Pode
um filme de ação ser ousado nos já policiados anos 1990? E caminhar numa
perigosa linha que fala de uma relação marginal entre uma menina de treze anos
e um homem adulto sem descambar para o vulgar? Sendo ao mesmo tempo recheado de
ótimos diálogos e momentos de pura ternura e encantamento, enquanto nos traga
numa espiral de cenas de ação cruas e espetaculares?
Bem,
em 14 de setembro de 1994 um filme começou a provar que sim. Seu nome? O
Profissional.
Já
tinha algum tempo que o francês Luc Besson era uma figura conhecida do grande
circuito de cinema internacional por filmes como Imensidão Azul (quase uma
autobiografia já que os pais de Besson eram instrutores de mergulho) e o ótimo
(e copiado por Hollywood) filme de ação Nikita.
E
já que tinha tido seu filme “copiado” pelos norte-americanos, nada mais natural
seria se ele mesmo não “invadisse” o território estadunidense. Originalmente o
plano do francês era fazer um filme de ficção científica (O Quinto Elemento) que
só conseguiu concretizar alguns anos depois, pois já tinha a ideia de ter como
astro de seu projeto Bruce Willis, que na época se encontrava impedido pela sua
agenda lotada. Sendo assim, Besson resolveu mudar o foco, e quase como um
passatempo fazer mais um filme de ação.
Leon e Mathilda em ação |
Mais
um? Não. Não desta vez.
Escrito
na velocidade relâmpago de apenas trinta dias, Besson entregou o roteiro nas
mãos de Jean Reno quase como um presente, já que o personagem principal foi
muito pensado em cima do agente que Reno interpretou em Nikita.
Uma
história que envolvia um matador profissional, Leon, a serviço da máfia
italiana em Nova York, cujo destino um dia cruza com o de Mathilda, sua vizinha
de treze anos, que tinha o pai envolvido com uma quadrilha de policiais corruptos
da Divisão de Narcóticos, nos quais tenta aplicar um pequeno golpe, mas acaba
sendo morto com o restante de sua família, incluso aí o caçula de apenas quatro
anos.
Todos
mortos? Todos menos Mathilda, que vai procurar ajuda na porta do até então quase
desconhecido Leon, numa cena que começa a mostrar o porquê do filme ser tão
diferente, pois vamos concordar que não há como não ficar tenso, ao ver o
desespero estampado no rosto da estreante Natalie Portman, até que a porta do
apartamento se abre, e o espectador pode novamente respirar.
Natalie Portman durante seu teste para viver Mathilda. |
E
pensar que Natalie foi rejeitada no primeiro teste feito para o papel pelo
diretor de elenco Todd Thaler, que não acreditava que aquela menina pudesse dar
conta das várias nuances que Mathilda precisava ter segundo as especificações
de Besson, incluindo aí uma alta carga de sensualidade natural.
Mas
oque se vê a partir daí então, só pode ser definido com uma única palavra:
encanto.
A famosa "cena do porquinho" - Momentos lúdicos em meio a tragédia. |
Sim,
encanto. Pois a despeito de ser um filme de ação, característica da qual Luc
Besson jamais perde o foco, o roteiro vai costurando com habilidade e sutileza
a relação de cumplicidade que se instaura entre os dois solitários personagens
em meio à metrópole. Cada um com suas dificuldades e fantasmas pessoais.
Cena dos bastidores - Apesar de todas as nuances, o foco na ação jamais é perdido |
Mathilda
traumatizada pela morte de seu irmãozinho ao mesmo tempo em que está sedenta
por vingança vai se encantando por Leon, talvez a primeira pessoa que mostra a
ela oque seja afeto, o matador com um código de honra e que se mostra de bom
coração, contumaz consumidor de leite e que tem uma planta de estimação, mas
que foge de um passado distante e uma tragédia que envolveu sua esposa na
época, fazendo-o fugir para os Estados Unidos, e que por tabela também era
analfabeto no que dizia respeito ao idioma bretão.
