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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Os 10 melhores temas de abertura de seriados live action

          Algumas semanas atrás havia feito uma lista daquelas que considerava os dez melhores temas de abertura de animações que passaram na tevê brasileira.
            E para ser justo cheguei a conclusão que uma lista com os dez melhores temas de seriados “live action” também se fazia necessária, sendo assim:

10 – C.H.I.P’s



09 – O REGRESSO DE ULTRAMAN



08 – SMALLVILLE



07 – O SUPER-HERÓI AMERICANO



06 – CHANGEMAN



05 – ÁGUIA DE FOGO



04 – S.W.A.T



03 – ESQUADRÃO CLASSE A



02 – SPECTREMAN



01 – ARQUIVO X

























quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Gárgulas

      Década de 1990. A até então calmaria que reinava pelo marasmo nas tevês estadunidenses, tinha sido abalada com a chegada de Batman The Animated Series, uma série de animação de tons mais sombrios, e pegada mais densa, que não apenas lançou uma nova perspectiva sobre o cruzado encapuzado de Gotham como se tornou o ponto de partida para o que viria a ser chamado posteriormente de TimmVerse, uma alusão ao seu principal criador Bruce W Timm.

     E em meio ao absurdo sucesso da animação da concorrente Warner, lógico que a Disney não poderia ficar de fora, e tomando folego e uma boa dose de coragem para fazer algo fora de seus padrões mundialmente conhecidos, a empresa de Mickey e companhia, saiu da zona de conforto, e nos presenteou com uma aventura única que unia ação, realismo (na medida do possível), uma certa ousadia e até Shakespeare, e que sobre a qual agora passo a contar.



      24 de outubro de 1994, ia ao ar pela primeira vez Gárgulas, um seriado de animação criado por Greg Weisman, um ex-professor de inglês, que também o produziu junto com Frank Paur que até um ano antes era um dos principais diretores do já citado Batman TAS, e ainda tinha como um dos principais roteiristas Michael Reaves que havia trabalhado em Caverna do Dragão.
E que já começava de forma diferente, tendo seu primeiro episódio, “Despertar”, sendo dividido em cinco partes, que mais tarde foram lançados no mercado de vídeo como um longa-metragem.
Mostrando as aventuras e também desventuras de um clã de criaturas místicas, que a noite eram de carne e osso, mas que durante o dia ficavam como em hibernação transformados em estátuas de pedra, e que há mil anos antes na Escócia, tinham sido traídos pelos humanos que haviam jurado defender e sobre os quais foi jogada uma maldição que os aprisionou em sua forma diurna.

Elisa Maza e os Gárgulas

Mas isto até a chegada de um bilionário norte-americano chamado David Xanatos que leva todo o castelo para o centro de Manhathan, que é reconstruído tijolo por tijolo no alto do prédio de suas das empresas, logo libertando os Gárgulas de seu feitiço. Personagem este que seguindo o exemplo de Roger Bannon em Jonny Quest, também foi baseado num ator real, só que desta vez com um detalhe a mais, pois além de ter ganho feições inspiradas em Jonathan Frakes, o Capitão William Riker de Star Trek-New Generation, ainda ganhou sua voz. Ainda que o criador da série negue esta versão.

Jonathan Frakes, voz e inspiração visual de David Xanatos

Ao serem libertos pelo inescrupuloso empresário que secretamente tinha a intenção de usá-los como armas, os Gárgulas, liderados por Golias, logo assumem que deveriam continuar, como que em agradecimento pelo “favor” de Xanatos, a serem aquilo que já eram, protetores.
E a exceção de Golias, todos os demais acabam por adotar nomes de locais de seu novo lar.
Broadway, Brooklyn e Lexington que eram os principais amigos de Golias; Hudson que era o gárgula ancião que possuía uma cicatriz em um dos olhos fruto de uma batalha antiga e que muitas vezes funcionava como consciência do próprio Golias; e lógico Bronx, o mascote do grupo que em última análise podia ser comparado a um cachorro.

Golias luta contra sua versão androide.

