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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

As Animações da DC Antes do Timmverse

 

Uma das poucas coisas que são de concordância quase que total nestes dias de hoje no mundo da cultura pop, são as animações feitas com personagens da DC Comics.

E mesmo que a tal qualidade possa variar aqui ou acolá, é fato que no geral são elas que mantém os Estados Unidos no mapa da animação mundial, mesmo que lógico, usem mão de obra de outros países.

Assim como é de entendimento que tudo isto teve início lá no começo dos anos 1990 com a saga de Batman The Animated Series, que depois, como já foi contado aqui, se tornou o conhecido “Timmverse”

Mas e o que veio antes? Pois justiça seja feita, se a Marvel conseguiu em determinado ponto histórico iniciar uma mudança na cara dos quadrinhos, a DC Comics sempre esteve um passo adiante no entendimento da importância do cinema de animação para promover seus produtos.

E talvez a maior prova disto seja o icônico seriado do Superman produzido pela empresa dos irmãos Max e Dave Fleischer em 1940 (nos primeiros nove episódios) e concluído pela Famous (os demais oito episódios), apenas dois anos após a criação do maior super-herói de todos os tempos. Sendo lançados nas matinês dos cinemas da época entre 1941 e 1943, usando o processo de rotoscopia, e possuindo uma fluidez invejável e um esmero típico das animações feitas para o cinema.

Podendo até hoje ser apreciado por qualquer admirador de quadrinhos de verdade, desde que com entendimento da ausência de modernidades, que as vezes nem são tão modernas mais assim, mas que na época ainda não existiam.

Contudo, os alto custos das animações para o cinema, acabou por criar um hiato de quase duas décadas, até que em 1960, a recém-criada produtora Filmation (sim, a mesma produtora de He-Man) de Lou Scheimer e Hal Sutherland, se propôs a entrar na briga pela audiência das manhãs de sábado na tevê norte-americana.

E qual melhor “cartão de visitas” que “retomar” as aventuras do “homem de aço”?

Até porque o personagem nunca tinha “sumido” absolutamente das telas, estando bem vivo na memória recente da época devido ao seriado live action protagonizado por George Reeves.

Só que o que a Filmation fez foi bem além de mais uma animação do “azulão”, criando o que a grosso modo pode ser considerado o primeiro universo compartilhado de super-heróis fora de sua mídia original.

E além de Superman, e sua versão adolescente o Superboy acompanhado de seu cão Krypto, de 1966 até 1968 produziram animações do Aquaman, Lanterna Verde, Flash, Gavião (aqui não havia o "Negro" junto) e Átomo. E uma versão “embrionária” se é que podemos dizer assim da Liga da Justiça que unia estes últimos ao Superman.

E como se não fosse o bastante tínhamos uma animação dos Jovens Titãs que trazia as presenças do Kid Flash e de Aqualad que além de aparecerem nos episódios de seus mentores surgiam aqui na companhia da Moça-Maravilha, e de Speedy ou Ricardito, como foi infelizmente nomeado em nossas tropicais paragens.



Situação que aliás foi bem comum aqui, pois o Aquaman virou “Herói Submarino”, e o Lanterna Verde que virou o “Homem de Verde” (risos).

E cadê o Batman? Você pode estar se perguntando....

O Morcego de Gotham só foi se “juntar” a esta turma em 1968 dividindo uma atração com o Superman, isto depois de até o Aquaman ter tido um voo solo nestes “shows”.

Só depois ganhando uma animação só sua, com as vozes originais de Adam West e Burt Ward do seriado live action de 1966.

E eis que chegamos ao ano de 1973, e com ele a “migração” dos heróis da DC para a Hanna-Barbera. E assim se iniciava a era dos Superamigos.

Com um total de oito temporadas que foram até 1985:

·         Super Friends 

·         All-New Super Friends Hour 

·         Challenge of the Super Friends (1977-1978)

·         World’s Greatest Super Friends 

·         The Super Friends Hour Shorts 

·         The Lost Super Friends Episodes 

·         Super Friends: The Legendary Super Powers Show 

·         The Super Powers Team: Galactic Guardians 

A animação passou por diversas transformações ao longo de suas temporadas, tendo entre suas principais características os personagens criados pela própria Hanna-Barbera.

Em geral focados no link com seu principal público alvo, o infantil, e por tabela “suavizar” as estórias. Como os irmãos Wendy e Marvin que eram acompanhados do “Supercão”, e não, não me refiro a Krypto.