Leon - A construção da personalidade do personagem veio toda de Jean Reno |
Aqui
vale ressaltar que segundo o próprio Jean Reno, foi escolha sua interpretar
Leon da forma como o vemos no filme, aparentemente lerdo, dispersivo e
emocionalmente reprimido, pois em hipótese alguma gostaria que o público
pensasse que seu personagem fosse alguém capaz de se aproveitar de uma menina.
Leon treinando Mathilda |
Porém,
o filme não foge de abordar tal viés, construindo com maestria através de
diálogos e situações aquela quase relação amorosa, até o momento em que Leon
após resgatar Mathilda de dentro da central de polícia e retornarem ao seu esconderijo,
é convidado (quase intimado) pela menina sem um pingo de pudor para fazer sexo
com ela. Isto emoldurado pela fala: “A
primeira vez de uma garota é muito importante... Li isto numa revista da minha
irmã”.
Contudo,
a resposta de Leon é simples, objetiva e foge completamente de qualquer toque
de pieguice, lição de moral tola ou menosprezo ao que a garota com certeza
sentia, seja lá oque ela pensasse que fosse. Numa das cenas mais singelas da história do cinema.
Mathilda toma um pileque de champanhe |
E
fora isto, ainda podemos assistir ao treinamento completo de Mathilda, que
inclui a invasão a um laboratório de refino de drogas que acaba devidamente
destruído pela menina, a cena do restaurante onde ela toma um pileque de
champanhe, a cena em que ela quase estoura os miolos na frente de Leon, e
lógico as cenas na qual aparece fumando, estas últimas que foram bastante
limitadas a pedido dos pais de Natalie.
E
falando em limitações, se há algo neste filme sem trava de segurança é Gary Oldman.
Norman Stansfield, o personagem que marcou durante anos a carreira de Oldman |
Quando
fiz minha resenha de “Batman Begins” e dediquei um parágrafo inteiro a Oldman,
citando como o ator tinha ficado estigmatizado por muitos anos após este filme,
não é sem motivo. Pois ainda que já tivesse dado vida ao ótimo Drácula do filme
de Francis Ford Copolla, é aqui com Norman Stansfield que Gary cunhou seu nome
do inconsciente coletivo, construindo um dos mais insanos vilões que o
cinema já viu. Hora quase tirando risos nervosos com citações sobre
compositores clássicos como Bethoven (papel que viveu no mesmo ano), horas
explodindo numa torrente de fúria, e chegando ao ápice nos momentos em que o
personagem consome algum tipo de droga em forma de pílula, em cenas nas quais
Oldman se contorce como se seu cérebro tivesse atingido por um tiro, com a
câmera de Besson bem cima do seu rosto, fazendo o espectador ter percepções das
mais variadas.
Norman Stansfield (Gary Oldman) totalmente insano na cena da pílula |
Constantemente
improvisando, e com o aval de Luc Besson para isto, Gary Oldman chegou a criar
momentos míticos, como na famosa cena na qual Stansfield solta seu famoso e
gritado: Todo mundo! (EVERYONE!). Uma brincadeira, já que a cena já havia sido
feita, mas que ao seu término Oldman resolveu inventar, e pedindo para que o
técnico de som tirasse os fones de ouvido foi lá e soltou a garganta. E o
resultado como todos nós conhecemos ficou tão bom que Besson para a surpresa do
próprio Oldman colocou no corte final do filme.
O icônico "everyone" - Brincadeira de Oldman que acabou entrando no filme |
Corte
este que acabou sendo ainda mais “cortado”, pois após uma primeira exibição em
Los Angeles, esta versão foi rejeitada pelo público estadunidense, oque obrigou
Luc Besson a criar a versão que muitas pessoas conhecem até hoje, pois mesmo
que a versão internacional tenha sido exibida em muitos países, é a versão
estadunidense que foi para o mercado de vídeo e as tevês de todo mundo.
Capa da versão internacional com seus 24 minutos adicionais |
Mas
isto não impediu O Profissional de se tornar um dos mais icônicos filmes de
ação de todos os tempos, e que consegue sim, ser muito mais do que aquilo que se propõe, se tornando até o hoje o ponto mais alto da carreira do diretor francês,
que chegou a escrever um roteiro para sua continuação, que traria novamente
Natalie ao papel de Mathilda.
