golias, dada como perdida e que tinha crescido em Avalon, lar da chamada
“terceira raça” não se demove de sua vingança.
O clã Ishimura do Japão, outros Gárgulas vivos além dos heróis.
A
“terceira raça”, esta então é uma estória a parte dentro da estória dos
protagonistas. A assim chamada terceira raça eram seres místicos que viviam em
Avalon, regidos pelo rei Oberon (dá-lhe Shakespeare de novo!), que os exilou
por mil anos (coincidência?) para viverem junto aos humanos afim que
aprendessem humildade, e aí você descobre que muita coisa não era do jeito que
se imaginava que fosse. Como Owen Burnett, o mordomo de Xanatos, que na verdade
se chamava Puck, outro personagem que ganhou a voz de um ator de Star Trek,
desta vez o Mr.Data, Brent Spinner.
Brent Spinner, mais um nome de Star Trek no cast de vozes da série.
Mas
este era um ponto menor quando comparado ao que Titania, esposa de Oberon tinha
feito. Pois durante sua estada no mundo dos homens acabou por se casar com
outro bilionário, Halcyon Renard, com o qual teve uma filha, Janine, vulgo Fox. E Fox por sua
vez acabou engatando um romance e tendo um filho com ninguém menos que David
Xanatos.
Halcyon Renard, o "sogro" de Xanatos
Parece
complicado? Pois é. E complica ainda mais quando Oberon vem buscar seus súditos
e esposa, e ao descobrir o filho de Fox, resolve que vai levar o bebê consigo
para Avalon. Fato que desencadeia uma das maiores reviravoltas que já foram
vistas numa animação feita para a tevê.
Janine (Fox) e Xanatos
E
estes são apenas alguns dos elementos que tornaram Gárgulas, um clássico
atemporal. Tão importante que lógico teria que render uma “continuação”, que
aconteceu em 1996 através de “Gárgulas – As Crônicas de Golias”, mas que não
vingou por motivos que iam desde sua animação precária, até o não envolvimento
de seu criador, oque contribuiu para sua descaracterização.
Fora
isto em 1995 a Marvel lançou sua versão para quadrinhos da saga dos ‘’defensores
da noite”. Iniciativa retomada em 2006 pela Slave Labor Graphics, aí sim, com a
participação de Greg Weisman que retomava a saga do ponto em que havia se
encerrado na tevê.
Aí tenho
certeza que você que está lendo estas últimas linhas deve estar se indagando. E
um filme? Ninguém jamais pensou nisto?
E
eu te digo que... SIM!
Em 2015
foi vazada uma notícia de que a Disney em associação com a Marvel estariam
pensando numa versão live action.
Bem, na verdade, não bem a empresa, e sim Kevin Feige, o chefão do "Universo Cinematográfico da Marvel" que à época disse:
“Eu
sempre me perguntei por que diabos a Disney não decidiu transformar Gárgulas em
um evento cinematográfico”.
Mas ao que parece por hora, com o sucesso de várias franquias
que a empresa do camundongo tem em mãos no momento, ainda vamos ter que aguardar o dia (ou melhor, a noite) em que
teremos o prazer de vermos o retorno dos Gárgulas, os defensores da noite.
Talvez
fosse só uma questão de tempo. O cinema já viveu várias eras, a dos musicais, a
dos “westerns” e algumas outras. E hoje não há como se fugir do fato que se
vive a era dos filmes de “Heróis de HQs”.
Oliver Queen e Hal Jordan
Contudo, em meio à
enxurrada anual de produções do gênero, a maioria sem a menor relevância
artística ou histórica, sempre há de se sentir falta de algum, ou alguns,
personagens, que protagonizaram estórias absolutamente icônicas para a sua mídia
materna. Tão icônicas que se tornaram referências para outras obras não só na
mesma vertente midiática como para todo o mundo da assim chamada “cultura pop”,
e é sobre uma destas estórias (quase uma lenda urbana) que vamos falar hoje, e estou
me referindo à saga que uniu Lanterna Verde e Arqueiro Verde.
