terça-feira, 28 de maio de 2019

XMen Evolution


Desenhos animados tem sido ao longo das décadas a forma mais eficiente das editoras de quadrinhos promoverem seus personagens fora de sua mídia original.
Desde o Superman da Fleischer Studios, passando pelas animações do Homem de Ferro e Capitão América com seus problemas de animação (risos) até o sempre lembrado Superamigos. Mas é certo que após Batman The Animated Series um “ponto-vírgula” havia sido colocado neste subgênero de animação.
E no comecinho do ano 2000, numa improvável união de forças, os mutantes mais famosos da cultura pop ganhavam uma nova roupagem...
XMen Evolution!


Em 4 de novembro de 2000, turbinado pelo lançamento três meses antes de “XMen O Filme”, estreava XMen Evolution. Uma visão diferente, e por vezes repaginada, do grupo de heróis originalmente criados por Jack Kirby e Stan Lee em 1963.


Diferente da outra versão em animação feita no começo dos anos 90 para os mutantes da Marvel, que na medida do possível se manteve bem fiel, em especial ao traço dos personagens, ao que se via nas HQ’s, XMen Evolution se permitiu - e as vezes foi forçada pelo “politicamente correto” -, mudar muita coisa.
Algo que em geral se torna sentença de morte para uma adaptação de quadrinhos, mas que aqui funcionou.
Ok. Mas então, o que fez XMen Evolution dar certo?
Bem, na opinião deste escriba, uma conjunção de fatores que hoje seria impossível de se repetir.
Para começar, a própria produção em si, pois antes das grandes disputas cinematográficas, XMen Evolution teve a sorte de ter como produtores Boyd Kirkland (um dos principais diretores de Batman TAS) e Michael Wolf (produtor de Uma Família da Pesada).


Aliás, por falar em “Batman TAS”, Xmen Evolution foi responsável pelo retorno do diretor Frank Paur após uma temporada que passou na Disney na qual produziu “Gárgulas”, após divergências com Bruce Timm.
Pois é, uma produção Marvel, mas com uma bela dose de mão de obra da Warner, que aliás foi a distribuidora original da animação quando de sua estréia.
A isto some um ótimo planejamento, e um objetivo traçado do qual na produção não se desviou ao longo de suas quatro temporadas, ou seja, mostrar a evolução dos então ainda jovens XMen.
Mas lógico que algumas adaptações precisaram ser feitas, ou por força do escopo dos planos, ou como disse, por força das circunstâncias, afinal estamos falando aqui de uma animação que prioritariamente tem como alvo o público infanto-juvenil estadunidense.

O romance entre Scott e Jean não vira triângulo amoroso em XMen Evolutionm

Entre as tais adaptações a mais obvia foi que o triangulo amoroso protagonizado por Scott Summers/Ciclope, Jean Grey e James Logan/Wolverine simplesmente foi eliminado da saga. Aliás é preciso salientar que a própria personalidade do nosso querido Wolverine foi bastante suavizada e humanizada em vista do que se costuma ver nos quadrinhos, o que não chegou a mudar o cerne antissocial e solitário do “carcaju”, mas que fez muito fã mais radical torcer o nariz.


Outro ponto, é que fora o próprio Logan, e óbvio Magneto e o Professor Xavier, poucos personagens principais se encontravam acima da barreira dos vinte anos, entre estes Hank McCoy/Fera, e Ororo Munroe/Tempestade, como de acordo com a proposta da série.


Seriado que sem pressa foi inserindo novos elementos em sua narrativa, fazendo jus a chamada “evolução” de seu subtítulo.
E é fácil pensar nisto se formos nos lembrar de que a condição dos mutantes e de suas naturezas apenas é revelada ao resto do mundo no fim da segunda temporada durante a luta contra os robôs sentinelas.


Outro ponto interessante, é que a Marvel nunca teve tradição em inserir novos personagens fora dos quadrinhos, mas como na época a editora já havia vendido os direitos sobre obras audiovisuais dos mutantes para a Fox, aqui podemos ser agraciados com a inserção de ótimos novos personagens.

A mutação de Spyke...


...muda toda sua importância na saga

Como Spyke, apresentado como sobrinho de Tempestade, e que ao longo da série tem seus poderes transformados de forma radical, provocando uma mudança severa no personagem, sua personalidade e até importância na trama, pois abriu a discussão do preconceito que existia até mesmo entre a “comunidade mutante”.
E se inserir novos personagens já não era muito a praia da Marvel fora dos quadrinhos, o que dizer de uma personagem criada para a animação, que de tão relevante que se tornou acabou virando canônica em sua mídia original?


X-23 nasceu em XMen Evolution dentro daquela mesma linha de pensamento de tentar humanizar e suavizar Wolverine, numa subtrama na qual Logan descobre ter uma filha, feita a partir de amostra de seu DNA.


Subtrama que além de colocar X-23 no hall de um dos personagens recentes mais queridos pelos fãs, e nos agraciar em 2017 com o ótimo live action “Logan”, abriu outra vertente impensável nos dias de hoje. Pois como aqui estamos falando de uma era “pré MCU”, não houve nenhuma restrição da Marvel quando os roteiristas resolveram inserir na saga a figura de Nick Fury, o diretor da SHIELD, e que por tabela proporcionou, ainda que na forma de flashback, a participação do Capitão América no seriado.

Steve Rogers e Logan na 2ª Guerra Mundial

Inclusive tendo Wolverine e X-23 destruindo a base da Hydra na quarta temporada.
Outra coisa que fez alguns torcerem o nariz para o seriado, mas foi algo bastante salutar, foi a mudança de visual de alguns personagens.
Em geral tais alterações costumam  ser algo perigoso de se fazer. Mas no caso dos XMen que já haviam passado por este tipo de revisão visual no passado nas próprias HQ's, a alteração de visuais considerados clássicos em alguns personagens como a Feiticeira Escarlate, e principalmente, Dente de Sabre, foram um sopro de ar fresco em visuais carregados de décadas atrás que gritavam por uma repaginada.




 E ainda é preciso destacar que mesmo após a introdução do arco que conta a origem de En Sabah Nur, o Apocalise, nunca o seriado descambou para arcos-espaciais como sua predecessora dos anos 1990.


Com bastante sapiência calçando suas ações acima de tudo nas relações de seus protagonistas/antagonistas. Tanto que ao longo de algumas situações durante a série é possível vermos vários dos ditos vilões questionando-se de algumas de suas ações.
E culminando lógico na batalha final onde todos unem forças para combater Apocalipse que tinha sob seu controle o Magneto, Mística, Tempestade e o Professor Xavier, numa metáfora clara dos “Quatro Cavaleiros...”, bem acho que vocês entenderam (risos).


Final este que aqui vou me permitir dizer, é um dos mais bem feitos e emocionantes  que já vi numa produção norte-americana com a icônica narração de Charles Xavier, enquanto as imagens se sucedem mostrando o futuro dos personagens, em desdobramentos que algumas pessoas até podem considerar que poderiam ser mostrados em futuras temporadas.


Mas que justamente por isto, não extrapolaram o escopo original desta animação que ao longo de seus 52 episódios foi quase que perfeita em sua narrativa.


Em um dos melhores, e infelizmente, ao que parece últimos capítulos deste tipo de conteúdo feito diretamente para tevê.







Um comentário:

  1. Ouso dizer que X-Men Evolution é uma das melhores, ou se não a melhor adaptação do Universo mutante fora de qualquer quadrinho.

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