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terça-feira, 1 de junho de 2021

Easter Eggs - A Fina Arte da Referência

 

Se formos fazer uma pesquisa rápida pela web sem o prévio conhecimento do idioma bretão, iremos descobrir que Easter Egg nada mais que nosso conhecido “Ovo De Pácoa”.

Mas da mesma forma que os ovinhos de chocolate que costumam trazer algo escondido em seu interior como brinde, os easter eggs da cultura pop trazem algumas surpresas ao referenciar outros personagens e obras dentro de uma determinada obra.

E em geral tais referências não passam de brincadeiras sem propósito ou até uma proposital “encheção” de linguiça que no fim das contas só servem para tirar o foco de obras deficitárias em boas estórias. Por isto ao decidir fazer este artigo precisei ser o mais criterioso possível, sendo assim aqui basicamente vocês irão ver dois tipos de casos: os easter eggs em que personagens de ficção permanecem sendo personagens de ficção em alguma obra, e aqueles em que teorias sobre a ligação entre obras aparentemente independentes foram formuladas.

No primeiro caso, vários destes easter eggs já citei aqui no blog em algumas oportunidades, como no caso do artigo sobre o Homem Aranha de Sam Raimi em que em determinado momento Peter Parker solta algumas frases oriundas de personagens da DC Comics.

Ou então a homenagem em sentido inverso, quando em Batman O Cavaleiro das Trevas, Christopher Nolan como que “sem querer”, adicionou um cartaz de “Homem Aranha 3” em um cinema, logo na cena de abertura.

Porém, alguns destes casos surpreendem, quando por exemplo, vemos a imagem de Panthro dos Thundercats surgir num telão durante o primeiro episódio do clássico anime Bubblegum Crisis.


Lógico que principalmente nos quadrinhos tais citações são razoavelmente comuns de ocorrer, ou eram até tempos atrás, mas fora de sua mídia original, principalmente se pensarmos nas duas principais editoras mundiais, a DC e a Marvel, é muito difícil vermos este tipo coisa nos dias de hoje.

Contudo, no último episódio de Liga da Justiça Sem Limites, Bruce Timm (sim, mais uma vez ele) e sua turma, resolveram fazer uma baita referência ao universo da Marvel, ao mostrar o rosto de Galactus (sim, o Devorador de Mundos), num paredão que simbolizava o começo dos tempos e do universo.

Seria então este o conceito do multiverso sendo aplicado de forma fluída, e não apenas como muleta de autores “meia-boca”, tendo o nosso conhecido Timmverse uma versão na Marvel?

E se vocês acham isto pouco, preciso lhes contar sobre o Timmverse antes do Timmverse.

Pois bem antes de colocar Galactus aparecendo em “Liga da Justiça Sem Limites”, Bruce Timm ou Paul Dini (vai se saber...) ainda nos anos 80 aprontaram das suas, quando num episódio de “He-Man e os Mestres do Universo”, numa cena onde havia uma cripta com vários tesouros, é possível ver no canto esquerdo uma estatueta de ninguém menos que John Blackstar!


E daí? Você pode estar se questionando...

Bem, e daí que por muito tempo se pensou no mais obvio, que as similitudes entre Blackstar e He-Man fossem apenas uma certa preguiça da produção deste último.

O Tackydril, espécie de dragão, estava presente nas duas séries, apenas com cores diferentes

Mas precisamos parar por um instante para pensarmos uma coisa. A absurda semelhança das estórias de John Blackstar e da rainha Malerna Glenn, a mãe de Adam. Dois astronautas da Terra, cujas naves saem do curso devido eventos no espaço, e vão parar em outro mundo de um aparente “universo diferente”.

Sendo que em ambas as animações, há episódios em que outros astronautas perdem o rumo e vão parar no mesmo lugar que os protagonistas. No caso de Blackstar, a noiva de John que também é astronauta, e em Mestres do Universo dois astronautas que carregavam um míssil que usariam para destruir um asteroide que ameaçava a Terra.

Algo que passou a suscitar a seguinte teoria:

Seria Sagar, o mundo onde Blackstar foi parar, na verdade uma espécie de antiguidade ou quase uma pré-história de Eternia? E que na verdade ambos seriam o mesmo planeta, mas em épocas diferentes?

E aqui entramos naquilo que alguns easter eggs proporcionam que é o exercício de especulações e a criação das mais diversas teorias.