Mas a ideia, vamos admitir, forçou demais a boa vontade até mesmo das crianças, e os irmãos e seu cachorro acabaram sendo limados. Posteriormente substituídos por nossos conhecidos Super-Gêmeos, Zan e Jayna e seu macaquinho Gleek, numa alusão clara a Jan, Jayce e Blip de Space Ghost.

Mas nada parece tão mais simples quanto relevante, hoje na era das lutas por representatividade, do que a iniciativa de transformar a equipe em multiétnica, com a inclusão dos personagens Chefe Apache, Samurai, Vulcão Negro e Eldorado.

E sabiamente, não colocando todos os ovos no mesmo cesto, mesmo tendo seus personagens sob as asas dos estúdios Hanna-Barbera, a DC Comics reatou em 1977 sua parceria com a Filmation para fazer mais uma série em animação do “morcegão” chamada “As Novas Aventuras do Batman”.

Além de em 1979 fecharem com a recém-criada Ruby&Spears a realização de uma animação do Homem-Borracha (que por aqui se chamou Elástico).

Voltando mais uma vez a parceria com a Filmation em 1981, com uma série do Shazam (que na época ainda era Capitão Marvel) que possuía um tom de comédia descarada bem na linha da animação do Homem-Borracha.

E como se isto fosse pouco, ainda havia um plano da editora de começar a replicar na Hanna-Barbera algo nos moldes do “universo compartilhado” que a Filmation realizou nos anos 60.

E em 1983 a HB iniciou a pré-produção de uma animação dos Novos Titãs! Com planos desta, “habitar” o mesmo mundo do universo dos Superamigos.

Mas o sucesso dos “Smurfs” (sim, dos Smurfs) fez a produtora adiar os planos para a jovem equipe de heróis. E no fim das contas tudo que acabou sendo produzido foi um comercial para uma campanha contra as drogas, que diga-se de passagem, nem teve a presença do Robin, já que tal campanha era patrocinada por uma empresa, que era concorrente da empresa que patrocinava o desenho dos Superamigos ao qual a figura do “menino prodígio” estava vinculada.

Cenas do comercial antidrogas protagonizado pelos Titãs

Obrigando Marv Wolfman a criar um personagem “tapa-buraco”, o Protetor, que só surgiu neste comercial.

Por questões comerciais a equipe ganhou um novo membro, o Protetor

Bom.... De qualquer forma, o Cyborg acabou indo parar na última temporada de Superamigos, mas nem o próprio Marv Wolfman nunca soube segundo declaração do próprio até onde havia chegado o desenvolvimento da série da equipe de jovens heróis.

E eis que após anos de produção quase ininterrupta, as animações da DC ganham um hiato em 1985 com a última temporada de Superamigos, aquela mesma a qual me referi na lista das "As 10 Melhores Animações de Ação dos Anos 80".

Só ganhando um novo capítulo em 1988, com a série do Superman (sim, mais uma vez ele) realizada pelos estúdios Ruby&Spears, até hoje lembrada pelo seu esmero se comparada a outras séries bastante pueris da época.

E referenciando em sua abertura tanto a clássica animação dos estúdios Fleischer, como emulando alguns acordes do clássico tema criado pelo maestro John Williams para o filme de Richard Donner de 1978.

E como na época a defesa da natureza já fazia parte da “ordem do dia”, eis que em 1990 o mundo era apresentado a série de animação do Monstro do Pântano.

Lógico que numa versão um tanto distinta do ser atormentado das HQ’s, ainda que tenham se mantido até bem fiéis as suas origens. Só que aqui dando-lhe um enfoque bem direto de defensor da natureza, e que cá entre nós, ficou bem melhor que umas animações de mesmo plot com certos “capitães esquisitões” (risos).

Isto sem falar de um impagável tema de abertura hard rock descaradamente emulando o estilo Alice Cooper de composição, sem falar na voz do cantor.

E se podemos tirar alguma lição desta viagem pelas décadas através das animações com personagens da DC Comics, é que as animações mesmo que não tendo as versões mais fidedignas dos personagens de quadrinhos em relação sua mídia original, são a “porta de entrada” mais fácil e eficiente para este mundo, até por razão de seus custos substancialmente inferiores as grandes produções live action cinematográficas.

Ahhh sim! Eu sei que alguém agora pode até estar se questionando por que não citei a animação dos Wild C.A.T.S. É que como esta é de 1994, ou seja, já tendo se iniciado Batman TAS, por hora não irei comentar sobre, deixando isto quem sabe para um outro artigo.