Depois
de algumas idas e vindas geradas pela pandemia, enfim chega até todos nós,
Space Battleship Yamato 2205.
O
terceiro dos remakes do Encouraçado Espacial Yamato, tão bem conhecido aqui em
Terra Brasilis como Patrulha Estelar.
E
aqui estou mais uma vez tentando resumir e resenhar esta que se pretende ser a
primeira parte do que sempre chamamos de “A Saga dos Golbas”.
Bem
no espírito destes remakes, logo de
cara (para quem está acostumado com a saga clássica) vemos que elementos que em
tese só seriam mostrados mais para frente na continuidade da saga já são
inseridos aqui.
Alguns
estabelecendo ótimos retcons, como no
caso de como o império Galman-Gamilon se forma, e que nos brinda com Deslock
pela primeira vez sendo Deslock (se você é fã da saga, sabe do que estou
falando), libertando os galmans das garras da Federação Polar/Bolar do qual
temos apenas um rápido vislumbre.
Assim
como toda uma mitologia criada para explicar a criação e ligação entre Iscandar
e Gamilon.
Sem
falar na explicação para Iscandar não ter uma população como em Gamilon. Aliás,
explicação que tem uma parte que deve ter feito Richard Donner lá do céu, abrir
um sorriso de orelha a orelha.
Outros
pontos, porém, apenas só servem para gerar um hype vazio que não se justifica, como no caso de terem trazido lá
de “A Crise do Sol”, Ryusuke Domon, lhe dando uma suposta razão para odiar Derek
Wildstar/Sussumu Kodai, mas que começa a ruir logo no começo, quando temos pela
primeira vez nestes remakes Wildstar
sendo Wildstar.
Estes
três últimos parágrafos talvez então possam te dar, como eu tive ao assistir, a
impressão que esta nova versão para o longa-metragem “A Nova Viagem” possa ter
recuperado o espírito que fez da saga da Patrulha Estelar algo diferenciado de
seus congêneres.
E
ainda que, no que diz respeito aos retcons,
esta nova animação se mostre superior ao confuso, para não dizer desastroso, ”Yamato
2202”, a falta de noção de quando parar, acaba colocando novamente a “carroça
na frente dos bois”.
Exemplo?
Bem,
na saga clássica a motivação para os golbas, que aqui mudaram de nome e são
chamados de dezarians (não me perguntem por que), estavam minerando o que havia
sobrado de Gamilon, pois o planeta tinha minérios que serviam de combustível
para suas naves. Tudo simples e objetivo.
Mas
aqui mais uma vez temos uma subtrama meio confusa, na qual os golbas (Não vou
chamar de “dezarians” de jeito nenhum), parecem temer a energia de ondas da
qual Iscandar é sua matriz. Algo que até existe na saga original, mas que só
vai ser mencionado no longa seguinte “Para Sempre Yamato”.
Ou
seja, atropelaram a narrativa mais uma vez.
Não
que tudo numa adaptação tenha que ser igual a obra original, lógico que não.
Mas tem coisas que simplesmente só servem para quebrar o clima, e gerar o
anticlímax.
Anticlímax
que se reflete em pontos chaves como na sequência em que a frota comandada pelo
Yamato chega para ajudar Deslock na retirada dos últimos habitantes de Gamilon.
E sim, eu disse frota, pois aqui em mais uma mirabolante e desnecessária invencionice do roteiro, resolveram separar os principais protagonistas, dando a Sandor/Sanada e Lola/Yuki, o comando de duas outras naves.
Além de diminuir
drasticamente a participação de outros personagens como Venture/Shima (que não
ganhou promoção), o Dr.Sam e nosso querido IQ-9, que é substituído pela
presença de três outros robôs do mesmo modelo
na ponte da nave de Sandor, a Hyuga, mas que só estão lá para vias de
“penduricalho visual”.
E
nem vou citar o arco final, que está anos luz de distância de causar o mesmo
impacto do original, já que as intenções de Starsha são explanadas durante o
decorrer da aventura, para só após uma ação de resgate da tripulação do Yamato,
acabar se concretizando.
Durante
quase todo decorrer de “2205” são citadas, como recortes em meio a trama, questões
referentes ao contínuo do tempo pelos golbas (não vou chamar de dezarians
mesmo!), algo que obvio é um gatilho para o futuro da trama, mas que não deixa
de colocar uma “pulga atrás da orelha”.
Isto
por duas questões.
A
primeira é que em “2202” já tivemos a péssima ideia do lapso temporal no centro
da Terra.
E
segundo que ao que tudo indica teremos o tema “viagem do tempo” no próximo
remake. O que não seria nada demais, se na saga original os golbas, numa sacada
de roteiro genial, já tivessem usado este plot
como artífice para enganar a tripulação do Yamato.
Mas
ao que parece no futuro remake, que
atenderá pelo nome de “3199 Rebel” esta questão não será apenas um mero
artífice. Como já deixa praticamente explícito a cena pós-créditos no fim do
último dos oito episódios.
E
aí vem a grande pergunta.
Rebel 3199 - Anunciado como o último dos atuais remakes |
Como
o futuro “Space Battleship Yamato 3199 - Rebel” fará para equacionar, viagem no
tempo, os golbas (nada de dezarians) e até uma possível presença da Federação
Polar, já que este já foi anunciado como sendo o último dos atuais remakes?
Então como saldo positivo de “Yamato 2205”, acredito que podemos tirar um Deslock mais próximo, ainda que tardiamente, daquilo que nos acostumamos a ver; algumas explicações bacanas, ainda que nem sempre tão necessárias; e a pouca duração deste remake, que não deu tempo para aquela espiral de “filosofia de divã” de “2202”, ainda que tenham tentado colocá-la aqui.
Na
atual conjuntura das animações nipônicas, em sua maioria repletas de
personagens rasos e bizarros, cheias dos piores cacoetes narrativos possíveis,
não se pode negar que a nova versão das aventuras do Encouraçado Espacial
Yamato não seja uma boa exceção.
Mas
que ainda patina na tentativa de replicar elementos fundamentais de sua
mitologia, enquanto tenta se distanciar por vezes da mesma.