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domingo, 3 de janeiro de 2021

Episódios Malditos

Não importa por quais motivos sejam feitos.  Se apenas os redatores e criadores acharam que a ideia era boa, ou se queriam de fato passar alguma mensagem que não foi compreendida pela audiência, ou até se de fato houve alguma justificativa verdadeira para tal.

 Mas não são tão raros os casos de seriados, sejam de animação ou live action, que tiveram (ou ainda tem) algum episódio que acabou sendo boicotado, proibido por algum tempo e às vezes até banido.

Tá certo! Eu sei que provavelmente você que está lendo, deve estar pensando que este artigo se trata de mais uma daquelas conhecidas lista aqui do blog. Mas ao me debruçar sobre o tema, percebi logo que limitá-lo a uma lista não seria suficiente, até porque estes episódios possuem, digamos, graus diferentes de “amaldicioamento”.


E aqui mesmo em Terra Brasilis, temos alguns casos “exclusivos” que se tornaram quase lendários.


Em um destes casos, “Freakazoid” o engraçadíssimo personagem da animação produzida por Steven Spielberg, acabou sendo envolvido numa crise de histeria de algumas pessoas que se sentiram “horrorizadas”, quando num episódio, a finada Lady Diana e a cantora Madonna em suas respectivas versões cartoon saem no braço por causa de nosso querido personagem tresloucado, e pasmem, tal cena fez com que uma tempestade de reclamações de reclamações desabasse sobre a Rede Globo que retirou a animação da grade para nunca mais voltar.

Zillion acabou tendo seu final transmitido de madrugada

Mas pessoalmente creio eu, que em nossas terras, nada se tornou mais icônico que o famoso caso do seio à mostra em “Zillion”. Caso já relatado na lista das “10 Melhores Animações Japonesas que Passaram no Brasil”, que fez com que o final da saga dos White Knights fosse exibido numa madrugada de domingo para segunda-feira, numa época em que a Rede Globo (assim como demais emissoras) saía do ar no começo de quase todas as madrugadas.

Talvez ainda pudesse citar aqui os casos dos episódios finais de duas séries que fizeram a alegria de muita gente: “Alf, o ETeimoso” e “Família Dinossauro”.

O para muitos "traumatizante" episódio final de Alf

Mas ainda que tais episódios tenham ganhado o rótulo de “malditos”, em especial o de “Alf”, no qual terminava com nosso querido alienígena sendo capturado pelos militares, algo que anos depois os produtores tentaram consertar com um estúpido longa-metragem, jamais tiveram qualquer tipo de censura em razão ao conteúdo apresentado.

E este pequeno detalhe chamado “conteúdo”, que muitas vezes os realizadores pensam estar (e às vezes até estão mesmo) no caminho certo, pode por vezes fazer a obra em questão passar por uma reclassificação.

Eliza Masa baleada - cena do episódio "Força Mortal"

Como no já foi citado aqui no blog caso do episódio “Força Mortal” de “Gárgulas”, quando Eliza Masa leva um tiro de sua própria arma manuseada por Brodaway. E ainda que a intenção fosse das melhores, ou seja, alertar para o perigo das armas, a animação não se livrou de protestos furiosos de “responsáveis zelosos”.

E por falar em família, a estória do episódio “Home” de Arquivo X, é outro caso bem emblemático. Como foi descrito aqui na matéria sobre o seriado, “Home” foi o primeiro episódio de uma série de tevê a ostentar o selo TV-MA (impróprio para menores de 17 anos).



Num roteiro, baseado num caso real, no qual Mulder e Scully investigavam a morte de um bebê com deformidades enterrado no quintal de uma família, no qual todos sofriam também de deformidades parecidas e depois vem a descobrir uma série de relações incestuosas num contexto no mínimo bizarro.

Baseado em fatos reais...

