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domingo, 24 de novembro de 2024

DIC Entertainment – França com cara de Estados Unidos e um toque de Japão

 

Aqui no blog já foram realizados alguns artigos sobre as principais produtoras de conteúdo de animação que fizeram a alegria de nossas manhãs (e as vezes tardes também).

Hanna-Barbera, Ruby&Spears e Filmation já tiveram suas histórias contadas aqui. Contudo, ainda havia uma produtora que muito contribuiu para nossas memórias atuais, e não poderia deixar de mencionar.

A DIC Entertainment Productions!

Criada na França em 1971 por Jean Chalopin, a DIC (sigla para Difusão, Informação e Comunicação), que iniciou suas atividades como uma divisão da Radio Television Luxembourg.

Jean Chalopin

E foi assim até 1982, quando foi fundado seu “braço” norte-americano em Burbank (Califórnia), por Andy Heyward, um ex-roteirista da Hanna-Barbera, a princípio com a única intenção de traduzir para inglês as produções da produtora.

Andy Heyward

Porém, a DIC dentro dos Estados Unidos teve dificuldade de se estabelecer, devido a algumas políticas consideradas antissindicalista.

O que levou a empresa a ganhar uma renomeação para sua sigla, que passou a ser conhecida como “Do It Cheap , em português algo como “Faça Isto Barato”.

Apesar disto com a chegada dos diretores de animação, Bruno Bianchi e Bernard Deyres, a DIC começou a se tornar uma empresa de animação eficaz. Na mesa época, Heyward desenvolveu aquele que seria o primeiro sucesso da produtora, Inspetor Bugiganga.

Bernard Deyres e Chalopin

Abrindo inclusive as portas para parcerias com fabricantes de brinquedos, afinal, nada financiava mais as animações naquela época que a venda dos brinquedos ligados a elas.

Numa jogada comercial bem pensada, em 1985, a DIC abriu sua própria instalação de animação no Japão, com o intento de contornar os entraves burocráticos de subcontratações no exterior. Estreitando uma relação que tinha se iniciado em 1981 com a animação "Ulysses 31".

Ulysses 31- A primeira incursão da DIC com os japoneses.

O que nos leva a pelo menos duas produções que passaram aqui no Brasil, e que muitos percebiam nitidamente um “dedinho nipônico” ali.

Fora lógico um certo grau de esmero que os demais produtos da DIC nunca tiveram.

M.A.S.K 

E lógico...

Jayce e os Guerreiros do Espaço.

Que além deste citado esmero, tinham temas musicais que ficaram indelevelmente marcados na memória.

Porém, se notabilizando mais por animações de “comédia rasgada” como costumo me referir, como nos casos de:

 Lord Gato/Heathcliff (não confundir com as animações com mesmo personagem feitas pela Ruby&Spears),

Dennis o Pimentinha,

Indo até versões animadas de “Alf o ETeimoso”,

E o “Os Caça Fantasmas” (sim, aqui são aqueles do filme e não os da Filmation).

Passando por animações extraídas de videogames como:

Pole Position (outra que tinha um tema musical excelente!).

Super Mario Bros.

E Double Dragon.

Ah sim! E não nos esquecendo de “Capitão Planeta” e do reboot da franquia GI Joe que tinha como pretensão dar continuidade nos eventos da série clássica da Sunbow (este especificamente um verdadeiro tiro na água).

Contudo sua história interna sempre foi bastante inconstante e cheira de reviravoltas.

Em 1987, Heyward compra de Chalopin sua parte da empresa, ficando com 52% das ações e tornando o braço estadunidense da DIC sua base central de operações.

Ainda que Chalopin tenha mantido seus escritórios originais na França, onde formou uma nova empresa chamada de C&D (Creativity & Development) para continuar produzindo animações.

Mas calma, porque numa virada digna de filme de suspense, Heyward lotado de dívidas vendeu a DIC para Saban Productions (sim, mesma dos Power Rangers), que então vendeu os direitos para ninguém menos que a C&D de Chalopin.

Só que a doidera não termina aqui...

Pois a despeito da parte comercial da coisa ter sido uma montanha-russa, no começo dos anos 1990, época de um verdadeiro marasmo nas produções de animações televisivas, a DIC conseguiu ter até 60% do mercado dos canais de tevê estadunidenses, no famoso horário dos sábados pela manhã.

Speed Racer X - Uma dos animes distribuídos nos USA pela DIC

Além de ser responsável nos Estados Unidos pela distribuição e as vezes dublagem de animações nipônicas como “Sailor Moon”, “Cavaleiros do Zodíaco” e “Speed Racer X”.

Mas a DIC não ficou restrita as animações (infelizmente). E resolveu enveredar pelas inóspitas plagas dos tokusatsus.

Produzindo ao menos duas produções que marcaram época, ainda que exatamente pela sua qualidade.

“Super Human Samurai Syber Squad” (eita nome comprido sem necessidade!) que chegou a passar em Terra Brasilis graças a saudosa Rede Manchete. Que nada mais era que uma versão de uma série chamada “Denkou Choujin Gridman” da Tsuburaya (por isto a semelhança com Ultraman).

E “Os Jovens Guerreiros Tatuados de Beverly Hills”. Esta uma tranqueira tão absurda que mesmo para um tokusatsu, era muito, muito tosca.

E se aventurando até nos cinemas com a versão live action de seu primeiro sucesso, o Inspetor Bugiganga, que foi encarnado por Matthew Broderick, na época me que a empresa estava sob a tutela da Disney. 

Além de uma bizarrice (mais uma) chamada “Os Irmãos Id e Ota”, que passava quase uma vez por mês no SBT anos atrás, e nada mais era que um caça-níqueis bem sofrível do sucesso “Debi e Loide”.

Passando por diversos donos a longo de sua saga, a DIC chegou até mesmo ser propriedade da Disney. Isto até 2000, quando Heyward conseguiu comprar a empresa de novo.

Isto até 2008 quando o selo DIC foi extinto ao ser comprado (nossa parece a bolsa de valores isto) pela distribuidora canadense CINAR (mais tarde Cookie Jar), que é um braço da empresa de entretenimento infantil WildBrain (nome estranho para uma empresa deste tipo).

De todas as produtoras de animações que presentes na era de ouro das animações para tevê a DIC com certeza foi a que teve a trajetória mais atribulada, mas que não a impediu de deixar sua marca em nossas memórias.