Uma
das poucas coisas que são de concordância quase que total nestes dias de hoje
no mundo da cultura pop, são as animações feitas com personagens da DC Comics.
E
mesmo que a tal qualidade possa variar aqui ou acolá, é fato que no geral são
elas que mantém os Estados Unidos no mapa da animação mundial, mesmo que lógico,
usem mão de obra de outros países.
Assim
como é de entendimento que tudo isto teve início lá no começo dos anos 1990 com
a saga de Batman The Animated Series, que depois, como já foi contado aqui, se
tornou o conhecido “Timmverse”
Mas
e o que veio antes? Pois justiça seja feita, se a Marvel conseguiu em
determinado ponto histórico iniciar uma mudança na cara dos quadrinhos, a DC
Comics sempre esteve um passo adiante no entendimento da importância do cinema
de animação para promover seus produtos.
E
talvez a maior prova disto seja o icônico seriado do Superman produzido pela
empresa dos irmãos Max e Dave Fleischer em 1940 (nos primeiros nove episódios)
e concluído pela Famous (os demais oito episódios), apenas dois anos após a
criação do maior super-herói de todos os tempos. Sendo lançados nas matinês dos
cinemas da época entre 1941 e 1943, usando o processo de rotoscopia, e possuindo
uma fluidez invejável e um esmero típico das animações feitas para o cinema.
Podendo
até hoje ser apreciado por qualquer admirador de quadrinhos de verdade, desde
que com entendimento da ausência de modernidades, que as vezes nem são tão
modernas mais assim, mas que na época ainda não existiam.
Contudo,
os alto custos das animações para o cinema, acabou por criar um hiato de quase
duas décadas, até que em 1960, a recém-criada produtora Filmation (sim, a mesma
produtora de He-Man) de Lou Scheimer e Hal Sutherland, se propôs a entrar na
briga pela audiência das manhãs de sábado na tevê norte-americana.
E
qual melhor “cartão de visitas” que “retomar” as aventuras do “homem de aço”?
Até
porque o personagem nunca tinha “sumido” absolutamente das telas, estando bem
vivo na memória recente da época devido ao seriado live action protagonizado por George Reeves.
Só
que o que a Filmation fez foi bem além de mais uma animação do “azulão”,
criando o que a grosso modo pode ser considerado o primeiro universo
compartilhado de super-heróis fora de sua mídia original.
E
além de Superman, e sua versão adolescente o Superboy acompanhado de seu cão
Krypto, de 1966 até 1968 produziram animações do Aquaman, Lanterna Verde, Flash,
Gavião (aqui não havia o "Negro" junto) e Átomo. E uma versão “embrionária” se é que podemos dizer assim da Liga
da Justiça que unia estes últimos ao Superman.
E
como se não fosse o bastante tínhamos uma animação dos Jovens Titãs que trazia
as presenças do Kid Flash e de Aqualad que além de aparecerem nos episódios de
seus mentores surgiam aqui na companhia da Moça-Maravilha, e de Speedy ou
Ricardito, como foi infelizmente nomeado em nossas tropicais paragens.
Situação
que aliás foi bem comum aqui, pois o Aquaman virou “Herói Submarino”, e o
Lanterna Verde que virou o “Homem de Verde” (risos).
E
cadê o Batman? Você pode estar se perguntando....
O
Morcego de Gotham só foi se “juntar” a esta turma em 1968 dividindo uma atração
com o Superman, isto depois de até o Aquaman ter tido um voo solo nestes
“shows”.
Só
depois ganhando uma animação só sua, com as vozes originais de Adam West e Burt
Ward do seriado live action de 1966.
E
eis que chegamos ao ano de 1973, e com ele a “migração” dos heróis da DC para a
Hanna-Barbera. E assim se iniciava a era dos Superamigos.
Com
um total de oito temporadas que foram até 1985:
·
Super Friends
·
All-New Super Friends Hour
·
Challenge of the Super Friends (1977-1978)
·
World’s Greatest Super Friends
·
The Super Friends Hour Shorts
·
The Lost Super Friends Episodes
· Super Friends: The Legendary Super Powers Show
· The Super Powers Team: Galactic Guardians
A
animação passou por diversas transformações ao longo de suas temporadas, tendo entre
suas principais características os personagens criados pela própria
Hanna-Barbera.
Em
geral focados no link com seu
principal público alvo, o infantil, e por tabela “suavizar” as estórias. Como
os irmãos Wendy e Marvin que eram acompanhados do “Supercão”, e não, não me
refiro a Krypto.
