Aqui no blog já foram
realizados alguns artigos sobre as principais produtoras de conteúdo de
animação que fizeram a alegria de nossas manhãs (e as vezes tardes também).
Hanna-Barbera,
Ruby&Spears e Filmation já tiveram suas histórias contadas aqui. Contudo,
ainda havia uma produtora que muito contribuiu para nossas memórias atuais, e
não poderia deixar de mencionar.
A DIC Entertainment
Productions!
Criada na França em 1971
por Jean Chalopin, a DIC (sigla para Difusão, Informação e Comunicação), que
iniciou suas atividades como uma divisão da Radio Television Luxembourg.
Jean Chalopin |
E foi assim até 1982,
quando foi fundado seu “braço” norte-americano em Burbank (Califórnia), por
Andy Heyward, um ex-roteirista da Hanna-Barbera, a princípio com a única intenção de traduzir para inglês as produções da produtora.
Andy Heyward |
Porém, a DIC dentro dos
Estados Unidos teve dificuldade de se estabelecer, devido a algumas políticas
consideradas antissindicalista.
O que levou a empresa a
ganhar uma renomeação para sua sigla, que passou a ser conhecida como “Do It
Cheap , em português algo como “Faça Isto Barato”.
Apesar disto com a
chegada dos diretores de animação, Bruno Bianchi e Bernard Deyres, a DIC
começou a se tornar uma empresa de animação eficaz. Na mesa época, Heyward
desenvolveu aquele que seria o primeiro sucesso da produtora, Inspetor
Bugiganga.
Bernard Deyres e Chalopin |
Abrindo inclusive as
portas para parcerias com fabricantes de brinquedos, afinal, nada financiava
mais as animações naquela época que a venda dos brinquedos ligados a elas.
Numa jogada comercial bem pensada, em 1985, a DIC abriu sua própria instalação de animação no Japão, com o intento de contornar os entraves burocráticos de subcontratações no exterior. Estreitando uma relação que tinha se iniciado em 1981 com a animação "Ulysses 31".
Ulysses 31- A primeira incursão da DIC com os japoneses. |
O que nos leva a pelo menos
duas produções que passaram aqui no Brasil, e que muitos percebiam nitidamente
um “dedinho nipônico” ali.
Fora lógico um certo
grau de esmero que os demais produtos da DIC nunca tiveram.
M.A.S.K
E lógico...
Jayce e os Guerreiros
do Espaço.
Que além deste citado
esmero, tinham temas musicais que ficaram indelevelmente marcados na memória.
Porém, se notabilizando mais por animações de “comédia rasgada” como costumo me referir, como nos casos de:
Lord Gato/Heathcliff (não confundir com as animações com mesmo personagem feitas pela Ruby&Spears),
Dennis o Pimentinha,
Indo até versões animadas
de “Alf o ETeimoso”,
E o “Os Caça Fantasmas”
(sim, aqui são aqueles do filme e não os da Filmation).
Passando por animações
extraídas de videogames como:
Pole Position (outra que tinha um tema musical excelente!).
Super Mario Bros.
E Double Dragon.
Ah sim! E não nos
esquecendo de “Capitão Planeta” e do reboot da franquia GI Joe que tinha como
pretensão dar continuidade nos eventos da série clássica da Sunbow (este
especificamente um verdadeiro tiro na água).
Contudo sua história
interna sempre foi bastante inconstante e cheira de reviravoltas.
Em 1987, Heyward compra
de Chalopin sua parte da empresa, ficando com 52% das ações e tornando o braço
estadunidense da DIC sua base central de operações.
Ainda que Chalopin
tenha mantido seus escritórios originais na França, onde formou uma nova
empresa chamada de C&D (Creativity & Development) para continuar
produzindo animações.
Mas calma, porque numa
virada digna de filme de suspense, Heyward lotado de dívidas vendeu a DIC para
Saban Productions (sim, mesma dos Power Rangers), que então vendeu os direitos
para ninguém menos que a C&D de Chalopin.
Só que a doidera não
termina aqui...
Pois a despeito da
parte comercial da coisa ter sido uma montanha-russa, no começo dos anos 1990,
época de um verdadeiro marasmo nas produções de animações televisivas, a DIC
conseguiu ter até 60% do mercado dos canais de tevê estadunidenses, no famoso
horário dos sábados pela manhã.
Speed Racer X - Uma dos animes distribuídos nos USA pela DIC |
Além de ser responsável
nos Estados Unidos pela distribuição e as vezes dublagem de animações nipônicas
como “Sailor Moon”, “Cavaleiros do Zodíaco” e “Speed Racer X”.
Mas a DIC não ficou
restrita as animações (infelizmente). E resolveu enveredar pelas inóspitas
plagas dos tokusatsus.
Produzindo ao menos
duas produções que marcaram época, ainda que exatamente pela sua qualidade.
“Super Human Samurai
Syber Squad” (eita nome comprido sem necessidade!) que chegou a passar em Terra
Brasilis graças a saudosa Rede Manchete. Que nada mais era que uma versão de uma
série chamada “Denkou Choujin Gridman” da Tsuburaya (por isto a semelhança com
Ultraman).
E “Os Jovens Guerreiros
Tatuados de Beverly Hills”. Esta uma tranqueira tão absurda que mesmo para um tokusatsu,
era muito, muito tosca.
E se aventurando até nos cinemas com a versão live action de seu primeiro sucesso, o Inspetor Bugiganga, que foi encarnado por Matthew Broderick, na época me que a empresa estava sob a tutela da Disney.
Além de uma bizarrice (mais
uma) chamada “Os Irmãos Id e Ota”, que passava quase uma vez por mês no SBT
anos atrás, e nada mais era que um caça-níqueis bem sofrível do sucesso “Debi e
Loide”.
Passando por diversos
donos a longo de sua saga, a DIC chegou até mesmo ser propriedade da Disney.
Isto até 2000, quando Heyward conseguiu comprar a empresa de novo.
Isto até 2008 quando o
selo DIC foi extinto ao ser comprado (nossa parece a bolsa de valores isto)
pela distribuidora canadense CINAR (mais tarde Cookie Jar), que é um braço da
empresa de entretenimento infantil WildBrain (nome estranho para uma empresa
deste tipo).
De todas as produtoras
de animações que presentes na era de ouro das animações para tevê a DIC com
certeza foi a que teve a trajetória mais atribulada, mas que não a impediu de
deixar sua marca em nossas memórias.