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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

SWAT KATS

Arroz com feijão. Café com pão. Animais falantes com animação.
Desde que Mickey Mouse deu as caras pela primeira vez, ou até antes, que a figura caricata de animais que falam e vivem situações do cotidiano, ou não, estão intimamente ligadas ao cinema de animação.
Contudo tal figura invariavelmente esteve ligada, ou ao lado mais cômico da coisa, ou ao lado mais fofinho lacrimoso. Deixando a aventura e ação para a figura humana, que se vinha acompanhada de animais tinha eles em suas “condições normais” se é que dá para se referir assim.

Oque, aliás, sempre achei uma ótima barreira, algo como uma trava de segurança para fazer roteiristas preguiçosos trabalharem, e que das poucas vezes que se tentou fazer algo do tipo como nas famigeradas “Tartarugas Ninjas Mutantes Adolescentes”, virou uma maluquice só, uma briga de foice em quarto escuro, que a despeito de qualquer sucesso comercial, no frigir dos ovos configuravam sempre em trabalhos esquecíveis e sem relevância.



Pois é, mas isto foi até 1993 e a chegada de Chance “T-Bone” Furlong e Jake “Razor” Clawson.
Estreava ali, SWAT Kats – O Esquadrão Radical. A última série de animação produzida pelos míticos estúdios Hanna-Barbera.

Os irmãos Tremblay, os criadores de SWAT Kats

Criados pelos irmãos Christian e Yvon Tremblay, e já tendo como produtor associado a figura do magnata Ted Turner através da empresa TPS, Swat Kats começou a mostrar suas garras quando decidiu abandonar a fórmula batida de misturar os tais “animais” como foi o caso do famigerado Esquadrão Marte ou as já citadas Tartarugas Ninjas, com a figura de pessoas, e optou por criar todo um universo para seus personagens se desenvolverem.
E para isso precisavam de uma cidade, uma base de operações para os heróis, e daí surge MegaKat City.



O palco principal para do desenrolar das aventuras de Chance e Jake, dois pilotos da força de defesa da cidade que durante uma perseguição ao vilão Dark Kat acabam por espatifar seu jato justamente contra o quartel-general das forças de defesa, e são condenados não apenas a expulsão desonrosa da unidade que pertenciam pelo comandante Ulisses Feral, o real responsável pelo acidente, como também a cumprir uma espécie de “pena alternativa”, sendo enviados para cuidar de nada menos que o ferro velho da cidade, tal qual como num exílio. 

O Comandante Ulisses Feral, o responsável pela segurança da cidade e a punição de Jake e Chance

Mas é ali em meio a toda aquela “sucata tecnológica” que os dois amigos, que além de pilotos eram gênios da mecânica e eletrônica, decidem que não sairiam de cena daquela forma, e tal qual nas melhores e mais clássicas histórias de super-heróis começam a colocar seu plano em prática, dali por diante adotando os codinomes de Razor e T-Bone, e decidindo que fariam aquilo que a “forças da lei normais” não poderiam.
Surgia assim os SWAT Kats.

T-Bone e Razor com a vice-prefeita Briggs

Tendo como única aliada dentro do cerne do poder da cidade a vice-prefeita Callie Briggs, que era quem de fato gerenciava os momentos de crise, já que o prefeito Manx era o estereótipo perfeito do político medroso, burocrata e populista.

O prefeito Manx, o perfeito arquétipo do político populista

E utilizando uma série de veículos e gadgets por eles criados, que iam desde o indefectível caça TurboKat,  passando pela moto Ciclotron até a manopla chamada de Luvatrix.

O Cyclotron e a Luvatrix

 T-Bone e Razor passam a lutar contra vilões como o já citado Dark Kat; o hacker HardDrive; o mago PastMaster; o cientista mutante Dr.Viper que tinha como objetivo criar uma raça de seres metade gatos metade repteis; e o casal de mafiosos que perderam seus corpos e são transformados em androides, os Metallikats.

Dark Kat, Hard Drive, Dr.Viper, os Metallikats e PastMaster

Aqui acho que nem é mais preciso citar o caminhão de influências, inspirações e homenagens que os irmãos Tremblay utilizaram para compor não só a galeria de vilões, mas como vários aspectos deste universo felino, mas é interessante perceber como Swat Kats é composto por personagens e situações que o tornam muito vezes uma paródia de coisas muito reais.

