Páginas

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

10 Invasões Alienígenas


Ter nosso planetinha invadido por exércitos alienígenas pouco amistosos tem sido ao longo do tempo motivo de paranoia para muitos e de boas histórias em diversas mídias, por isto resolvi fazer esta lista.
Lembrando que aqui não entram casos de indivíduos isolados, como em obras como “Predador” ou “Enigma de Outro Mundo”.
Aqui falamos de fato de invasões, então lá vai... 10 Invasões Alienígenas!    



10 - MARTE ATACA: Exagerado, satírico e com doses extraterrestres de humor negro, além de ser a cara de seu realizador, Tim Burton. Que quando não inventa de colocar o dedo naquilo que os outros criaram, consegue fazer coisas como esta sensacional homenagem às antigas produções, em especial as B, do gênero.




09 A HORA DA ESCURIDÃO: Filme B, com B maiúsculo, e de elenco diminuto, que conta a história da invasão de alienígenas invisíveis feitos de energia (descaradamente inspirados no monstro de energia de um episódio de Jonny Quest), consegue prender a atenção justamente por aquilo que poderia ser algo contra. Só esqueceram de pintar os alienígenas (risos).



08 LIGA DA JUSTIÇA - ESCRITO NAS ESTRELAS: A animação da Liga da Justiça foi o ponto alto do que hoje é chamado de “DC Timmverse”. E ainda que o começo da série tenha se dado com uma invasão alienígena na saga “Origens Secretas”, é aqui em “Escrito nas Estrelas” que muitas situações e citações que pareciam soltas se fundem durante a invasão dos Thanagarianos que queriam construir um caminho de desvio no hiperespaço que por consequência destruiria a Terra.



07 INVASÃO DO MUNDO - A BATALHA DE LOS ANGELES: Para os livros de história “A Batalha de Los Angeles” ocorreu na noite de 24 para 25 de fevereiro de 1942, na qual as baterias antiaéreas estadunidense abriram fogo contra um objeto voador não identificado que se pensava ser um avião espião japonês. Tal fato é inclusive citado no começo deste filme que mais parece uma versão terrestre de “Independence Day”, mas que trava a atenção pelo roteiro que prioriza o isolamento do destacamento comandado por Aaron Eckhart, na época ainda surfando na fama de seu Harvey Dent de Batman o Cavaleiro das Trevas.





06 INVASORES DE CORPOS: E se a colonização da Terra por alienígenas não se desse por meio de gigantescas naves? E sim de maneira furtiva, com os invasores assumindo as identidades de suas vítimas?



05 INDEPENDENCE DAY: Não importa oque o diretor Roland Emerich possa ter feito depois deste filme. Ou as mil e uma maneiras que inventou de explodir coisas e destruir o mundo. Pois oque temos aqui é um amálgama quase irretocável dos filmes catástrofe de Irwin Allen com os conceitos de heroísmos de Patrulha Estelar.





04 CAMELOT 3000: Esta aqui já é uma figurinha carimbada aqui no blog. A clássica HQ de Mike W Barr, no traço sensacional de Brian Bolland, além de todos os atributos anteriormente citados, ainda é um excelente exemplo de invasão alienígena.



03 PATRULHA ESTELAR – PARA SEMPRE YAMATO: Quase tudo que envolve Patrulha Estelar/Yamato tem como plot inicial nações alienígenas tentando conquistar nosso planeta. Mas este longa metragem de 1980, além de ter vencido “O Império Contra-Ataca” nas bilheterias nipônicas, possui diversos outros méritos. Entre eles de ter um começo tenso, totalmente inspirado no clássico “Guerra dos Mundos”, e mexer com a questão da presumível passagem de tempo no espaço, isto décadas antes de “Interestelar”.





02 V - A BATALHA FINAL: A icônica minissérie para tevê dos anos 80, que causou uma boa dose de desconforto na época para alguns estômagos mais fracos, é até hoje referencial no tema.





01 GUERRA DOS MUNDOS DE ORSON WELLES: O livro de HG Wells de 1898 pode ser considerado a célula mater das obras de ficção sobre invasões extraterrestres. Mas coube ao ator e diretor Orson Welles em 1938, ainda que sem querer, a extrapolação da lenda urbana e paranoia sobre o tema. Quando em 30 de outubro de 1938, no seu programa de rádio teatro, Welles resolveu aproveitar a data do Halloween para fazer uma dramatização da obra do escritor britânico, não esperava que as pessoas que perderam a introdução do programa que explicava que tudo aquilo era uma obra  de ficção fossem entrar em pânico generalizado, ao ponto de saírem pelas ruas em desespero, congestionando linhas telefônicas e causando engarrafamentos nunca antes vistos. 














segunda-feira, 17 de setembro de 2018

The Pretender


A vida não era exatamente uma novela para quem em meados dos anos 1990 tentasse lançar um seriado na tevê norte-americana que tivesse, ainda que de leve, alguns toques de fantástico embalados por um fio condutor de tramas de conspiração, afinal se viviam os anos “X”. Os anos em que as aventuras de Mulder e Scully eram soberanas na mente dos fãs.
Mas eis que 1996 o produtor Steven Long Mitchell convenceu a produtora Fox e a rede NBC de um projeto sobre um garoto com um incrível dom, que tirado do convívio paterno foi criado numa espécie de versão privada de CIA, e em setembro daquele ano ia ao ar o primeiro episódio de uma das séries mais interessantes já feitas... The Pretender.



