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sábado, 17 de junho de 2023

The Flash – Uma Resenha Rapidinha

 

Após anos de uma das mais conturbadas, adiadas, e ironicamente lentas produções da história do cinema, chegou aos cinemas “The Flash”, o filme do velocista escarlate de DC Comics, dirigido pelo argentino radicado em terras de Tio Sam, Andy Muschieti.

Bem, acredito que você que está lendo agora deva conhecer ainda que parcialmente todo o calvário pelo qual a maioria das produções cinematográficas com personagens da DC Comics vem passando ao longo dos últimos anos, com as honrosas exceções do primeiro filme da Mulher Maravilha que ganhou resenha aqui no blog, e do filme do Aquaman que ganhou resenha em nosso canal no Youtube.

Só que este universo, hora regido por mentes com pouca circulação sanguínea no cérebro devido possivelmente extensivo uso de gravata, hora regido pela mente de um sujeito, que me recuso a citar o nome, mas que foi capaz de criar um Superman sem coração e burro, e um Batman que planeja um assassinato e também é extremamente burro, apenas para conversar com parcelas de público que vibram na mesma frequência destas representações, teve o fim já sabido...o naufrágio.

Contudo, ainda se esperava com certa ansiedade aquele que pode ser considerado o último sopro de vida deste universo (não vou colocar o vindouro segundo filme do Aquaman nesta conta).

Bem, para não me alongar demais, acabando assim saindo do título deste artigo, vou tentar ser o mais conciso possível.

“The Flash” é bom?

É o que você que está lendo deve estar se perguntando, não é?

E eu digo que...SIM!

Porém, não passa desta classificação, ou seja, bom. Mas por que?

Bem, a despeito de todos os atrasos e mudanças que sofreu, “The Flash” não deixa de ser em síntese uma adaptação livre da famosa Hq “Ponto de Ignição” (“Flashpoint no original). Na qual Barry Allen tentando evitar a morte da mãe e consequente prisão do pai, volta no tempo, e com isto faz uma bagunça do tamanho da que existe nas mentes de alguns fãs mais recentes de quadrinhos.

Só que a tarefa deste filme era um tanto mais complicada que a do seu personagem título.

Ezra Miller e o diretor Andy Muschietti

E entre estas tarefas estava a de tentar apagar a péssima impressão do Barry Allen vivido de forma grotesca e excessivamente caricata por Ezra Miller.

Contudo, em seus cinquenta minutos iniciais o que vemos é exatamente a ratificação de uma das mais irritantes adaptações que um personagem  nascido em outra mídia teve no cinema.

Ainda mais quando para tentar deixar o “Barry principal” mais “sério”, recorrem ao pior recurso que se poderia pensar, sua versão mais nova, mais idiotizada ainda.

E a tortura com tentativas de humor horrivelmente escritas e horrorosamente interpretadas se arrasta, até que entram em cena o plus que este filme prometeu.... O Batman de Michael Keaton!

Quero deixar aqui registrado que jamais, gostei dos filmes do Batman dirigidos por Tim Burton, isto por uma série de razões que não vou ficar citando aqui, mas de forma alguma joguei este ônus em cima das costas Keaton em momento algum.

Mas aqui enfim, temos a oportunidade de assistir o Batman de 1989 fazendo tudo e um pouco mais que não conseguiu fazer em seus filmes, e sendo o que o Batman de Ben Affleck nunca foi nem por um frame sequer, inteligente e altruísta.

Aliás a participação de Affleck no filme além de alguns momentos constrangedores, inclusive junto com a Mulher Maravilha de Gal Gadot, é o retrato absoluto da tristeza.

Mas voltando ao que interessa, o Batman de Keaton, recluso em sua versão da mansão Wayne, após uma motivação citada por Barry (motivação extremamente bem encaixada no roteiro por sinal) decide voltar a ação e ajudar o velocista na procura pelo Superman daquela realidade, já que o General Zod havia ressurgido com todo seu grupo.

E aqui eu preciso salientar como a segunda parte de “The Flash” parece ser um outro filme. Algo totalmente diferente.

E aí se dá a parte mais “Flashpoint” do filme quando eles invadem uma instalação militar russa, e lá encontram, não o Kal-El, mas sim sua prima Kara Zor-El (Sascha Calle, surpreendente), fraca e debilitada por anos de confinamento.

Uma adaptação que um ou outro pode até torcer o nariz, mas que funcionou de forma espetacular.

E temos então finalmente (desculpe, estou repetitivo, mas é inevitável usar este tipo de expressão aqui), vemos um Barry Allen heroico e ágil, não apenas nas pernas, mas também em raciocínio.

Ah sim! E eu até esqueci de citar que nosso ‘’Barry principal” acaba perdendo os poderes por causa de mais um ato de abobação, tentando de forma desesperada recupera-los depois, em mais uma situação que escancara o quanto as duas metades deste filme são distintas entre si.

Sendo salvo justamente pela Supergirl, que de começo se mostrava desconfiada e relutante, mas ao testemunhar o sacrifício de Barry toma a decisão de também agir.

O que temos na sequencia então é uma baita batalha entre as forças do General Zod contra os dois Flash, a Supergirl e Batman.

Até o grande desfecho, que não se dá com nenhuma cena espetaculosa, mas com um roteiro de diálogos precisos, quando Barry se defronta com seu pior inimigo, eles mesmo, além de vários ganchos de saudosismo quando as mais diversas realidades criadas ao longo das décadas com personagens da DC Comics vão surgindo a nossa frente.

Para encerramos com o que chamo de desfecho em dois estágios.

O primeiro tocante e reflexivo. E o segundo maravilhosamente escalafobético, engraçado e surpreendente quando surge um “novo” Bruce Wayne, mas que só acontece por um pequeno detalhe que nosso amigo Barry muda para salvar seu pai da cadeia.

George Clooney em sua participação especial em "The Flash"

Como resultado final, para alguém que não alimentava a menor esperança sobre a aventura do velocista escarlate, devo dizer que “The Flash” é um bom filme.

Que patina, e muito, na sua primeira metade, mas que consegue virar a chave, ainda que meio tardiamente, nos servindo uma aventura com coração legítimo, ainda que aquém do que de fato poderia ter sido desde seu começo.

E que em meio a uma avalanche de filmes do gênero pautados pela mais pura banalidade, consegue sim, nos presentear com alguns momentos diferenciados, e que não farão você sair do cinema apenas pensando que o tempo passou muito rápido.



 

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