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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

CSI - Investigação Criminal


Seriados policiais fazem parte da cultura pop desde os primórdios das artes audiovisuais nas antigas matinês dos cinemas, e que a partir dos anos 1970 ganharam imensa força com a expansão da televisão em seriados como Kojak, SWAT e CHIP’s, cada um a sua forma abordando a rotina (às vezes nem tão rotineira assim) do trabalho dos agentes da lei, com formulas que pouco se modificaram nos seguintes, talvez pela honrosa exceção de Nova York Contra o Crime.
Mas eis no ano de 2000 o roteirista Anthony E Zuiker se uniu ao produtor Jerry Bruckheimer (bem conhecido por filmes de ação como “A Rocha” e “ConAir”), para o projeto que iria não apenas se tornar um dos seriados mais bem sucedidos e longevos da história, como iria mudar toda visão de como os mesmos precisavam ser mostrados.
Nascia ali, CSI - Investigação Criminal!


Num cenário televisivo que via séries líderes de audiência como Xena e Arquivo X chegando aos seus finais, poucos seriam os que apostariam sua fichas num seriado policial, que longe do heroísmo fácil de séries do passado, mas que também não seria escravo do viés drama/realidade, traria para os holofotes justamente aqueles que sempre estiveram tão nos bastidores que nem eram lembrados na hora de se escrever um roteiro do gênero, os verdadeiros responsáveis muitas e muitas vezes por de fato solucionar os crimes, os cientistas forenses.
E assim somos apresentados ao grupo comandado pelo entomologista Gilbert Grisson (William Petersen).


E que além do nerd low profile era composto por Catherine Willows (Marg Helgenberg) uma biomédica que no passado tinha sido dançarina de boate e que depois se descobre ser filha de um poderoso dono de casino e mafioso (Scott Wilson).


Pelo analista Nicholas Stokes (George Eads).


O químico Warrick Brown (Gary Dourdan) um ex-viciado em jogo.


A física Sara Sidle (Jorja Fox).


O também químico e técnico do laboratório Gregory Sanders (Eric Szmanda).


E o legista Dr.Albert Robbins (Robert David Hall).


Além deles havia o capitão James Brass (Paul Guifoyle), policial da Divisão de Homicídios que sempre acompanhava os cientistas.


Interessante aqui, é que logo no comecinho da primeira temporada era Brass quem liderava a equipe de peritos, mas o xerife, ao qual o departamento o CSI era subordinado, decide substituí-lo por Grisson, quase que numa sinalização explícita dos criadores do seriado que uma nova página começava a ser escrita ali.
Algo que foi explorado ao máximo do possível usando como base todas as técnicas e equipamentos que de fato são utilizados pelos peritos forenses.


Lógico que aí é preciso se entender que vários dos processos utilizados na vida real tem resultados que nem de longe são obtidos na velocidade que se vê na telinha, mas considero que tanto eu, quanto você que está lendo, possamos colocar isto no campo da “licença poética”, se é que dá para se chamar assim, e fazendo valer o bom e velho conceito da “suspensão da descrença”.
Um ato de ousadia dos realizadores da série? Talvez sim.
Mas que de nada adiantaria, se além de toda a parte técnica, CSI não fosse um seriado preocupado em equilibrar seus elementos.
Cada um de seus personagens principais vinha trazendo toda uma “bagagem pessoal”, como nos já citados casos de Warrick Brown e seu problema com o jogo, ou Catherine que além de ter que criar sua filha sozinha, ao descobrir a identidade de seu pai biológico se vê em conflito imediato com ele, por estarem em campos extremamente opostos.

 Sam Braun e Catherine - A verdade coloca os dois em lados opostos

Outra coisa que é preciso salientar, é que CSI sempre procurou primar por tentar dar tons diferentes aos seus episódios, bem a exemplo, guardando-se as devidas proporções, ao que Arquivo X fazia. Não apenas para dar equilíbrio ao longo de cada temporada, como também não deixá-lo cair na mesmice que obras mais recentes fazem.
E dentro deste viés, o das tais “bagagens pessoais”, ao contrário de outras séries que ao abordarem estes elementos criaram episódios modorrentos e chatos, aqui em CSI foram responsáveis por alguns dos melhores momentos do seriado.


E talvez não haja melhor exemplo para isto que o do próprio Gil Grisson, que como já citado era um nerd de carteirinha, e capaz de em cada situação mostrar de forma precisa cada uma das facetas de uma pessoa que podia até viver em sociedade, mas que de forma alguma conseguia se sentir inserido nela, mas muito longe do estereotipo jocoso pelo qual tais personalidades costumam ser abordadas.


