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segunda-feira, 30 de abril de 2018

O Legado Hanna-Barbera (parte 1)


Do Parque de JellyStone até aventuras num Laboratório Submarino. Da idade da pedra até um futuro de prédios flutuantes. De aventuras de espionagem em algum país exótico até os céus de Mega KatCity.
Bem, depois desta apresentação, nem é preciso ser Shazzan, o gênio, para saber que hoje venho falar da incrível fábrica de sonhos conhecida por... Estúdios Hanna Barbera.



O ano era 1937, quando um engenheiro chamado William Hanna conheceu um banqueiro chamado Joseph Barbera, e deste improvável encontro foi cunhado um sonho que tinham de trabalhar com o até então pouco explorado, mas cheio de possibilidades, cinema de animação.
Algo com o qual ambos já haviam tido pequenas experiências, mas que nem de longe seria comparável ao que os dois iriam construir ao longo de mais de seis décadas de amizade e parceria profissional.

William Hanna e Joseph junto a suas primeiras criações Tom e Jerry

Já em 1939 trabalhavam juntos para os estúdios da Metro Goldwin Mayer, contudo, devido a uma certa relutância na época do estúdio, Bill Hanna e Joe Barbera resolveram mandar alguns desenhos em 1940 para a apreciação de ninguém menos que Walt Disney, que prometeu contratá-los para seu casting de artistas... Prometeu... Mas não cumpriu.



Contudo, tal atitude parece ter feito o pessoal do “leão” da Metro se decidir, e ainda em 1940 chegava as telas “Puss Get the Boot”, a estreia daquela que talvez seja a dupla mais icônica da animação, Tom & Jerry.
A forma fluida como a animação surgia aos olhos e seu tom de humor fez um sucesso tão absurdo, conquistando crianças e adultos, e tamanho foi seu impacto, que foi indicado simplesmente a 22 Oscars, dos quais levou sete para casa, feito este jamais igualado por qualquer outra obra de animação até hoje, elevando Tom e Jerry a condição de astros de primeira grandeza.

Bill e Joe junto aos seus sete Oscars ganhos por "Puss Get the Boot"

Fazendo Jerry participar de uma antológica cena com Gene Kelly em “Marujos do Amor”, e junto com Tom fazerem uma participação em “Salve a Campeã” com Esther Williams. Tornando Hanna e Barbera percursores da junção de personagens de animação com atores vivos.

Jerry junto com Gene Kelly e ao lado com Tom junto a Esther Willians
Sendo que nesta época Bill e Joe já não mais diretamente trabalhavam para Metro Goldwin Mayer, fundando seu próprio estúdio de animação em 1944, ainda que a Metro injetasse parte dos recursos de produção.
Contudo, com a chegada da televisão na década de 1950, e o esvaziamento dos financiamentos para as animações para cinema, Hanna e Barbera viram que precisavam se adaptar, e é aqui no momento de crise que os dois amigos começam a de fato cunhar seus nomes no imaginário popular, e em 1957 chegava às telas a primeira produção 100% com o selo da produtora, Jambo e Ruivão, sendo     seguido por Dom Pixote.

Jambo e Ruivão - A dupla abriu as portas da tevê para Hanna-Barbera

Animações de baixo custo, já que não tinham mais o apoio direto de um grande estúdio e que também eram feitas desta forma para facilitar a vida dos seus poucos profissionais na época (como não se lembrar dos cenários que se repetiam ad eternum toda vez que um personagem precisava correr, por exemplo?), para que conseguissem atender a demanda do novo veículo de mídia, que exigia uma agilidade de entrega muito maior. Todos desenhos de curta duração – em torno dos cinco minutos cada episódio – mas que viraram marca registrada desta primeira fase da produtora. Fazendo ainda parte desta época clássicos como: Zé Colmeia; Chuvisco, Plic e Ploc; Olho Vivo e Faro Fino; Leão da Montanha; e Bibo Pai e Bob Fillho.