E assim se inicia a saga que conforme ia passando e agregando mais personagens ia crescendo e abrindo seu leque de subtramas.
E como tinham subtramas...
Pra começar lógico temos que falar do romance entre Golias e a corajosa policial Eliza Masa. Pois é, só que este romance nada ortodoxo, logicamente baseado em “A Bela e a Fera” sempre passou longe do conto de fadas. Aqui a princesa além de usar uma pistola .45, não tem seu “fera” transformado em príncipe, e nem o “ogro” da vez tem sua princesa metamorfoseada em outra “ogra”. Até há um episódio que tais transformações ocorrem, porém, ao final do capítulo ambos retornam as suas formas originais, enfatizando que tais diferenças na verdade os uniam mais que os separavam. Exemplo, aliás, que é mostrado de forma clara na família da própria Elisa, cujo seu pai era um indígena e sua mãe negra, isto ainda bem antes da avalanche do politicamente correto. Aqui valendo lembrar que Diane, a mãe de Eliza, tinha sua voz feita por ninguém menos que Nichele Nichols, a comandante Uhura, de Star Trek, a série clássica.

Nichele Nichols, a voz de Diane, a mãe de Eliza Maza

      Fora isto não há como deixar de citar o episódio “Força Mortal” em que Broadway ao mexer na arma de Elisa, a dispara por acidente, atingindo a policial, e ao menos na época de sua primeira exibição, colocando a Disney na “saia justa” que temia acontecer junto ao seu público “padrão família”. E ainda que a intenção tivesse sido das mais nobres, tentando alertar para o perigo das armas de fogo, os protestos de pais se dizendo ultrajados acabaram acontecendo.

Eliza no hospital, cena do "polêmico" episódio "Força Mortal".

      Mas como não dá pra se fugir do passado, mesmo que passados mil anos, este veio bater a porta de Golias através de Demona, sua antiga companheira que julgava estar morta. Contudo, a personalidade de Demona, que convencida por Mac Beth (uma das muitas citações shakespearianas da animação) de que Golias tinha traído sua espécie, os tornando os últimos dela, faz com que ela se volte contra todos, ainda que eventualmente se aliando a MacBeth ou ao próprio Xanatos.

Mac Beth e Demona, uma "relação" pra lá de complicada

Mesmo após a saga do “Portal de Fênix”, na qual a trama principal faz uma pausa, e Golias, Eliza e Bronx viajam para diferentes lugares, como o Japão, no qual encontram outros clãs de Gárgulas vivos, ou quando surge Angela, sua filha com Golias, dada como perdida e que tinha crescido em Avalon, lar da chamada “terceira raça” não se demove de sua vingança.

O clã Ishimura do Japão, outros Gárgulas vivos além dos heróis.

A “terceira raça”, esta então é uma estória a parte dentro da estória dos protagonistas. A assim chamada terceira raça eram seres místicos que viviam em Avalon, regidos pelo rei Oberon (dá-lhe Shakespeare de novo!), que os exilou por mil anos (coincidência?) para viverem junto aos humanos afim que aprendessem humildade, e aí você descobre que muita coisa não era do jeito que se imaginava que fosse. Como Owen Burnett, o mordomo de Xanatos, que na verdade se chamava Puck, outro personagem que ganhou a voz de um ator de Star Trek, desta vez o Mr.Data, Brent Spinner.

Brent Spinner, mais um nome de Star Trek no cast de vozes da série.

Mas este era um ponto menor quando comparado ao que Titania, esposa de Oberon tinha feito. Pois durante sua estada no mundo dos homens acabou por se casar com outro bilionário, Halcyon Renard, com o qual teve uma filha, Janine, vulgo Fox. E Fox por sua vez acabou engatando um romance e tendo um filho com ninguém menos que David Xanatos.

Halcyon Renard, o "sogro" de Xanatos

Parece complicado? Pois é. E complica ainda mais quando Oberon vem buscar seus súditos e esposa, e ao descobrir o filho de Fox, resolve que vai levar o bebê consigo para Avalon. Fato que desencadeia uma das maiores reviravoltas que já foram vistas numa animação feita para a tevê.

Janine (Fox) e Xanatos

E estes são apenas alguns dos elementos que tornaram Gárgulas, um clássico atemporal. Tão importante que lógico teria que render uma “continuação”, que aconteceu em 1996 através de “Gárgulas – As Crônicas de Golias”, mas que não vingou por motivos que iam desde sua animação precária, até o não envolvimento de seu criador, oque contribuiu para sua descaracterização.



Fora isto em 1995 a Marvel lançou sua versão para quadrinhos da saga dos ‘’defensores da noite”. Iniciativa retomada em 2006 pela Slave Labor Graphics, aí sim, com a participação de Greg Weisman que retomava a saga do ponto em que havia se encerrado na tevê.