Mas
a ideia, vamos admitir, forçou demais a boa vontade até mesmo das crianças, e os irmãos e seu cachorro acabaram
sendo limados. Posteriormente substituídos por nossos conhecidos Super-Gêmeos,
Zan e Jayna e seu macaquinho Gleek, numa alusão clara a Jan, Jayce e Blip de
Space Ghost.
Mas
nada parece tão mais simples quanto relevante, hoje na era das lutas por representatividade,
do que a iniciativa de transformar a equipe em multiétnica, com a inclusão dos
personagens Chefe Apache, Samurai, Vulcão Negro e Eldorado.
E
sabiamente, não colocando todos os ovos no mesmo cesto, mesmo tendo seus
personagens sob as asas dos estúdios Hanna-Barbera, a DC Comics reatou em 1977
sua parceria com a Filmation para fazer mais uma série em animação do
“morcegão” chamada “As Novas Aventuras do Batman”.
Além
de em 1979 fecharem com a recém-criada Ruby&Spears a realização de uma
animação do Homem-Borracha (que por aqui se chamou Elástico).
Voltando
mais uma vez a parceria com a Filmation em 1981, com uma série do Shazam (que na época ainda era Capitão Marvel) que
possuía um tom de comédia descarada bem na linha da animação do Homem-Borracha.
E
como se isto fosse pouco, ainda havia um plano da editora de começar a replicar
na Hanna-Barbera algo nos moldes do “universo compartilhado” que a Filmation
realizou nos anos 60.
E
em 1983 a HB iniciou a pré-produção de uma animação dos Novos Titãs! Com planos
desta, “habitar” o mesmo mundo do universo dos Superamigos.
Mas
o sucesso dos “Smurfs” (sim, dos Smurfs) fez a produtora adiar os planos para a
jovem equipe de heróis. E no fim das contas tudo que acabou sendo produzido foi
um comercial para uma campanha contra as drogas, que diga-se de passagem, nem
teve a presença do Robin, já que tal campanha era patrocinada por uma empresa,
que era concorrente da empresa que patrocinava o desenho dos Superamigos ao
qual a figura do “menino prodígio” estava vinculada.
Cenas do comercial antidrogas protagonizado pelos Titãs |
Obrigando
Marv Wolfman a criar um personagem “tapa-buraco”, o Protetor, que só surgiu
neste comercial.
Por questões comerciais a equipe ganhou um novo membro, o Protetor |
Bom....
De qualquer forma, o Cyborg acabou indo parar na última temporada de
Superamigos, mas nem o próprio Marv Wolfman nunca soube segundo declaração do
próprio até onde havia chegado o desenvolvimento da série da equipe de jovens
heróis.
E
eis que após anos de produção quase ininterrupta, as animações da DC ganham um
hiato em 1985 com a última temporada de Superamigos, aquela mesma a qual me
referi na lista das "As 10 Melhores Animações de Ação dos Anos 80".
Só ganhando um novo capítulo em 1988, com a série do Superman (sim, mais uma vez ele) realizada pelos estúdios Ruby&Spears, até hoje lembrada pelo seu esmero se comparada a outras séries bastante pueris da época.
E referenciando
em sua abertura tanto a clássica animação dos estúdios Fleischer, como emulando
alguns acordes do clássico tema criado pelo maestro John Williams para o filme
de Richard Donner de 1978.
E
como na época a defesa da natureza já fazia parte da “ordem do dia”, eis que em
1990 o mundo era apresentado a série de animação do Monstro do Pântano.
Lógico
que numa versão um tanto distinta do ser atormentado das HQ’s, ainda que tenham
se mantido até bem fiéis as suas origens. Só que aqui dando-lhe um enfoque bem
direto de defensor da natureza, e que cá entre nós, ficou bem melhor que umas
animações de mesmo plot com certos
“capitães esquisitões” (risos).
Isto
sem falar de um impagável tema de abertura hard rock descaradamente emulando o
estilo Alice Cooper de composição, sem falar na voz do cantor.
E
se podemos tirar alguma lição desta viagem pelas décadas através das animações
com personagens da DC Comics, é que as animações mesmo que não tendo as versões
mais fidedignas dos personagens de quadrinhos em relação sua mídia original,
são a “porta de entrada” mais fácil e eficiente para este mundo, até por razão
de seus custos substancialmente inferiores as grandes produções live action
cinematográficas.
Ahhh
sim! Eu sei que alguém agora pode até estar se questionando por que não citei a
animação dos Wild C.A.T.S. É que como esta é de 1994, ou seja, já tendo se
iniciado Batman TAS, por hora não irei comentar sobre, deixando isto quem sabe
para um outro artigo.
Nunca entendi direito o porquê de colocarem o dois irmãos e o cachorro kkk.
ResponderExcluirMais sempre gostei dos super gêmeos embora o desenho seja cruel com os personagens.