No
fim dos a nos 1960, não só os Estados Unidos como o mundo, viviam uma era de
ebulição sócio política cultural intensa, e as ilusões da primeira geração pós
Segunda Guerra se dissiparam no ar na velocidade de um caça a jato. E com a
censura se “afrouxando” em vários setores, as HQ’s que sofreram durante vários
anos com uma perseguição e restrição intensas, começaram a permitir e até
estimular que seus artistas ousassem mais.
Nem sempre a mais calma das amizades
E foi com este
espírito que no começo de 1970 o editor da DC Comics, Julius Schwartz, convocou
Dennis O’Neil e Neal Adams para uma nova empreitada. Na época O’Neil e Adams já
tinham sido responsáveis por lançar mais de 70% do que conhecemos como o “Batman
moderno”, não só resgatando a maior parte da visão soturna dos criadores do “Morcego
de Gotham” como dando dinamismo ao roteiro e costurando como nunca antes as
relações interpessoais entre os personagens.
Mas então, o que mais a dupla
poderia fazer?
Simples. Usar o real para questionar
a ficção, e a ficção para refletir sobre o real. Usando para isto dois heróis
de personalidades antagônicas, mas que nem por isso deixam de se respeitar. Lembra
algo? É eu sei. Mas isto aqui veio antes.
E logo na abertura da
primeira estória temos um Hal Jordan fazendo seu papel de quase policial,
que ao ver uma discussão entre um jovem e um senhor mais velho, vai em seu
ímpeto interferir, só para depois descobrir que o tal senhor era um mafioso que
explorava a população local, e é deste ponto de partida que portador do anel
verde da vontade começa a levar uma surra de realidade por parte do amigo
Oliver Queen, o Arqueiro Verde, já sem sua fortuna na época, perdida por uma
fraude, um ano antes na revista da “Liga da Justiça”.
O herói questionado
Surra
que prossegue na icônica cena em que Hal é interpelado por um senhor idoso
negro que o questiona sobre o porquê já ter ajudado seres de diferentes tons de
pele, mas nunca ter feito nada pelos negros, algo muito diferente do que se
tinha visto até então, pois ao contrário dos heróis negros que surgiram na onda
da chamada “black exploitation” para
combater o racismo, ali era um herói sendo questionado por uma pessoa comum,
numa estória na qual ainda apareciam as figuras de Martin Luther King e Robert
Kennedy.
E assim se dá início a
saga onde nenhuma certeza de seus personagens deixaria de ser questionada.
A capa que marcou uma época
Tanto
que se Hal Jordan teve sua surra de realidade, a de Oliver Queen foi um
verdadeiro fuzilamento, na histórica edição na qual lhe é revelado que Roy
Harper, o Speedy (ou Ricardito, na versão brasileira) havia se tornado um viciado
em heroína, e ao contrário do que se poderia imaginar do “avançado” Oliver, sua
atitude gerada pela decepção é de dar as costas para seu pupilo e parceiro,
cabendo a Jordan e Dinah Lance, a Canário Negro a missão de ajudar Roy e Oliver
a saírem daquele problema.
Aqui
vale abrir um parêntese para lembrar, que é justamente nesta saga que Canário
Negro passa a ser abertamente o interesse amoroso do Arqueiro Verde, criando junto
com Hal Jordan aquela que é chamada de a “Segunda Trindade da DC”.
Uma verdadeira roadie comic
Mas
se você que está lendo, acredita que apenas os humanos seriam questionados, ou
postos a prova, e ainda não teve contato com este clássico, te digo que até Appa Ali, um dos Guardiões de Oa, o planeta natal dos Lanternas Verdes, embarca nesta
nave, por assim dizer.
