Tem algumas coisas que
passam do limite da compreensão.
Quando Damon Albarn,
vocalista da banda Blur, se juntou em 1998 com o cartunista Jamie Hewllet e
criaram a banda virtual Gorilaz, toda uma geração mais perdida que pacifista em
reunião da NRA, abraçou aquela armação como se fosse a reinvenção da roda.
Provando que a memória
do povo é mais curta que paciência de criança em casamento. Portanto, este
artigo é para provar que este papo de “artista virtual” vem de muito tempo,
mostrando alguns grandes artistas virtuais que já estavam entre nós bem antes. Então vamos lá!
Josie and the Pussycats:
Josie and Pussycats (ou Josie e as Gatinhas), não foram a primeira banda de desenho animado a invadir as telas de tevê, mérito este que recai sobre outra criação dos estúdios Hanna-Barbera, os Impossíveis.
Contudo, aqui as coisas escalaram um outro patamar, pois o sucesso das garotas e da música tema que abria a animação, fizeram a HB dar um passo além, e de fato criar a banda “Josie and the Pussycats”.
E da qual fazia parte
inclusive Cheryl Moor, que depois que mudou o sobrenome para Ladd, e ficaria de
vez famosa ao substituir Farah Fawcett no seriado “As Panteras”.
Chegando a lançar alguns
singles, e até um álbum completo, mas que não alcançaram o sucesso esperado.
Tendo
décadas depois ganhado um filme live action, em roupagem digamos, mais
moderna.
A
Hanna-Barbera, logicamente teria uma infinitude de outras bandas virtuais como "Os Netunos" de Tutubarão, "Butch Cassidy and Sundance Kid" da animação de mesmo
nome, mas nenhuma tão marcante como Josie e suas amigas.
Lynn Minmay:
Ainda que não tenha sido a primeira artista virtual, Minmay foi um verdadeiro marco na cultura pop nipônica.
A personagem, que surgiu na franquia “Macross”, tinha
a voz cantora e dubladora Mari Iijima, e foi a primeira artista virtual a de
fato se dar bem junto ao maistream real. Abrindo caminho para um “filão”
que os japoneses passaram a dominar como ninguém.
Priss and The Replicants:
Lynn Minmay pode até
ter aberto as portas da música virtual das animações nipônicas, mas nenhuma
série de animação soube explorar a música pop/rock tão bem quanto Bubblegum
Crisis.
Tendo como uma das
protagonistas Priss Asagiri, que era líder da banda Priss and the Replicants, e
que era interpretada pela cantora e dubladora Kinuko Oomori.
Com
certeza se você cresceu entre as décadas de 1980 e 1990 deve se lembrar delas.
Jem and the Holograms, a banda de meninas que reproduzia a estética glam
da época.
A série foi uma criação
conjunta da Hasbro, Sunbow e Marvel (o mesmo trio responsável pela animação
clássica dos GI Joes). E mostrava as aventuras (pasmem) de Jerrica, a dona de
uma gravadora, que era uma espécie de alterego de Jem, a cantora. Tudo no melhor estilo super-heroína.
Sua voz era dada pela
musicista Samantha York, e os videoclipes da animação, por incrível que pareça,
chegavam a passar na programação normal da MTV estadunidense na época.
Em 2015, assim como no
caso de Josie and Pussycats, chegaram a fazer um filme live action, mas que
fracassou e quase ninguém lembra que foi feito.
Steel Dragon:
E
para não dizer que não citei nada em live action, trago a banda Judas... Ops! Desculpe... (risos).
Trago
o Steel Dragon, a banda fictícia que foi criada após Rob Halford não dar
autorização para usar seu nome no filme “Rockstar”, que ao menos pelo que reza
a lenda urbana contaria a história de como um fã do Judas Priest, o cantor Tim
Owens, se tornou membro da banda.
Aqui
além dos atores temos músicos de verdade na banda. Zakk Wilde (Ozzy Osbourne –
guitarra), Jeff Pilson (Doken – baixo) e até Jason Boham (Black Country Communion
– bateria).
Sendo
que os atores que fizeram os dois "cantores" da Steel Dragon ganharam as vozes ao
estarem no palco de Jeff Scott Soto (Talisman) para o ator Jason Flemying, e Miljenko “Mike” Matijevic (Steelheart) para Mark Walhberg.
Ah sim! E o filme ainda conta com uma ponta de um ainda desconhecido na época Myles Kennedy (Alter Bridge) que obviamente não precisou ser dublado (risos).
O negócio é que aqui, apesar de se tratar de um live action e de uma banda fictícia, as músicas de Rockstar, compostas por um time do calibre do próprio Matijevic (We All Die Young), ou o icônico Sammy Hagar (Stand Up and Shout), passaram a ser executadas mundo a fora nas vozes que as executaram no filme, extrapolando a barreira da simples “trilha sonora”.
Lógico que ainda existem
por aí vários outros exemplos que poderia citar, mas creio que este foi um bom
compilado de quando a música virtual invade o mundo real.
Este
artigo é dedicado a memória de Solange Torresi. Grande conhecedora de música.
Testemunha ocular e auditiva do primeiro show do Queen no Brasil em 1981. Que
com sua doçura e espírito irrequieto nunca se deixou parar no tempo. Iluminando
este mundo e me honrando demais com sua amizade.