É difícil escrever sobre algo que tantos já disseram tanto por tanto tempo.
Contudo, estando todos nós vivendo a era dos filmes de super-heróis nos dias de hoje, não há como não se fazer uma viagem no tempo, para não apenas revistar este clássico, mas também para mostrar que 99.9% de tudo que é feito hoje sofre a influência deste filme, que lá em 1978 criou uma espécie de “cartilha básica” de como se fazer filmes do gênero.
Dirigido pelo já experiente, mas até então pouco conhecido Richard Donner (A Profecia), o filme iniciou sua produção em março de 1977 já propondo algo inédito até então, filmar dois filmes ao mesmo tempo, que já estariam previamente ligados. Sim! Pois se você que está lendo este texto e viu o filme se lembra, Superman - O Filme, tem como sua cena inicial o julgamento do General Zod (Terence Stamp), que é enviado para “Zona Fantasma” com seus asseclas Noh e Ursa, que viriam a se tornar os vilões de Superman II.
Uma ideia que nitidamente foi a sementinha dos hoje “universos compartilhados” com seus filmes de tramas previamente interligadas.
Além disto, talvez baseado um pouco nos filmes catástrofes produzidos por Irwin Allen que eram sucesso na época, Superman foi recheado por um mega-elenco de estrelas que tinha nomes como Gene Hackman, Marlon Brando, Trevor Howard e Glenn Ford.
Gene Hackiman e seu Lex Luthor de humor cínico. |
Algo que Cristopher Nolan deixou claro ser um dos pontos bases de sua trilogia do Batman, além de outras inspirações dadas pelo filme.
Christopher Nolan e Richard Donner - Influências diretas |
Mas espera aí! E o protagonista? É, aí temos um caso a parte, e talvez único.
Pois como sabemos, para o papel de Kal El/Clark Kent/ Superman, foi escolhido o até então desconhecido Cristopher Reeve, e sua composição para o personagem se tornou algo único, até hoje nem de longe equiparado, pois ao contrário de seus antecessores, Reeve incorporou um Clark Kent tímido e estabanado que era a antítese absoluta de seu alter-ego, não deixando dúvidas nenhuma de que conseguiria dissociar a figura de um e de outro
Reeve/Superman |
Pois como sabemos, para o papel de Kal El/Clark Kent/ Superman, foi escolhido o até então desconhecido Cristopher Reeve, e sua composição para o personagem se tornou algo único, até hoje nem de longe equiparado, pois ao contrário de seus antecessores, Reeve incorporou um Clark Kent tímido e estabanado que era a antítese absoluta de seu alter-ego, não deixando dúvidas nenhuma de que conseguiria dissociar a figura de um e de outro
E aí entramos talvez num ponto muito importante.
O Superman vivido por Reeve, foi originalmente pensado e escrito por Mario Puzo, autor de Poderoso de Chefão, cuja estória original depois sofreu a intervenção de outros roteiristas a pedido do estúdio
E este trio, Reeve/Puzo/Donner nos deu um herói real. Absolutamente real em sua essência. Real que fique bem entendido, não quer dizer simplesmente mostrar que pessoas morreram, não. Real, pois este Superman era facilmente identificável por qualquer pessoa comum. Ele não era ausente de dúvidas e conflitos relativos a sua natureza que jamais se encaixaria no “status quo” reinante, mas não hesitava em agir quando era necessário.
“O Superman de Richard Donner era extremamente humano para mim – um tom diferente de Logan, claro, mas ainda assim, essas cenas lindamente escritas de Robert Benton (um dos roteiristas junto com David e Leslie Newman e o próprio Puzo) entre ele e Lois Lane no terraço, a bela humanidade e simplicidade dessas cenas, e a alegria lírica de ser levada pelo céu por um deus que também era apaixonado por ela. As contradições em tudo isso são bonitas para mim.” - James Mangold (diretor de Logan).
Fora isso lógico, a estupenda trilha sonora e tema principal, criados pelo maestro John Williams, que talvez aqui tenha tido o ápice de sua carreira. Um tema que foi incorporado de tal modo a mitologia do personagem que ainda viria a ser usado em outras produções como no seriado Smallville.
Inovador ainda em algumas soluções encontradas para seus efeitos visuais, pelos quais ganhou o Oscar e por sua narrativa que ao longo dos dois filmes abrangeu de forma completa o conceito que hoje é conhecido como “ a jornada do herói”.
“...eu estou aqui por causa do Superman. Estou aqui porque quando eu vi o Superman de Richard Donner quando era criança, abalou meu mundo." - Patty Jenkins (diretora de Mulher Maravilha).
Além de ter vários de seus elementos incorporados em definitivo à antologia do herói como: a tecnologia de cristais de Krypton; o logo “S” no peito do herói representando a “Casa de El” ; e a personalidade “workaholic” e neurótica de Lois Lane que apesar de ser uma grande repórter com frequência escreve com erros ortográficos, isso só para citar três pontos.
Superman II - Na versão original de Puzo/Donner, Kal El mata Zod, e destrói a Fortaleza da Solidão. |
Porém, como bem sabemos, Donner teve desentendimentos com a Warner e foi afastado da direção de Superman II que teve algumas de suas cenas refeitas, porém, não o bastante para alterar o assinatura de seu comandante, que apontou sua bússola para norte e mostrou o caminho a ser trilhado por todos que quisessem se aventurar neste mundo dos filmes de super-heróis.
Show de bola seu texto parabéns, muito bem escrito .meu preferido é o tão criticado honrem de aço, estes citados são meus top também
ResponderExcluirObrigado!
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