E que ao travar contato
direto com as sutilezas e truculências da natureza humana, acaba ao ajudar Hal
Jordan, sofrendo como retaliação por parte do conselho de Oa a punição perder
sua imortalidade.
A chegada de John Stweart
E como se isto tudo não
fosse suficiente, no fim de toda esta saga o mundo ainda é apresentado a um
novo Lanterna Verde, John Stweart.
Dizer
que o argumento cru, mas nunca deprimente de O’Neil, aliado ao traço realista e
de perspectiva espetaculares de Adams são referências até hoje seria chover no
molhado, mas neste momento ao escrever estas últimas linhas não há como não
ficar com um certo gosto amargo ao constatar o quanto tais personagens, sua
amizade e seus desafios não poderiam ainda render em diversas formas de mídia,
nos trazendo algo mais que meras duas horas de entretenimento escapista.
Ao
iniciar o “Ponte de Comando” com um artigo sobre o clássico da animação
Patrulha Estelar, citei que antes mesmo das aventuras da tripulação do Yamato
(dez anos para ser mais preciso) ganharem as telas, os estúdios Hannah-Barbera
já haviam dado um grande passo para desmistificação da arte da animação como
apenas um entretenimento infantil, e hoje venho falar desta verdadeira aventura
romântica, deste ato de ousadia, que atende pelo nome de seu protagonista, venho
falar de .... Jonny Quest!
Em
1963 já estabelecidos como os maiores produtores de animações para tevê do
mundo, graças ao sucesso de desenhos simples de baixo orçamento como “Os
Flintstones” e “ Zé Colmeia”, William Hannah e Joseph Barbera, decidiram que
era o momento de algo diferente.
Algo
não só diferente no conceito, mas que pudesse ter uma produção mais esmerada,
afinal ambos eram ainda remanescentes das animações feitas para as matinês dos
cinemas, da era pré-televisão, que possuíam orçamento e tempo, para um maior
digamos, refinamento.
Doug Wildey
E
para tal empreitada, Joe e Bill convocaram o cartunista Doug Wildey, já bem
conhecido por seu traço super realista que ilustrava HQ’s de cowboys e de
Tarzan, que não só influenciou no caracter
design, mas também em todos os cenários de fundo e na dinâmica das células
de animação, que chegavam ao esmero para
a época (e talvez para os dias de hoje também) de ter personagens que faziam
coisas como “piscar os olhos”, algo impensável para uma produção para tevê.
O traço realista de Doug Wildey, aqui no primeiro ensaio para Jezebel Jade em 1963
E
em 18 de setembro de 1964, embalado por uma abertura que mais parecia feita
para um filme live action, e com um tema absolutamente empolgante, ia ao ar o
episódio “O Mistério dos Homens Lagartos”, que abria a primeira das duas
temporadas, que mostravam as aventuras de Jonny, filho do Dr.Benton Quest, um
cientista brilhante, que anteriormente já havia trabalhado para os serviços de
inteligência norte-americanos; de seu tutor e guarda-costas Roger “Race” Bannon
que recebeu tal incumbência após as morte da mãe de Jonny, um personagem que
foi assumidamente baseado nas feições do ator Jeff Chandler bem conhecido na
época por participar de vários filmes de faroeste B; de seu cãozinho Bandit; e
Hadji, o menino hindu órfão que é adotado pelo Dr.Quest , sendo que aqui é
interessante ressaltar que Hadji não aparece neste primeiro episódio, ainda que
sua figura esteja na abertura, só tendo sua origem devidamente explicada no
sétimo episódio, “Aventura em Calcutá”.
Jeff Chandler, o ator foi a inspiração direta para o visual de Roger Bannon
Suas
estórias que como disse, misturavam o imponderável com o real de maneira quase
ímpar, se desenrolavam em cenários exóticos nos quatro cantos do mundo, indo da
Floresta Amazônica até o Círculo Polar Ártico. E colocavam seus protagonistas
hora de frente com monstros mitológicos e pré-históricos, hora contra espiões,
mercenários e criminosos de guerra, isto quando não misturavam ambas as
características numa coisa só.