Feral expulsa Chance e Jake da Força de Defesa

Ainda mais com a chegada da segunda temporada e novos personagens como a tenente Felina Feral, filha do comandante Feral, que nutria certa admiração pelos vigilantes do Turbokat; e o autocrata e carreirista tenente Steel.

Os tenentes Felina e Steel - Atitudes bastante opostas

Sem falar lógico no aspecto técnico já que SWAT Kats possui um trabalho de animação muito bem feito, bem acima da esmagadora maioria das produções televisivas da época, principalmente quando da chegada da já citada segunda temporada.
Lembrando que a série chegava inclusive a se dar ao luxo de ter Mark Hamill fazendo pontas esporádicas como Burke, um dos responsáveis pelo ferro-velho, que junto com outro personagem, Murray, não perdiam uma única oportunidade de rir de Chance e Jake e da condição na qual foram jogados.

Murray e Burke -  Os encarregados do ferro-velho

Tudo para ser uma franquia de imenso sucesso, certo?
SIM! E este sucesso era real, tanto em seu país de origem como em outros ao redor do mundo, como aqui no Brasil, onde o desenho estreou em horário nobre por voltas das 20:30hs na Rede CNT/Gazeta como uma atração isolada, sem nenhuma vinculação com os famigerados “programas infantis”.


O problema é que o seriado aparentemente sem mais nem menos acabou sendo descontinuado, com apenas 23 episódios completos e mais um especial. Ficando dois episódios produzidos pela metade e mais oito apenas com roteiros prontos.
Mas então por que isto aconteceu?
Bem, como eu havia comentado, este era um desenho que ainda que de sua forma divertida, tinha vários momentos parodiando a realidade, e aí vem à tona a velha desculpa da violência.



Até aí não seria novidade, só que em janeiro de 2009, Lance Falk, um dos roteiristas, numa entrevista para um site, acabou soltando a bomba, de que teria ouvido do próprio Ted Turner de que o seriado estava se tornando muito violento e inadequado para aquele que era considerado seu público alvo.
E como nesta época Turner já estava prestes a fechar a negociação que lhe deu todo o controle sobre o espólio dos estúdios Hanna-Barbera, não é preciso ser muito genial para se pensar oque aconteceu.


Seria este então o fim de nossos heróis?
Não mesmo.

Os irmãos Tremblay convocando os fãs para se unirem a "revolução"

Pois em 2015 os irmãos Tremblay conseguiram enfim os direitos totais sobre sua criação, e tomando uma decisão inédita, talvez até mesmo pelo que passaram, decidiram ir para o kickstarted, um destes programas de financiamento coletivo, as chamadas“vaquinhas” virtuais, e pedir a ajuda dos fãs para que os ajudassem na criação do novo projeto chamado: SWAT Kats Revolution.
Tudo devidamente dividido por metas e com as devidas “recompensas” para aqueles que fossem os ‘‘produtores” do show, até que tivessem ao menos um teaser pronto para que pudessem mostrar para possíveis investidores de alto porte


E assim eles tem feito, sendo que o última notificação sobre o status do projeto foi feita por Chris Tremblay em abril de 2017 via Youtube, na qual ele esclarece que a Warner Brothers não havia demonstrado interesse, desmentindo boatos que haviam ocorrido. Porém ressaltando que um outro parceiro financeiro/estúdio/distribuidor estava quase certo para que até final de 2017 estivessem com um acordo fechado, tendo a intenção de terem um produto pronto até fim de 2018 a tempo para as comemorações do jubileu de prata da animação, pedindo a todos para “cruzarem os dedos”.



E assim, com os dedos cruzados, escrevo estas últimas palavras, na esperança de que mais uma vez possamos escutar aquela guitarra afiada tocando o tema de abertura, e que possamos ouvir novamente o som do TurboKat ecoando sobre os céus de Megakat City, trazendo a justiça da criatividade para as telas de nossas tevês mais vez.
.........RADICAL!........Não podia terminar sem isto (risos).
































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