Gary Oldman e Natalie Portman - Tensão só na frente das câmeras |
Só
que neste intervalo Besson deixou a produtora Gaumont para iniciar seu próprio
estúdio, o EuropaCorp. E a Gaumont que era a dona dos direitos cinematográficos
dos personagens, sentindo-se traída, bateu o pé e impediu a sequência.
Besson instruindo Natalie durante as filmagens. |
Oque
talvez tenha até sido melhor, pois manteve intacta a memória de um filme
magnífico. Que nos entrega ação sendo inteligente, que transgride, mas não
agride.
Mathilda se desespera ao perceber oque estava para ocorrer |
E que de quebra apresentou ao
mundo o talento quase inacreditável de Natalie Portman, estigmatizou Gary
Oldman até Jim Gordon vir resgatá-lo (risos), e nos presenteou com alguns dos
momentos mais bonitos e emocionantes da história do cinema.
Leon e Mathilda - Dois solitários em meio a metrópole |
Realmente isso filme é muito bom
ResponderExcluirÉ bom nas cenas com Gary Oldman!
ExcluirO filme é ótimo na parte da atuação de Gary Oldman! Ele mata toda a família da Mathilda, mas apenas para cumprir seu papel como o vilão do filme! Pelo menos ele não estava às intimidades amorosas escondidas com a "sensual" e "sedutora" Mathilda! Isso é o que eu chamo de um diretor bastante pedófilo tanto na forma de dirigir esse filme, quanto na forma de viver! Onde já se viu, uma menina de 12 anos de idade se ensinuando para um homem adulto e isso ser tratado como um amor fraternal? Me poupe! Isso é o que eu chamo de pedofilia disfarçada de amor fraternal! Onde já se viu, uma adolescente de apenas 12 anos de idade e um adulto serem amantes? Coisa maquiavélica e maléfica! Porém não podemos esquecer que o filme é muito bom e fantástico, principalmente nas cenas com Gary Oldman é claro, mesmo sendo o vilão, ele é bonzinho por um lado (Já expliquei lá no início do comentário o porquê)! #Todoscontraapedofilia
ResponderExcluir#EveryOne #GaryOldman #Stansfield
ResponderExcluir#NormanStansfield
ResponderExcluirComo assim "uma alta carga de sensualidade natural"? Ela era uma criança.
ResponderExcluirEsse povo que fala de pedofilia, eles não conhecem os bastidores das gravações, não sabe a diferenciar amor paterno com amor paixão, e não conhece o que é pedofilia.
ResponderExcluirPois eu duvido que os pais da Natalie, iriam aceitar gravações de pedofilia. Também no filme, uma menina de 12 anos que estava à beira da morte sozinha sem ninguém pra ajudar, qual era a opção que ela Mathilda tinha, apenas só uma mesmo de ir viver com Leon. E conhecendo o Leo, ele tinha todos atributos para poder ajudar e vigar a morte do irmão de 4 anos de Mathilda.
No início é sempre difícil convencer, aceitar, conhecer um estranho e mais ainda uma criança de 12 anos. Mathilda usou todas suas ideias apara aprender com o profissional e em tudo, testou seu amor pelo Leon, se ele realmente poderia ajudar a eliminar o Norman Stansfield (Gary Oldman), depois disso, ele se mostrou fiel e disposto a tudo pra ajudar, inclusive deu todo seu montante de dinheiro que realizava seus trabalhos, pra Mathilda.
Então conclusão: Não há pedofilia em nada, em nenhuma cena, teve cenas que a Mathilda fuma, bebe e encena que sente paixão, mas o Leon sempre dizia não, quanto a beber e fumar, jamais as cenas dela tragando cigarros foi vista, isso é mágia da produção de mostra algo fantasioso, beber, até nas novelas usam sucos e assim parecer que estão bêbedo alcool. Pois os Pais dela estavam nas gravações lá.
Pesquisem: O que é pedofilia. Ai vão saber se ele o Leon era pedofilo que ném uns diz ai.
o filme tinha cena de tensao sexual entre os personagens que foi deletada pra vc vir falar de amor fraternal fala serio
ExcluirAlguém tem a versão estendida?
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