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domingo, 19 de maio de 2024

Revista Aventura & Ficção

 

Meados da década de 1980...

Enquanto a tenente Ripley duelava com xenomorfos no cinema e o Queen lançava o clássico “A Kind of Magic”, os professores de português tentavam sem sucesso frear o avanço evolutivo das HQ’s que já não podiam mais tão facilmente serem rotuladas apenas de “escapismo infanto-juvenil”.

Neste cenário, nas bancas de jornal - que de fato vendiam jornais naquela época – se via na parte de quadrinhos o domínio quase total da Editora Abril, com suas revistas no famoso “formatinho”, em geral com revistas miscelânia como a já resenhada aqui “Revista Superamigos”.

Mas eis que num daqueles pequenos atos de ousadia, diante da gradual mudança etária de parte do público talvez, as informações vindas do exterior, que agora não demoravam uma década para chegar, e aos ótimos números de venda de “A Espada Selvagem de Conan”, eis que em 1986, chega uma revista como nenhuma outra até ali, e que até os dias de hoje pouco teve de “concorrência” ao seu posto, a...

Revista Aventura & Ficção!

A meteórica história de Aventura & Ficção, começa em setembro de 1986. E aqui vou logo abrindo um dos meus “parênteses” para poder compartilhar com você que está lendo, o espanto ao me deparar com o Nº 1 de Aventura&Ficção na banca onde costumava comprar meus quadrinhos, e ver que a revista do bárbaro cimério não era mais a única no formato “magazine”, sem falar na admiração diante da belíssima capa desenhada pelo mestre Joe Jusko.

Mas se neste momento, você que está lendo este artigo, chegou a pensar numa revista cheia de super-heróis em seus vistosos uniformes...esqueça!

Baseada em suas treze primeiras edições, em três “títulos para adultos” (argh!) da Marvel, “Bizarre Adventures”, “Savage Tales” e “Marverl Preview”, trazia em suas páginas as mais variadas e sem amarras visões de diversos artistas do calibre de:

John Byrne,

Roy Thomas,

John Buscema,

Sal Buscema,

Mike W Barr,

Earl Norem

e até um ainda não tão conhecido Frank Miller.

Sua edição de estreia abria com um prefácio do editor Helcio de Carvalho, que já deixava clara sua natureza livre e imprevisível, que ia desde da mais tradicional ficção científica, passando por contos de terror, até aventuras que te surpreendiam com seu desfecho quase cômico.

Tão imprevisível, que só para citar um exemplo, temos uma estória escrita e desenhada por John Byrne que dura apenas duas páginas, sem nenhuma fala, mas que passa seu recado de maneira direta e contundente.

Ainda que pudesse ter seus personagens cativos que apareceram algumas vezes ao longo de suas vinte e uma edições, como era o caso de “Vulcão e companhia”.



Um cara enorme, no melhor estilo brucutu dos anos 80, que vivia no que parecia um futuro distópico pós-apocalíptico, mas onde, vejam só, ainda podia se comer uma pizza, ainda que para se fazer isto a noite, era preciso encarar uma série de perigos como animais mutantes e zumbis.

O que não quer dizer que alguns personagens que faziam parte do “casting” tradicional como o Senhor das Estrelas (décadas antes de ficar conhecido por causa dos filmes).

E o Deus do Trovão, Thor, com direito a capa do brasileiro Napoleão Torquato.


E por falar em Conan, outra criação de Robert Howard, o Rei Kull da Valúsia, também apareceu nas páginas de Aventura e Ficção.

Não esquecendo que também, a despeito de seu caráter original de miscelânia foi capaz de dedicar edições inteiras apenas para uma história, como na edição Nº5 sobre a lenda do Rei Arthur e a Nº8 com a adaptação em quadrinhos do clássico “Robocop O Policial do Futuro”.



E tendo a coragem de publicar até mesmo um texto de Rob Marshall que era emoldurado por algumas ilustrações de Alfredo Alcala, mas que estava muito mais próximo da literatura pulp que das HQs.

E foi assim até sua 13ª edição, quando seguindo sua natureza imprevisível talvez, teve inicio uma nova fase, apresentando também artistas nacionais.

Não, você não leu errado.

A nata dos quadrinistas brasileiros da época ali, dividindo as páginas de igual para igual com alguns dos maiores nomes estadunidense, como Watson Portela e Mozart Couto. Além de nomes europeus como Enrique Breccia e Milo Manara, entre outros.

Watson Portela

Milo Manara

Com toda esta pluralidade, a partir da 17ª edição, Aventura & Ficção passa a ostentar na capa a frase: “O melhor do quadrinho mundial.”


Mas como qualidade, e ainda mais coragem, não são necessariamente sinônimos de sucesso nestas plagas, “Aventura e Ficção” teve sua última edição publicada em janeiro de 1990.

Terminando com sua breve história...

Deixando saudades sim! Mas de cabeça erguida mostrando que é possível, sem forçar a barra com esquemas midiáticos, fazer diferente e marcar época.




 

 

 

 

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