Cenários de fundo que se repetiam eram um dos recursos usados para baratear os custos e agilizar a produção

Até que em 1960, o mundo é apresentado àquela que se tornaria a família mais famosa da telinha em todos os tempos, e em horário nobre começava a ser exibido Os Flintstones. As aventuras e desventuras de uma família de classe média baixa que vivia na Idade da Pedra, e que a princípio foi pensada como uma “atração adulta” (bom lembrar que nos intervalos os personagens apareciam inclusive em comerciais de cigarros), de forma relâmpago se tornou um sucesso inacreditável, pois tanto conseguia agradar a audiência jovem com seus momentos verdadeiramente engraçados, como a audiência mais velha que enxergava ali aquela que talvez tenha sido a primeira grande crônica da sociedade norte-americana moderna da história.

As famílias de Hanna-Barbera: Os Flintstones, Os Jetsons, O Muzzarelas e Os Tremendões

        E lógico que todo este sucesso gerou versões que foram se sucedendo ao longo dos anos: Os Jetsons (a família do futuro), Os Muzzarelas (a família da época do Império Romano), e nesta conta pessoalmente ainda insiro Os Tremendões (uma família dos tempos atuais, mas cujos protagonistas neste caso ao invés de “trabalhadores normais” eram jogadores de um time de futebol americano).



Porém, o sucesso de Fred Flintstone e companhia, e o crescimento quase que monopólico de Hanna-Barbera no setor de animações para tevê começava a demonstrar que as coisas ficavam grandes demais para os dois amigos administrarem totalmente sozinhos.
E eis que a ajuda que precisavam veio do outro lado mundo, mas precisamente do Japão ou quase. Mas calma! Se por um acaso você está pensando que Joe e Bill já naquela resolveram terceirizar sua mão de obra devo dizer que não foi exatamente assim (risos).
Oriundo dos estúdios Disney, nos quais havia trabalhado como animador em produções como Cinderela, A Bela Adormecida, e A Dama e o Vagabundo, chegava em 1961 a Hanna-Barbera, Iwao Takamoto.

Iwao Takamoto e um de seus primeiros esboços para Scooby Doo

E foi na empresa de Joe e Bill, onde o filho de japoneses - prisioneiro durante a 2ª Guerra no Campo de Manzanar - foi ocupando vários postos, criando uma série de personagens, sendo o primeiro deles nada menos que Scooby Doo. Sooby Doo que acabou gerando mais uma onda de variações dentro das produções Hanna-Barbera, a dos grupos de jovens sempre acompanhados de algum bicho, que em geral se envolviam em alguma espécie de mistério, e nesta linha pode-se citar: Goober e os Caçadores de Fantasmas, Clue Club e Tutubarão.


Takamoto também veio a participar diretamente da criação de tantos outros como Astor, o cão dos Jetsons; Penelope Charmosa; Mutley do Esquadrão Abutre; e alguns personagens secundários dos Flintstones.
Se tornando em pouco tempo produtor e depois vice-presidente de criação, responsável direto também por várias campanhas de marketing, formando com William e Joseph uma tríade de mentes pensantes que arriscar-me-ia aqui dizer, que se não fosse a já famosa marca de seus criadores, poderia ter inclusive mudado o nome da empresa, tamanha era a sinergia entre o oriental e os dois fundadores do estúdio.

Iwao Takamoto, Joseph Barbera e William Hanna aqui sendo eternizados pelo traço de Fred Flintstone

Mas como nós sabemos William e Joseph não se limitaram apenas a fazer as pessoas rirem, e em 1964, como já fiz artigo aqui, partiram para sua mais ousada empreitada, Jonny Quest.


Mas esta outra faceta das animações HB vou deixar para a segunda parte da saga destes empreendedores e como criaram toda uma legião de heróis que marcaram gerações. Até lá.


                                     




















Um comentário:

  1. Maravilhoso relembrar todos eles...parabéns José Carlos Sandor...aguardando a parte dois.

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