terça-feira, 10 de maio de 2022

Patrulha Estelar - Space Battleship Yamato 2205

 

Depois de algumas idas e vindas geradas pela pandemia, enfim chega até todos nós, Space Battleship Yamato 2205.

O terceiro dos remakes do Encouraçado Espacial Yamato, tão bem conhecido aqui em Terra Brasilis como Patrulha Estelar.

E aqui estou mais uma vez tentando resumir e resenhar esta que se pretende ser a primeira parte do que sempre chamamos de “A Saga dos Golbas”.

Bem no espírito destes remakes, logo de cara (para quem está acostumado com a saga clássica) vemos que elementos que em tese só seriam mostrados mais para frente na continuidade da saga já são inseridos aqui.

Alguns estabelecendo ótimos retcons, como no caso de como o império Galman-Gamilon se forma, e que nos brinda com Deslock pela primeira vez sendo Deslock (se você é fã da saga, sabe do que estou falando), libertando os galmans das garras da Federação Polar/Bolar do qual temos apenas um rápido vislumbre.

Assim como toda uma mitologia criada para explicar a criação e ligação entre Iscandar e Gamilon.

Sem falar na explicação para Iscandar não ter uma população como em Gamilon. Aliás, explicação que tem uma parte que deve ter feito Richard Donner lá do céu, abrir um sorriso de orelha a orelha.

Outros pontos, porém, apenas só servem para gerar um hype vazio que não se justifica, como no caso de terem trazido lá de “A Crise do Sol”, Ryusuke Domon, lhe dando uma suposta razão para odiar Derek Wildstar/Sussumu Kodai, mas que começa a ruir logo no começo, quando temos pela primeira vez nestes remakes Wildstar sendo Wildstar.

Estes três últimos parágrafos talvez então possam te dar, como eu tive ao assistir, a impressão que esta nova versão para o longa-metragem “A Nova Viagem” possa ter recuperado o espírito que fez da saga da Patrulha Estelar algo diferenciado de seus congêneres.

E ainda que, no que diz respeito aos retcons, esta nova animação se mostre superior ao confuso, para não dizer desastroso, ”Yamato 2202”, a falta de noção de quando parar, acaba colocando novamente a “carroça na frente dos bois”.

Exemplo?

Bem, na saga clássica a motivação para os golbas, que aqui mudaram de nome e são chamados de dezarians (não me perguntem por que), estavam minerando o que havia sobrado de Gamilon, pois o planeta tinha minérios que serviam de combustível para suas naves. Tudo simples e objetivo.

Mas aqui mais uma vez temos uma subtrama meio confusa, na qual os golbas (Não vou chamar de “dezarians” de jeito nenhum), parecem temer a energia de ondas da qual Iscandar é sua matriz. Algo que até existe na saga original, mas que só vai ser mencionado no longa seguinte “Para Sempre Yamato”.

Ou seja, atropelaram a narrativa mais uma vez.

Não que tudo numa adaptação tenha que ser igual a obra original, lógico que não. Mas tem coisas que simplesmente só servem para quebrar o clima, e gerar o anticlímax.

Anticlímax que se reflete em pontos chaves como na sequência em que a frota comandada pelo Yamato chega para ajudar Deslock na retirada dos últimos habitantes de Gamilon.

E sim, eu disse frota, pois aqui em mais uma mirabolante e desnecessária invencionice do roteiro, resolveram separar os principais protagonistas, dando a Sandor/Sanada e Lola/Yuki, o comando de duas outras naves.

Além de diminuir drasticamente a participação de outros personagens como Venture/Shima (que não ganhou promoção), o Dr.Sam e nosso querido IQ-9, que é substituído pela presença de três outros robôs do  mesmo modelo na ponte da nave de Sandor, a Hyuga, mas que só estão lá para vias de “penduricalho visual”.

E nem vou citar o arco final, que está anos luz de distância de causar o mesmo impacto do original, já que as intenções de Starsha são explanadas durante o decorrer da aventura, para só após uma ação de resgate da tripulação do Yamato, acabar se concretizando.

Durante quase todo decorrer de “2205” são citadas, como recortes em meio a trama, questões referentes ao contínuo do tempo pelos golbas (não vou chamar de dezarians mesmo!), algo que obvio é um gatilho para o futuro da trama, mas que não deixa de colocar uma “pulga atrás da orelha”.

Isto por duas questões.

A primeira é que em “2202” já tivemos a péssima ideia do lapso temporal no centro da Terra.

E segundo que ao que tudo indica teremos o tema “viagem do tempo” no próximo remake. O que não seria nada demais, se na saga original os golbas, numa sacada de roteiro genial, já tivessem usado este plot como artífice para enganar a tripulação do Yamato.

Mas ao que parece no futuro remake, que atenderá pelo nome de “3199 Rebel” esta questão não será apenas um mero artífice. Como já deixa praticamente explícito a cena pós-créditos no fim do último dos oito episódios.

E aí vem a grande pergunta.

Rebel 3199 - Anunciado como o último dos atuais remakes

Como o futuro “Space Battleship Yamato 3199 - Rebel” fará para equacionar, viagem no tempo, os golbas (nada de dezarians) e até uma possível presença da Federação Polar, já que este já foi anunciado como sendo o último dos atuais remakes?

Então como saldo positivo de “Yamato 2205”, acredito que podemos tirar um Deslock mais próximo, ainda que tardiamente, daquilo que nos acostumamos a ver; algumas explicações bacanas, ainda que nem sempre tão necessárias; e a pouca duração deste remake, que não deu tempo para aquela espiral de “filosofia de divã” de “2202”, ainda que tenham tentado colocá-la aqui.

Na atual conjuntura das animações nipônicas, em sua maioria repletas de personagens rasos e bizarros, cheias dos piores cacoetes narrativos possíveis, não se pode negar que a nova versão das aventuras do Encouraçado Espacial Yamato não seja uma boa exceção.

Mas que ainda patina na tentativa de replicar elementos fundamentais de sua mitologia, enquanto tenta se distanciar por vezes da mesma.



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