Dotado de uma inigualável capacidade de aprendizado, uma espécie de estágio absoluto do QI, que o permitia inclusive identificar padrões e assim antever as ações que poderiam acontecer, Jarod, ainda garoto foi trazido para dentro do “Centro”, uma organização secreta privada, onde cresceu sem nenhum contato com o mundo exterior até o começo de sua vida adulta, só que um dia ele descobre toda verdade sobre algumas das ações no qual a organização se envolvia e foge.


E assim se dá o começo de “The Pretender”, um seriado que conseguia misturar com maestria uma boa dose de diferentes elementos. Era “roadie movie”, era filme de espionagem, e várias outras coisas.


Tudo, pois, ainda que o plot inicial de cada episódio pudesse parecer o mesmo, Jarod (Michael T. Weiss) fugindo da perseguição do Centro, em geral personificado na figura de Catherine Parker (Andrea Parker), comumente chamada apenas de Miss Parker, a própria capacidade de Jarod de poder em pouquíssimo tempo aprender qualquer coisa era o gancho perfeito para colocar o protagonista nas mais diversas situações.

Catherine Parker (Andrea Parker) - Na maioria das vezes ela que perseguia Jarod

      Situações nas quais além de escapar de seus perseguidores e ir atrás de sua própria história que lhe foi roubada, ajudava as pessoas que encontrava pelo caminho - algo que, aliás, sempre lembrou demais a antiga série do Hulk protagonizada por Bill Bixby e Lou Ferrigno -, fazendo o espectador se divertir com a maneira de como descobria o mundo ao seu redor, por vezes se encantando com coisas das mais triviais possíveis.

Aprisionado por toda a infância, Jarod se impressionava com as coisas mais triviais

Hora era Jarod descobrindo sobre balinhas que saiam de um brinquedo, hora era Jarod falando sobre as propriedades nutricionais do sorvete. Tudo oque para uma pessoa comum passava despercebido, para ele se tornava uma grande descoberta.

Zoe (Lisa Ceroli) se torna a "namoradinha" do protagonista

Sem falar de quando surge em sua vida Zoe (Lisa Cerasoli), aquela que viria a ser a “namoradinha” do herói, e com quem Jarod descobre um tal de “sexo”, numa cena que poderia descambar para um ridículo extremo, mas que sim, ficou muito legal.
Outra coisa interessante na série era como se desenvolviam as relações de Jarod com alguns de seus perseguidores.

Sidney (Patrick Bauchau)

Neste quesito, além de Miss Parker, o destaque absoluto vai para Sidney (Patrick Bauchau), o mentor direto, com o qual Jarod jamais deixou de romper uma relação que era absolutamente paternal.

Mr. Parker (Harve Presnell)

Paternalismo que era invertido para o sentido contrário quando se pensa no principal diretor do Centro, Mr.Parker (Harve Presnell). O nome parece familiar? Sim, o pai de Catherine Parker.
Paternidade, aliás, é um ponto chave (e não poderia ser diferente) do seriado, e é abordado não apenas pela proteção de Sidney a Jarod, ou cobrança de resultados de Parker a Catherine. Como pela procura do protagonista ao seu pai biológico , que depois de muito pelejar descobre ser o Major  Charles, interpretado por ninguém menos que George Lazemby. Sim! O 007 de um único filme (A Serviço de Vossa Majestade) é quem interpreta o pai biológico de Jarod.

Major Charles (George Lazemby)

Aliás, as relações interpessoais como um todo são outro gancho muito bem trabalhado pelo seriado, que não apenas ficava se escorando nas aventuras de Jarod, que um dia cirurgião, um dia piloto de formula Indy e por aí vai. Elas são exploradas nos mais diversos nichos.



Exemplo disto é Broots (John Gries) que era um especialista em tudo que era eletrônico, apaixonado por Miss Parker, que poderia parecer um covarde num rápido olhar mais desatento, mas por vezes nos fazia torcer por ele, principalmente no episodio que tem sua filha ameaçada (olha a paternidade aí de novo).

Broots (John Gries)...

