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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

DC Showcase - Quando o menos é mais

Não é novidade para ninguém que desde 1992, quando Bruce W Timm, Paul Dini, Alan Burnett e companhia, trouxeram ao mundo “Batman The Animated Series”, que os personagens da editora DC Comics tem sido protagonistas de alguns dos melhores momentos que a animação tem proporcionado nos últimos quase trinta anos.

A partir de 2010 a Warner/DC resolveu de vez investir no seguimento de animação com longa-metragens, como o ótimo “Batman Contra o Capuz Vermelho”, mas como se isto não fosse o suficiente, quem comprasse um dos DVD’s ou Bluray’s dos filmes animados ganhava de bônus um pequeno curta metragem.

Numa série chamada de “DC Showcase”!

Em geral apostando em personagens considerados de “segundo escalão” dentro do panteão da DC Comics, o “Showcase” inicia suas atividades em 2010 com o Espectro, alterego do policial de Los Angeles, Jim Corrigan. Na estória um produtor de filmes é assassinado por uma bomba escondida no trampolim da piscina de sua casa, sendo que Corrigan mantinha um relacionamento com Aimee, a filha do produtor.

Sendo lançado junto com o longa “Liga da Justiça - Crise em Duas Terras”, de forma bem simplista, acredito que possa resumir este curta como uma excelente de Alfred Hitchcock com John Carpenter. Tendo posteriormente ganhado uma versão estendida quando lançaram um DVD contendo todos os curtas da série.

Na sequência temos o caçador de recompensas do velho oeste “Jonah Hex”, que veio como bônus do já citado “Batman Contra o Capuz Vermelho”.

Aqui é preciso se pensar que este curta-metragem ao que parece foi planejado para ser lançado de forma quase que conjunta que o filme live action do personagem, personificado por Josh Brolin, com intenção de turbinar um possível hype em cima do longa. Só que o resultado final do curta de animação se mostra infinitamente superior ao filme que foi para os cinemas, em especial pelo seu final bem “casca de ferida”.

Mas como não se pode viver só de personagens de “segundo escalão”, eis que junto ao longa-metragem “Batman e Superman -Apocalypse”, temos o curta do nosso querido Oliver Queen, o Arqueiro Verde.


Na estória, Oliver tem de proteger uma menina, herdeira de um trono, da ação de assassinos comandados por seu arquirrival Malcolm Merlyn, interpretado no original por Malcolm McDowell, enquanto se preocupa de ter dado o cano num encontro com sua amada Dinah Lance, a Canário Negro, onde ia pedir ela em casamento.

O mais light de todos os curtas-metragens “Showcase”, nos presenteia com a essência bem humorada do herói sem superpoderes, num roteiro extremamente ágil.

E por falar em superpoderes e agilidade de narrativa, na sequência temos o mais longo dos curtas da série.

Com pouco mais de vinte minutos, “Shazam e Superman - O Retorno do Adão Negro”, tem como pretensão, diferente dos demais títulos da série, contar a origem de como o garoto Billy Batson se tornou o super-herói Shazam (aqui ainda citado como Capitão). E posso afirmar sem o menor pudor que em seus poucos minutos entrega com sobras tudo aquilo que o filme live action de 2019 não fez.




Eu até poderia criticar a necessidade de se ter o Superman aqui, mas a forma como a figura de Clark Kent (vejam bem, Clark, e não o Superman) é importante para o garoto Billy, como amigo e conselheiro, oblitera qualquer possível crítica à presença do “Azulão”.

E eis que chegamos em 2011 (sim, todos os citados acima foram feitos em 2010). E a DC lança sua versão animada para a icônica HQ, “Batman Ano Um” de Frank Miller, mas o real presente mesmo vem no bônus com um curta dedicado a nossa querida Selina Kyle, a Mulher Gato!

No qual a ladra e anti-heroína mais querida das HQ’s se esgueira pelo submundo de Gotham atrás de um chefão mafioso, até sermos surpreendidos quase no finalzinho pelo altruísta motivo que fez nossa querida gata ter feito tudo que fez, e que faz pensar porque o Batman a admira.