Aí tenho certeza que você que está lendo estas últimas linhas deve estar se indagando. E um filme? Ninguém jamais pensou nisto?
E eu te digo que... SIM!
Em 2015 foi vazada uma notícia de que a Disney em associação com a Marvel estariam pensando numa versão live action.
Bem, na verdade, não bem a empresa, e sim Kevin Feige, o chefão do "Universo Cinematográfico da Marvel" que à época disse:

Eu sempre me perguntei por que diabos a Disney não decidiu transformar Gárgulas em um evento cinematográfico”.

    Mas ao que parece por hora, com o sucesso de várias franquias que a empresa do camundongo tem em mãos no momento, ainda vamos ter  que aguardar o dia (ou melhor, a noite) em que teremos o prazer de vermos o retorno dos Gárgulas, os defensores da noite. 




















terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Lanterna Verde e Arqueiro Verde.

    Talvez fosse só uma questão de tempo. O cinema já viveu várias eras, a dos musicais, a dos “westerns” e algumas outras. E hoje não há como se fugir do fato que se vive a era dos filmes de “Heróis de HQs”.

Oliver Queen e Hal Jordan

      Contudo, em meio à enxurrada anual de produções do gênero, a maioria sem a menor relevância artística ou histórica, sempre há de se sentir falta de algum, ou alguns, personagens, que protagonizaram estórias absolutamente icônicas para a sua mídia materna. Tão icônicas que se tornaram referências para outras obras não só na mesma vertente midiática como para todo o mundo da assim chamada “cultura pop”, e é sobre uma destas estórias (quase uma lenda urbana) que vamos falar hoje, e estou me referindo à saga que uniu Lanterna Verde e Arqueiro Verde.
         No fim dos a nos 1960, não só os Estados Unidos como o mundo, viviam uma era de ebulição sócio política cultural intensa, e as ilusões da primeira geração pós Segunda Guerra se dissiparam no ar na velocidade de um caça a jato. E com a censura se “afrouxando” em vários setores, as HQ’s que sofreram durante vários anos com uma perseguição e restrição intensas, começaram a permitir e até estimular que seus artistas ousassem mais.

Nem sempre a mais calma das amizades

      E foi com este espírito que no começo de 1970 o editor da DC Comics, Julius Schwartz, convocou Dennis O’Neil e Neal Adams para uma nova empreitada. Na época O’Neil e Adams já tinham sido responsáveis por lançar mais de 70% do que conhecemos como o “Batman moderno”, não só resgatando a maior parte da visão soturna dos criadores do “Morcego de Gotham” como dando dinamismo ao roteiro e costurando como nunca antes as relações interpessoais entre os personagens.
       Mas então, o que mais a dupla poderia fazer? 
    Simples. Usar o real para questionar a ficção, e a ficção para refletir sobre o real. Usando para isto dois heróis de personalidades antagônicas, mas que nem por isso deixam de se respeitar. Lembra algo? É eu sei. Mas isto aqui veio antes.



         E logo na abertura da primeira estória temos um Hal Jordan fazendo seu papel de quase policial, que ao ver uma discussão entre um jovem e um senhor mais velho, vai em seu ímpeto interferir, só para depois descobrir que o tal senhor era um mafioso que explorava a população local, e é deste ponto de partida que portador do anel verde da vontade começa a levar uma surra de realidade por parte do amigo Oliver Queen, o Arqueiro Verde, já sem sua fortuna na época, perdida por uma fraude, um ano antes na revista da “Liga da Justiça”.

O herói questionado

Surra que prossegue na icônica cena em que Hal é interpelado por um senhor idoso negro que o questiona sobre o porquê já ter ajudado seres de diferentes tons de pele, mas nunca ter feito nada pelos negros, algo muito diferente do que se tinha visto até então, pois ao contrário dos heróis negros que surgiram na onda da chamada “black exploitation” para combater o racismo, ali era um herói sendo questionado por uma pessoa comum, numa estória na qual ainda apareciam as figuras de Martin Luther King e Robert Kennedy.


          E assim se dá início a saga onde nenhuma certeza de seus personagens deixaria de ser questionada.