Ms.Parker e Broots - Uma relação mais que complicada

Além disto, temos o enigmático Ângelo (Paul Dillon), que foi uma tentativa do Centro que criar mais um Jarod, mas a coisa não deu muito certo, criando um gênio desligado da realidade. Mas não, não confunda com autismo. Pois no caso de Ângelo, a coisa de fato foi um grave erro ao se tentar brincar de Deus.

Angelo (Paul Dillon)

Mas então quem seria capaz deste tipo de coisa?
Bem, aí ao menos pra mim, temos um caso à parte no que concerne à categoria: “vilões”.

Dr.Raines (Richard Marcus) - Praticamente o mal encarnado

Dr. William Raines (Richard Marcus) era a encarnação da malevolência. Não apenas um antagonista, mas uma mistura de autocrata e cientista maluco, que vivia atrelado a um cilindro de oxigênio, num visual que parecia uma espécie de Professor Xavier do mal.

Mr.Lyle (James Denton)

Mas o troféu de autocrata do seriado com certeza vai para Mr.Lyle (James Denton), que quer pegar Jarod apenas para se promover dentro da organização.
The Pretender, infelizmente, nunca chegou a ser um seriado que cultivou uma “mega-audiência”. Mas conseguiu arregimentar um público bem cativo ao longo de suas quatro temporadas.

Cartaz promocional do crossover entre The Pretender e Profiler

Chegando inclusive por duas vezes a fazer crossover com outro seriado da NBC da época, “Profiler”, quando ambos estavam em suas terceiras temporadas, e talvez o mais legal disto foi que na época os seriados, ao menos na tevê aberta brasileira, eram exibidos em emissoras distintas, “The Pretender” na Record, e “Profiler” na Band.

O elenco principal de Profiler
Contudo, nem isto fez a vida do seriado se tornar mais longeva, sendo descontinuado ao fim da quarta temporada, deixando seu final entreaberto.
E lógico, que nem todo mundo gostou daquilo, oque suscitou muita reclamação, que acabou gerando em 2001 um longa-metragem chamado “The Pretender 2001” (quanta criatividade...bem deixa quieto). O filme, produzido então pelo canal TNT tinha como proposta colocar um ponto final a saga de Jarod, contudo, ainda que respondendo alguns questionamentos que ficaram em aberto, acabou se tornando uma espécie continuação.


Continuação que teve mais outro capítulo ainda 2001 com a chegada de outro filme, “The Pretender: Ilha dos Assombrados”, que no fim das contas só serviu para deixar mais perguntas em aberto.


Mas como eu escrevi alguns parágrafos acima, a história do gênio com espírito de menino que tentava a todo custo não usar de violência, tinha conseguido encantar uma numero razoável de fãs. Que mais que números frios de índices de audiência sabiam aproveitar a magia de uma saga bem criada e desenvolvida, aquele público que em pouco tempo deixa apenas de ser mais um fã, fazendo em 2013, Jarod retornar, desta vez na forma de graphic novels.

Capa de uma das graphic novels que procurar manter o seriado vivo

E que através destas HQ’s, nestes automatizados e imediatistas tempos, procuram manter viva a chama de uma das séries mais inteligentes já criadas, na esperança talvez que um dia, algum produtor possa olhar para o personagem e pensar o quão interessante seria fazer talvez um filme sobre ele.


































sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Falcões da Noite


Espremido entre as franquias “Rocky” e “Rambo”, quase que esquecido pelas gerações mais novas, em 1981 estreou um filme policial e de ação que com o tempo passou a ser mostrar um caso quase isolado na filmografia de seu protagonista, Sylvester Stallone, e que de quebra nos trouxe a primeira atuação numa produção norte-americana do holandês Rutger Hauer...o filme era Falcões da Noite!



Em 1981, Sylvester Stallone já era um astro do cinema que podia passar alguns momentos por semana dando brilho no seu “Oscar” de melhor roteiro original por “Rocky, um lutador”, mas ainda não havia se notabilizado como astro de filmes de ação mais, digamos, espetaculosos, como “Cobra”, “Tango&Cash” ou a recente franquia “Mercenários”.

Deke Da Silva (Stallone) e Matthew Fox (Billy Dee Williams) - A dupla de tiras de Nova York

E é neste cenário, que temos “Falcões da Noite”, um filme que ainda possui muito de uma narrativa típica dos anos 70. E que inclusive, reza a lenda urbana, na verdade deveria ter sido a terceira parte da franquia “Operação França”, mas que com a desistência de Gene Hackman na última hora de mais uma vez encarnar o policial Popeye Doyle, teve o roteiro reescrito, ainda que sua estrutura básica se assemelhe mesmo ao filme dirigido por William Friedkin.