Todas estas animações foram produzidas sob a chancela de Bruce Timm, e tiveram como diretor Joaquim dos Santos que dirigiu vários episódios de Liga da Justiça.

E seria de se pensar que haveria uma continuidade do projeto não é? Mas a coisa não foi bem assim, e o “DC Showcase” foi engavetado, por longos oito anos. Até que em 2019 vem o anúncio que surpreendeu meio mundo, a série seria retomada.

O primeiro “capítulo” desta nova fornada de curtas, bônus junto ao longa “Liga da Justiça - Guerra de Apocolyps”, é “Adam Strange”.


Dirigido por Butch Lukic, o curta nos mostra Adam vivendo numa colônia de mineradores, até que precisa salvar seus moradores de uma invasão de insetos alienígenas. O ponto interessante, é um trecho que mostra uma guerra contra os thanagarianos, sim eles mesmos, o povo do Gavião Negro e da Mulher Gavião.

Na sequência temos a animação que marca o retorno de Bruce Timm à direção. Em “Sargento Rock” temos o icônico personagem criado em 1959, e o grupo de soldados que comanda, conhecido por “Companhia Moleza”, que muitos com certeza se recordam quando da participação num episódio de “Liga da Justiça Sem Limites”, quando o grupo de heróis volta no tempo.


Mas sem ajuda de nenhum “super-herói”, a Companhia Moleza tem que bater de frente com zumbis nazistas. Sim, zumbis nazistas. E este encontro imediato do pior grau não dá muito certo para o grupo de Rock que é dizimado. Mas o sargento acaba tendo uma possibilidade de revanche quando um oficial sem muitos escrúpulos lhe oferece a possibilidade de comandar um novo grupo de combatentes, com habilidades e características bem “sobrenaturais”, digamos assim.

E por falar em sobrenatural, o terceiro episódio destes novos “Showcase”, nos trás simplesmente a Morte. Ela mesma, a mocinha criada por Neil Gaiman, que é parte de uma família de seres conhecidos como “Perpétuos”.

A animação como não poderia deixar de ser tem um tom extremamente diferente dos demais “Showcase”, e possui muito do estilo das animações nipônicas do fim dos aos 80, comecinho dos anos 90.

A quarta animação desta nova empreitada, é “O Vingador Fantasma”, e vem mais uma vez sob o comando de Bruce Timm.

Se passando no começo dos anos 1970, a estória mostra a jovem Marcie, que se junta aos seus amigos hippies para uma festinha bem típica daquela época numa mansão de um sujeito chamado Seth, que obviamente não possui muito boas intenções, fazendo o Vingador Fantasma intervir para salvar os jovens de um destino trágico.

Numa olhada superficial é uma animação que talvez não chame muito atenção de plateias um pouco mais dispersas, até por causa de seu viés fantástico, mas ficam escancaradas as influências, de fatos e pessoas reais da época.

E eis que chegamos ao até agora último episódio deste “DC Showcase”. E bem que eu gostaria de terminar este texto apenas rasgando elogios, só que infelizmente não vai dar.

Isto porque mais uma vez a DC resolveu espremer seu principal personagem, e resolveram fazer uma versão para a HQ “Morte Em Família”.

Mas já não haviam matado Jason Todd no ótimo “Batman Contra O Capuz Vermelho”?

Pois é, ao que parece saciar a sanha psicopata de parte de sua audiência e de quebra, lógico, ganhar uns trocados são razões válidas. Há o atrativo deste curta vir numa versão interativa para quem adquire a coletânea com todas as animações, mas pessoalmente com tantos personagens que mereciam uma adaptação, usar mais uma vez o Morcego, acaba sendo algo que no mínimo destoa do objetivo desta excelente série de curtas-metragens.

Algo tão bem feito e diferenciado no cenário atual do cinema de animação, que torço para que logo possamos ser presenteados com mais uma leva destas incríveis e rápidas aventuras, que fazem valer o velho ditado de que muitas vezes, menos é mais.



 

 

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