A capa que marcou uma época


            Tanto que se Hal Jordan teve sua surra de realidade, a de Oliver Queen foi um verdadeiro fuzilamento, na histórica edição na qual lhe é revelado que Roy Harper, o Speedy (ou Ricardito, na versão brasileira) havia se tornado um viciado em heroína, e ao contrário do que se poderia imaginar do “avançado” Oliver, sua atitude gerada pela decepção é de dar as costas para seu pupilo e parceiro, cabendo a Jordan e Dinah Lance, a Canário Negro a missão de ajudar Roy e Oliver a saírem daquele problema.




        Aqui vale abrir um parêntese para lembrar, que é justamente nesta saga que Canário Negro passa a ser abertamente o interesse amoroso do Arqueiro Verde, criando junto com Hal Jordan aquela que é chamada de a “Segunda Trindade da DC”.


Uma verdadeira roadie comic

      Mas se você que está lendo, acredita que apenas os humanos seriam questionados, ou postos a prova, e ainda não teve contato com este clássico, te digo que até Appa Ali, um dos Guardiões de Oa, o planeta natal dos Lanternas Verdes, embarca nesta nave, por assim dizer. 





     E que ao travar contato direto com as sutilezas e truculências da natureza humana, acaba ao ajudar Hal Jordan, sofrendo como retaliação por parte do conselho de Oa a punição perder sua imortalidade.

A chegada de John Stweart

        E como se isto tudo não fosse suficiente, no fim de toda esta saga o mundo ainda é apresentado a um novo Lanterna Verde, John Stweart.
     Dizer que o argumento cru, mas nunca deprimente de O’Neil, aliado ao traço realista e de perspectiva espetaculares de Adams são referências até hoje seria chover no molhado, mas neste momento ao escrever estas últimas linhas não há como não ficar com um certo gosto amargo ao constatar o quanto tais personagens, sua amizade e seus desafios não poderiam ainda render em diversas formas de mídia, nos trazendo algo mais que meras duas horas de entretenimento escapista.

























quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Jonny Quest

Ao iniciar o “Ponte de Comando” com um artigo sobre o clássico da animação Patrulha Estelar, citei que antes mesmo das aventuras da tripulação do Yamato (dez anos para ser mais preciso) ganharem as telas, os estúdios Hannah-Barbera já haviam dado um grande passo para desmistificação da arte da animação como apenas um entretenimento infantil, e hoje venho falar desta verdadeira aventura romântica, deste ato de ousadia, que atende pelo nome de seu protagonista, venho falar de .... Jonny Quest!



Em 1963 já estabelecidos como os maiores produtores de animações para tevê do mundo, graças ao sucesso de desenhos simples de baixo orçamento como “Os Flintstones” e “ Zé Colmeia”, William Hannah e Joseph Barbera, decidiram que era o momento de algo diferente.
Algo não só diferente no conceito, mas que pudesse ter uma produção mais esmerada, afinal ambos eram ainda remanescentes das animações feitas para as matinês dos cinemas, da era pré-televisão, que possuíam orçamento e tempo, para um maior digamos, refinamento.

Doug Wildey

E para tal empreitada, Joe e Bill convocaram o cartunista Doug Wildey, já bem conhecido por seu traço super realista que ilustrava HQ’s de cowboys e de Tarzan, que não só influenciou no caracter design, mas também em todos os cenários de fundo e na dinâmica das células de animação,  que chegavam ao esmero para a época (e talvez para os dias de hoje também) de ter personagens que faziam coisas como “piscar os olhos”, algo impensável para uma produção para tevê.

O traço realista de Doug Wildey, aqui no primeiro ensaio para Jezebel Jade em 1963


E em 18 de setembro de 1964, embalado por uma abertura que mais parecia feita para um filme live action, e com um tema absolutamente empolgante, ia ao ar o episódio “O Mistério dos Homens Lagartos”, que abria a primeira das duas temporadas, que mostravam as aventuras de Jonny, filho do Dr.Benton Quest, um cientista brilhante, que anteriormente já havia trabalhado para os serviços de inteligência norte-americanos; de seu tutor e guarda-costas Roger “Race” Bannon que recebeu tal incumbência após as morte da mãe de Jonny, um personagem que foi assumidamente baseado nas feições do ator Jeff Chandler bem conhecido na época por participar de vários filmes de faroeste B; de seu cãozinho Bandit; e Hadji, o menino hindu órfão que é adotado pelo Dr.Quest , sendo que aqui é interessante ressaltar que Hadji não aparece neste primeiro episódio, ainda que sua figura esteja na abertura, só tendo sua origem devidamente explicada no sétimo episódio, “Aventura em Calcutá”.

