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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Crise nas Infinitas Terras e a celebração da DC (parte 2)


Olá!
Na primeira parte deste artigo, falava de como o canal CW engendrou o maior evento de crossover de seriados de todos os tempos, e seus pontos, digamos, não satisfatórios.


Mas agora a coisa começa a ficar boa, pois se algumas participações especiais não passaram de puro e fugaz fan service, outras vieram não apenas para fazer parte do enredo, como para mudar os rumos dos seriados da DC na televisão.
Para começar (acho que não dá para ser diferente) temos mais uma participação do Flash de John Wesley Shipp, para o qual os roteiristas não apenas o presentearam com o momento mais fiel aos quadrinhos de toda a trama, como o mais dramático e tocante do crossover, muito mais cá entre nós do que as duas (sim, as duas) mortes de Oliver Queen. Encerrando com chave de diamante o ciclo do Flash dos anos 90, que por várias razões deixou uma batata quente na mão dos intérpretes atuais do velocista escarlate, tanto na tevê quanto no cinema.


E como se não bastasse isto, na mesma sequência temos a chegada do Raio Negro. Uma série que em tese não teria ligação com o “Arrowverso”...mas...


E não é que a “química” entre o recém-chegado personagem e o Flash de Grant Gustin foi algo praticamente, instantâneo.


E falando em encontros e química, uma das maiores surpresas do crossover veio no encontro de simplesmente, Lúcifer Morningstar e Constantine.


Surpresa, pois apesar dos dois personagens serem tão próximos se pensarmos no escopo de enredo de suas estórias editadas, aqui estavam muito separados. Lúcifer em sua série que vai e volta, e Constantine com suas aparições no Arrowverso, em especial em Legends of Tomorrow. Um encontro que de tão interessante e especial, ainda que breve, foi preciso ser negado por Tom Ellis, o interprete de Lúcifer, para se manter o “efeito surpresa”.


Parece legal, não é? Mas nada foi tão legal quanto o retorno de Brandon Routh ao papel de Superman!
O ator que tinha ficado por muito tempo estigmatizado por sua interpretação do “azulão” no insosso filme dirigido por Bryan Singer, parecia ter encontrado seu lugar no mundo ao passar a interpretar o cientista Ray Palmer, o Átomo.


Mas não é que alguém achou que Routh merecia uma segunda chance como Superman. E o que se viu, sem dúvida, superou todas as expectativas.
Não apenas expectativas “visuais”, pois agora sim, um pouco mais velho, Brandon está visualmente a cara do filho dos Kent. Como a evolução dele como ator é espantosa.


A ponto de eu me perguntar por um momento se realmente o ator evoluiu daquela forma, ou algum espírito baixou nele. Pois me arrisco dizer que Routh conseguiu oque sempre julguei impossível, fazendo não apenas um Superman espetacular, com o cerne do personagem maravilhosamente respeitado (obrigado roteiristas do CW), mas, sobretudo, pois sua interpretação enquanto está apenas de Clark Kent reprisa com brilhantismo todos os trejeitos e até forma de falar da interpretação do saudoso Christopher Reeve, mas isto com personalidade própria passando longe do caricaturismo e da cópia.


E por falar em caricatura, não posso deixar de citar John Cryer e seu Lex Luthor. Pois ainda que no começo do crossover, suas motivações para sair matando tudo que era versão do Superman não contribuíram em nada (desta vez não tem agradecimento aos roteiristas), e o personagem patinou perigosamente no terreno do caricato, aos poucos o ator que alguns não conseguem dissociar de seus papéis cômicos, encontrou seu tom, muito semelhante (claro que nem de longe com o mesmo brilhantismo) ao Luthor de humor cínico de Gene Hackman, com o qual, aliás, Cryer contracenou em Superman IV.
Tudo bem, eu sei que o crossover teve cenas de lutas absolutamente risíveis, pois os “fantasmas” que seriam o exército do Antimonitor se esvaem ao menor golpe, fazendo as lutas parecerem ter saído de Power Rangers ou pior.


E que o personagem Ryan Choi, o paragon da humanidade, parecia mais perdido no roteiro que um pacifista numa feira de fabricante de armas
Contudo, este ponto, como aquele que citei na primeira parte deste artigo, são pontos menores, numa produção iluminada, que assim como a “Crise...” dos quadrinhos redefiniu todo universo da DC, ao menos nas telas de tevê.


Mostrando-nos assim como foi referenciado lá no começo da série do Flash a criação da Liga da Justiça, unindo heróis que agora passariam a habitar a mesma Terra. Enquanto somos agraciados com imagens de todas as séries da DC. De Titans, passando por Patrulha do Destino, até a curtíssima série do Monstro do Pântano e a vindoura série da Stargirl.


E para a minha surpresa mostrando até uma cena do filme do Lanterna Verde. Sim aquele mesmo, protagonizado por Ryan Reinolds que se tornou motivo de chacota, mas que aqui de uma forma inesperada, talvez tenha sido redimido no crossover das séries do CW, com as quais encontra muito mais pontos em comum, principalmente com a descompromissada Legends of Tomorrow, que as produções da DC nos cinemas.
E como uma espécie de cereja do bolo fez referência até ao desenho dos Superamigos da forma mais inesperada e bem humorada de citação que ninguém conseguiu imaginar.

A referência a Supermamigos

Só não perguntem se ainda veremos o macaco Gleek e os supergêmeos num crossover futuro, pois aí seria especular demais.
Lógico que em algo desta magnitude, algumas ausências foram sentidas, pois é impossível não sentir falta de Roy Harper, personagem tão relevante para o Arqueiro Verde tanto nos quadrinhos quanto em Arrow.
Ou a ausência de interpretes icônicos de personagens da DC nas telas, como Linda Carter e sua Mulher Maravilha, ou Mark Hamill que interpretou o personagem Trapaceiro tanto na série do Flash dos anos 90 como na atual, sem falar logicamente no Coringa de Batman TAS.

Michael Rosembaum - Talvez a maior ausência na saga

E ainda (ou seria principalmente?) Michael Rosembaum, o melhor Lex Luthor de todos, que segundo o mesmo, chegou até a ser sondado para participar do crossover, só que diante da indefinição dos produtores do que faria na trama, decidiu por declinar do convite.
Mas ainda que sentidas, tais ausências não foram relevantes para o resultado desta verdadeira epopeia televisiva, que cumpriu a risca fazer aquilo que fez a clássica “Crise nas Infinitas Terras”.


Ou seja, (re)organizar o Universo DC nas telinhas, ao mesmo tempo em que abriu um leque de várias possibilidades, que talvez (eu disse talvez) possam ter reflexos futuros até mesmo nos cinemas.

Marv Wolfman surge como a melhor surpresa do crossover

E cá entre nós. Se até Marv Wolfman, o autor da “Crise...” dos quadrinhos, entrou na brincadeira e deu sua bênção ao crossover...
Quem sou eu para também não fazê-lo?





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