Criaturas fantásticas ou simulacros delas, uma constante nas aventuras de Jonny Quest
Precisando
aqui ser feita uma pausa para a citação de dois personagens que são os únicos
além dos protagonistas que aparecem em mais de um episódio, e é lógico que
estou me referindo ao Dr.Zin e a Jezebel Jade.
Dr.Zin, o genial antagonista de Benton Quest
Uma
das características que talvez tenha dado maior dinamismo ao seriado tenha sido
o fato de sair do estereótipo do mesmo antagonista que se repete episódio após
episódio, porém, não é por causa disto que o arquétipo do arqui-inimigo ficaria
de fora, e aqui entra a figura do Dr.Zin, um cientista tão brilhante quanto
Quest, mas que por motivos nunca devidamente explicados, parecia possuir uma
rixa pessoal com o pai de Jonny, e volta e meia entrava no caminho de nossos
heróis, usando de subterfúgios que iam de um robô aranha espião até sequestrar
Roger Bannon colocando um sósia em seu lugar, plano que até poderia ter dado
certo se não fosse a desconfiança de Jonny e Hadji, e da providencial e sagaz
intervenção de Jade.
Jade, a espiã/mercenária, que surgia como um fator surpresa
Ahhh
Jade! Jezebel Jade era um elemento surpresa. Nunca tendo sua origem
absolutamente explicada, era um pedaço do passado de Roger, uma antiga parceira
e/ou amante, que transitava não só pelo mundo da espionagem, como pelo submundo
de Hong Kong, sua base de operações.
Bandit, o mascote que "roubava" a cena.
Mas
lógico que não apenas de tiroteios, perseguições e mortes (sim, pois em Jonny
Quest os vilões morriam, e morriam feio) a animação poderia viver, e para o tal
do “alívio cômico”, sempre se podia contar com Bandit, o mascote esperto e
atrapalhado, mas que também era responsável por infernizar a vida dos vilões e
ajudar nas soluções de vários problemas. Um personagem tão icônico que vários
cães na vida real acabaram sendo batizados como “Bandit” por sua causa (risos).
Chamadas de vídeo, uma das "inovações" previstas na série.
Fora
isto temos também a questão dos gadgets
e máquinas que previram o futuro, ou se tornaram inspiração para invenções.
Afinal como não se lembrar do “rádio” que fazia chamadas de vídeo, isto
inclusive antes de Star Trek, ou dos jatos que apareciam no seriado com
designers que na época pareciam futuristas, mas que serviram de base para o
desenvolvimento de aviões reais com o F-16 Falcon por exemplo.
Aviões com design futurista para época
Somando
tudo isto que citei, era de se esperar um sucesso estrondoso certo? Pois é, mas
não foi isto oque aconteceu.
Qual
a causa? Bem, de certa forma a animação não foi assimilada por boa parte de seu
público alvo na época, e a rede ABC que o veiculava, não vendo um resultado
comercial satisfatório, informou a Hannah e Barbera que não mais manteria a
atração no ar após duas temporadas totalizando 26 episódios apenas.
Porém,
a semente já havia sido plantada, e Jonny Quest se tornou uma referência para
dezenas de outras animações que vieram depois. Sempre sendo lembrado pela sua
criatividade e qualidade, além, lógico, da coragem de seus realizadores.
Com
o passar dos anos e o clamor popular, Jonny Quest voltaria às telas das tevês
em mais duas releituras, nos anos 1980 e 1990, mas nenhuma delas nem de perto
conseguiu repetir a qualidade e o esmero
do original, que hoje mais de 50 anos depois ainda se mantém como um dos
maiores marcos da arte da animação no mundo.
Dubladores principais da série clássica no Brasil (1964)