Jeff Chandler, o ator foi a inspiração direta para o visual de Roger Bannon

Suas estórias que como disse, misturavam o imponderável com o real de maneira quase ímpar, se desenrolavam em cenários exóticos nos quatro cantos do mundo, indo da Floresta Amazônica até o Círculo Polar Ártico. E colocavam seus protagonistas hora de frente com monstros mitológicos e pré-históricos, hora contra espiões, mercenários e criminosos de guerra, isto quando não misturavam ambas as características numa coisa só.

Criaturas fantásticas ou simulacros delas, uma constante nas aventuras de Jonny Quest

Precisando aqui ser feita uma pausa para a citação de dois personagens que são os únicos além dos protagonistas que aparecem em mais de um episódio, e é lógico que estou me referindo ao Dr.Zin e a Jezebel Jade.

Dr.Zin, o genial antagonista de Benton Quest

Uma das características que talvez tenha dado maior dinamismo ao seriado tenha sido o fato de sair do estereótipo do mesmo antagonista que se repete episódio após episódio, porém, não é por causa disto que o arquétipo do arqui-inimigo ficaria de fora, e aqui entra a figura do Dr.Zin, um cientista tão brilhante quanto Quest, mas que por motivos nunca devidamente explicados, parecia possuir uma rixa pessoal com o pai de Jonny, e volta e meia entrava no caminho de nossos heróis, usando de subterfúgios que iam de um robô aranha espião até sequestrar Roger Bannon colocando um sósia em seu lugar, plano que até poderia ter dado certo se não fosse a desconfiança de Jonny e Hadji, e da providencial e sagaz intervenção de Jade.

Jade, a espiã/mercenária, que surgia como um fator surpresa
Ahhh Jade! Jezebel Jade era um elemento surpresa. Nunca tendo sua origem absolutamente explicada, era um pedaço do passado de Roger, uma antiga parceira e/ou amante, que transitava não só pelo mundo da espionagem, como pelo submundo de Hong Kong, sua base de operações.

Bandit, o mascote que "roubava" a cena.

Mas lógico que não apenas de tiroteios, perseguições e mortes (sim, pois em Jonny Quest os vilões morriam, e morriam feio) a animação poderia viver, e para o tal do “alívio cômico”, sempre se podia contar com Bandit, o mascote esperto e atrapalhado, mas que também era responsável por infernizar a vida dos vilões e ajudar nas soluções de vários problemas. Um personagem tão icônico que vários cães na vida real acabaram sendo batizados como “Bandit” por sua causa (risos).

Chamadas de vídeo, uma das "inovações" previstas na série.

Fora isto temos também a questão dos gadgets e máquinas que previram o futuro, ou se tornaram inspiração para invenções. Afinal como não se lembrar do “rádio” que fazia chamadas de vídeo, isto inclusive antes de Star Trek, ou dos jatos que apareciam no seriado com designers que na época pareciam futuristas, mas que serviram de base para o desenvolvimento de aviões reais com o F-16 Falcon por exemplo.

Aviões com design futurista para época 
Somando tudo isto que citei, era de se esperar um sucesso estrondoso certo? Pois é, mas não foi isto oque aconteceu.
Qual a causa? Bem, de certa forma a animação não foi assimilada por boa parte de seu público alvo na época, e a rede ABC que o veiculava, não vendo um resultado comercial satisfatório, informou a Hannah e Barbera que não mais manteria a atração no ar após duas temporadas totalizando 26 episódios apenas.



Porém, a semente já havia sido plantada, e Jonny Quest se tornou uma referência para dezenas de outras animações que vieram depois. Sempre sendo lembrado pela sua criatividade e qualidade, além, lógico, da coragem de seus realizadores.


Com o passar dos anos e o clamor popular, Jonny Quest voltaria às telas das tevês em mais duas releituras, nos anos 1980 e 1990, mas nenhuma delas nem de perto conseguiu repetir a qualidade  e o esmero do original, que hoje mais de 50 anos depois ainda se mantém como um dos maiores marcos da arte da animação no mundo.





           Dubladores principais da série clássica no Brasil (1964)

Jonny Quest - Rafael Cortez Neto

Roger "Race" Bannon - Dennis Carvalho
Dr. Benton Quest - Amaury Costa
Hadji - Olney Cazarré