Oque, aliás, foi uma tônica da série, ou seja, desmistificar estereótipos. Tendo em Grisson a “ferramenta” perfeita para isto. Tanto quando precisava corrigir um de seus subordinados numa situação fora do comum, como até mesmo ao mostrar o entomologista em suas relações amorosas.


Um capítulo a parte já que a personalidade de Grisson ao mesmo tempo em que provocava, também parecia atrair e causar admiração. Tanto que foi capaz de ter um caso com Lady Heather (Melinda Clarke), a proprietária de um clube de fetiche. E por fim fazendo Sara Sidle se apaixonar por ele, numa situação que no começo considerei uma forçada de barra gigantesca dos autores, mas que se mostrou acertada, ao mostrar que o pivô da subtrama não era Sara, e sim o próprio Grisson, que não se permitia viver, não só aquele tipo de relacionamento, como vários outros aspectos de sua vida.

Grisson e Sara enfim juntos ao fim da nona temporada

Vida que como era de se esperar num seriado com CSI, sempre estava por um fio. Mas que nunca teve sua fragilidade tão bem explorada quanto no episodio dirigido pelo cineasta Quentin Tarantino, no qual Nick Stolkes é sequestrado e enterrado vivo por Walther Gordon (o veterano John Saxon) num mirabolante plano de vingança.



Tarantino e William Petersen durante as filmagens do episódio

Um episódio em duas partes, que me arrisco dizer, é a melhor coisa que Tarantino fez até hoje. E que mesmo usando de certos clichês do diretor, foi extremamente respeitoso ao tom geral do seriado. Só que nem por isto deixando de ter a marca de seu diretor, que também assina o roteiro, ao trazer de volta astros do passado.

John Saxon e sua participação no episódio dirigido por Tarantino

Não apenas no protagonismo de John Saxon, como nas participações especiais de Toni Curtis, e de Frank Gorshin, o eterno Charada do seriado do Batman de 1966. Gorshin que, aliás, faleceu dois dias antes do episódio ser exibido e para o qual acabou sendo dedicado.
E por falar em marcas, não há como não se lembrar da excelente abertura ao som de “Who Are You?” do The Who.


Algo que ficou tão simbólico, que fez até o vocalista Roger Daltrey participar do seriado.

Roger Daltrey - O vocalista do The Who em participação no seriado.

E que foi expandido quando CSI passou a ser não apenas um seriado, mas sim uma franquia, com a chegada de CSI-Miami que utilizava a faixa “Won’t Get Fooled Again”, de CSI-Nova York que usava de “Baba O’Riley” em suas aberturas.




Formando quase que um “universo compartilhado”, já que volta e meia, como era se esperar acontecia algum crossover.

CSI se torna uma franquia e os crossovers acontecem

Lógico que por se tratar de um seriado que durou cerca de quinze temporadas, o elenco de CSI, ou CSI-Las Vegas como ficou mais conhecido após a transformação em franquia, foi sofrendo alterações. Seja por desgastes de relacionamento entre o elenco, como no caso de Gary Dourdan oque acabou forçando a “morte” de Warrick Brown, ou simplesmente pelo cansaço de se fazer o mesmo personagem por tanto tempo como William Petersen, forçando a “aposentadoria” de Gil Grisson.


Só que aí, mesmo colocando rostos conhecidos como Laurence Fishburne ou Ted Danson (que também participa CSI-Cyber), a magia por assim dizer não conseguia se repetir.

Laurence Fishburne foi o primeiro substituto de William Petersen



Contudo, oque foi construído por CSI, é simplesmente um marco.
Pois se antes os cientistas forenses nem lembrados eram, hoje é impensável se fazer um filme ou seriado policial, sem dar o devido destaque para aqueles que dos bastidores são muitas vezes os verdadeiros responsáveis por se fazer justiça.







4 comentários:

  1. Tenho para mim ser CSI Las Vegas o melhor seriado já produzido para a televisão, principalmente as primeiras temporadas. Continuo assistindo as reprises.
    Mas antes que me esqueça: texto primoroso, como sempre!

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  2. Conheci CSI por causa da Record e por Ted Danson, sempre excelente no que faz. Agradeço por relembrar um seriado que continua tão atual em minha mente!

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  3. Oi Boamoite CSI:Miani Alessandro Muniz clubeFã

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