Stallone barbado - Se proposital ou não parecia uma alusão ao "Serpico" de Al Pacino

Nele, um Sylvester Stallone numa rara versão com barba que lembra Al Pacino em "Serpico", é Deke Da Silva (sim, Da Silva), um policial de Nova York que conhece as ruas da cidade como poucos, e que tem por tática para prender marginais usar de disfarces, como de velhinhas (sim, Stallone vestido de bondosa senhorinha).
Deke faz parceria com Matthew Fox (sim, um homônimo do protagonista de “Lost”), interpretado por Billy Dee Williams, naquele momento no auge da fama, após ter vivido Lando Clarissian em “O Império Contra-Ataca” um ano antes.

A química entre Stallone e Williams se demonstra perfeita durante o filme

E a química entre Stallone e Williams sem dúvida é muito boa, até por conta de que aqui ao contrário de outros filmes seus, o personagem de Sly era no fim das contas um “cara comum” e não um “exército de um homem só”, e que ainda de quebra tentava se reaproximar da ex-esposa (Lindsay Wagner).

Deke ainda que um policial casca-grossa estava longe do esteriótipo dos protagonistas de filme de ação

Só que a vidinha tranquila dos dois tiras nova-iorquinos muda ao serem convocados para uma unidade antiterrorismo montada por Peter Hartman (Nigel Davenport), um especialista em antiterror, que tinha descoberto que Wulfgar, um terrorista que trabalha por encomenda havia fugido para os Estados Unidos após perder a linha, por assim dizer, num atentado que nem seus contratantes gostaram do resultado.


Interessante também é perceber que Deke Da Silva a princípio hesita em seguir a doutrina apregoada pelo seu chefe, que insistia que ao primeiro contato com Wulfgar, este tinha que ser eliminado não importando as consequências, algo que ia contra o código pessoal do policial.

Wulfgar (Rutger Hauer) - O terrosita que foge para os Estados Unidos

Astuto, sedutor e sem um pingo de hesitação, como todo bom psicopata, assim o terrorista alemão é apresentado, e o mundo toma conhecimento do talento de Rutger Hauer, o holandês que ali fazia sua estreia numa produção hollywoodiana, e que talvez muito por causa do que realiza aqui deve ter ganho no ano seguinte seu papel em “Blade Runner”. 
Sem falar que possuía uma bela marca registrada, ao dizer para algumas de suas vítimas antes de executá-las a frase: Você vai para um lugar melhor.
Lugar melhor, contudo, nem sempre foi onde a produção do filme pisou, tendo em seu caminho uma série de percalços.


Pra começar os problemas, logo no começo das filmagens o diretor Gary Nelson abandonou o barco, ao que se conta por desavenças com Sylvester Stallone que volte e meia era visto no set de filmagem trocando ideia com o roteirista David Shaber. E isto, ao que parece criou um hiato na direção de Falcões da Noite, que até ser assumida por Bruce Malmuth ( que anos depois dirigiu Steven Seagal em “Difícil de Matar”), ficou nas mãos do próprio Stallone por alguns dias.

Os problemas entre Stallone e Hauer acabaram indo além do que se vê na tela.

E aí surgiu o maior dos problemas que as filmagens tiveram, pois era nítido, e todos ali percebiam que mesmo com seu imenso carisma, que Sly mesmo não sendo um ator ruim como alguns críticos gostam de fazer crer, estava sendo obliterado por Rutger Hauer a cada cena, oque começou a gerar um clima que de esquisito passou para tenso, e que dizem culminou numa cena de bate-boca entre norte-americano e o holandês, que de dedo em riste quase partiu para as vias de fato.

Da Silva encontra Wulfgar no meio da balada

Tudo porque numa das cenas chaves (e aqui vou soltar um pequeno spoiler), Wulfgar é alvejado por tiros, e o pessoal dos efeitos especiais que estava encarregado de puxar os cabos que estavam amarrados a Hauer, para que houvesse impressão de veracidade no momento dos disparos, teria sido “instruído” por Sly a puxar com muito, mas muito mais força do que o usual para este tipo de cena. Oque provocou em Rutger Hauer muitas dores e desconforto nos dias posteriores, sendo que alguém dentro da equipe técnica resolveu contar ao holandês sobre a “pegadinha”, oque gerou a contenda entre os dois astros.

Mesmo após briga com Stallone e a  morte de sua mãe, Hauer permanceu firme na produção

Mesmo assim Hauer prosseguiu na produção até o fim, mesmo quando sua mãe faleceu durante as filmagens.
Filmagens que mesmo após encerradas, teriam sofrido com os cortes realizados que transformaram a produção de mais de duas horas em menos de uma hora e meia.


Ainda assim “Falcões da Noite” permanece sendo um ótimo exemplo de um amálgama, mesmo que não intencional, entre os filmes policiais dos anos 70 e 80.


E que muito tem para ensinar a algumas produções recentes cuja a pirotecnia vazia se transformou no principal astro.