Aqui mesmo no blog já cheguei a citar no artigo sobre “Comando Para Matar” sobre a possibilidade dos personagens de Arnold Schwarzenegger (John Matrix) e de Bruce Willis (John McClane) na franquia “Duro de Matar” coexistirem num mesmo universo, já que no segundo capítulo da franquia do policial de Nova York, o país do ditador interpretado por Franco Nero era o mesmo Val Verde do filme de Schwarzenegger.

Mas quando falamos de teorias sobre obras supostamente interligadas por meio de referências, nada é tão conhecido como “Universo Lucas & Spielberg”.

Teorias mais ou menos malucas criadas por fãs, mas que na maioria das vezes fazem de fato parecer que os dois diretores, amigos de longa data, sempre tiveram algum plano traçado em seus filmes.

Duvida?

Bem, para começar temos o caso da unidade R2 (de cabeça para baixo) presente na nave dos alienígenas em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Com o detalhe importante aqui de que “Contatos...” e “Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança” são do mesmo ano e foram produzidos praticamente simultaneamente em 1977.


Tal detalhe, no entanto, só foi se fazer presente quando do relançamento de “Contatos...” em 1988.

Mas a coisa só estava começando, pois em 1981 em “Caçadores da Arca Perdida” enquanto nosso destemido (menos para cobras) Indiana Jones vasculhava uma tumba do antigo Egito, bem no cantinho em meio alguns hieróglifos e imagens de divindades lá estão estampados numa coluna os desenhos de C3PO e R2D2.

Se formos levar em consideração que dois anos depois em “O Retorno de Jedi”, C3PO foi cultuado como uma divindade pelos Ewoks, fica a pergunta: Será que só os Ewoks cultuaram o robô dourado ao terem contato com este?

Sempre lembrando que a saga de George Lucas, como é descrita ocorreu a muito tempo...

Mas calma, pois em 1982 ocorreu aquele que é considerado por muitos como evento mais importante desta suposta ligação entre os filmes dos dois diretores.

E é lógico que falo sobre “E.T. O Extraterrestre”, e a cena onde o alienígena mais querido do cinema, disfarçado de fantasminha, sai as ruas num fim de tarde de Dia das Bruxas, enlouquecendo ao ver um garoto vestido como o mestre Yoda.

E aí partimos para a mais louca convergência de teorias da cultura pop.

Para começar, temos a mais básica de todas, de que a raça do ET de Spielberg reconheceu a raça de Yoda. Só que as coisas não param por aí.


Pois você que está lendo, com certeza se lembra dos feitos inacreditáveis do personagem. Algo que durante algum tempo foi pensando ser inerente aos de sua raça. Mas nós não vimos nenhum outro de seu tipo fazer aquilo. O que originou a teoria de que nosso “baixinho” de pescoço telescópico pudesse ser um Cavaleiro Jedi.

Sim, eu sei. Parece loucura. Mas viajemos no tempo até o ano de 1999, chegando em “Guerra nas Estrelas - A Ameaça Fantasma”, o primeiro capítulo da trilogia prequel que se propôs a contar como Anakin Skywalker se tornou Darth Vader. E lá, em meio ao congresso na antiga república podemos ver três representantes do povo do E.T de Spielberg.

Mas isto não prova nada! Você que está lendo deve estar dizendo.

Pois é, só que em 2002 no filme seguinte, “O Ataque do Clones”, Palpatine conta ao já crescido Anakin que houve uma certa vez um Jedi que foi capaz de “enganar a morte”.

E em síntese, não foi exatamente isto que o E.T. de Spielberg fez lá em 1982?

Está certo que em 1984 em “Indiana Jones e o Templo da Perdição”, Spielberg resolveu chutar o balde, colocando o nome de “Obi Wan” em um nightclub na cena inicial, mas só isto por si só nunca foi suficiente para desmantelar a teoria do universo compartilhado dos dois amigos, que caso um dia seja confirmado, vai deixar muito produtor a torcer os lábios de inveja.

Seja lá por quais motivos tais referências são inseridas em algumas obras, se por brincadeira, para desviar a atenção ou suscitar propositalmente teorias que promovem o marketing daquele produto, a verdade é que continuaremos convivendo com elas, rindo de algumas, considerando outras ridículas, e lógico, criando teorias malucas sobre outras.

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