Mas ainda que a própria Fox tivesse seu “departamento de censura” que passava o “pente fino” em suas produções a fim de evitar logicamente, inclusive, futuros problemas judiciais, “Home” após receber a classificação citada acima, foi ao ar. Porém, o desconforto (se é que dá para chamar assim) gerado, foi mais que suficiente para o episódio ser banido das eventuais reprises, sendo apenas pelo que consta, reprisado apenas uma única vez numa “maratona” no canal pago da Fox.

...o episodio "Home" teve sua classificação alterada

Reza uma lenda urbana que Chris Carter (criador da série) e Kim Manners (produtor) até sugeriram fazer uma continuação para tentar “suavizar” a coisa toda, mas os executivos do estúdio foram taxativos, afirmando que jamais aqueles personagens seriam vistos em lugar algum.

E lugar algum também acabou sendo o destino do episódio proibido de “Superamigos”.

Os Super Gêmeos acabaram protagonizando...

E não, isto não é piada, “Superamigos”, a série de animação produzida por Hanna-Barbera com os personagens da DC Comics para o público infanto-juvenil que por vezes é motivo de chacota por ser conteúdo pueril, em sua temporada de 1977 teve um episódio que foi banido.

... "Hitchhike"...

No episódio chamado “Hitchhike”, uma garota chamada Jody, a fim de guardar seu dinheiro para gastar na praia, aceita entrar na Mercedes de um estranho boa pinta (se é que dá para chamar desta forma) que lhe oferece carona. Contudo, no meio do caminho, este estranho muda o trajeto, e começa a agir de forma agressiva com a jovem, tentando abusar dela.

... o episódio de Superamigos...

Mas Beth, a amiga da jovem, acaba indo a polícia que faz contato com a Sala da Justiça. Uma Sala da Justiça entregue aos Super Gêmeos, Zan e Jayna, que parecem estar ali apenas para anotar os recados, pois na conversa com o chefe de polícia dizem que os demais heróis estavam ocupados em outras missões.

...que mostrava abuso contra mulheres...


Pois bem, e lá se vão os gêmeos atrás do carro do suspeito, que é encontrado, e capturado pela dupla de jovens heróis que liberta Jody. E tudo poderia acabar por aí, com mais uma lição a ser aprendida, bem de acordo com os outros episódios da atração na época. Mas ainda houve uma última cena, um último diálogo na delegacia.

...e tem uma cena final desconcertante.

E neste diálogo, o policial explica que já estavam atrás do sequestrador já algum tempo, devido a vários registros de garotas que tinham desaparecido e não foram encontradas. Ou seja, fica claro como o dia, que o abusador era também um serial killer que já tinha feito outras vítimas.

E o resultado deste diálogo final, foi que “Hitchhike” foi banido por quase vinte anos, só retornando por um breve período em meados dos anos 90, para ser depois novamente “encarcerado” nos porões da Time/Warner por Ted Turner, que na época chegou a “mexer seus pauzinhos” até para descontinuar Swat Kats.

Mas ninguém jamais fez tanto esforço para apagar da existência a memória de um episódio maldito do que a Tsuburaya Productions.

No episodio 12 de Ultraseven...

Pois como citei no artigo que abordei as três primeiras séries da franquia Ultra, o episódio 12 de “Ultraseven”, “Presente Nocivo”, trazia um monstro cuja afigura era recoberta de feridas que lembravam a feridas dos sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Algo que foi considerado uma ofensa aos sobreviventes dos bombardeios atômicos.

... a figura do monstro provocou mal estar no Japão

Fazendo a Tsuburaya não apenas desconsiderar a existência do episódio, como desesperadamente tentar impedir posteriormente sua exibição em países que já tinham comprado o seriado, e por anos negar sua existência de forma veemente.

Mas como a tal da internet é uma mistura de coração de mãe com terra de ninguém, apesar de ser difícil, não é impossível de se achar “Presente Nocivo” na web, ainda que por vezes os links possam causar confusão ao apresentarem o episódio 13, “De Outro Planeta Com Amor”, como sendo o episódio 12, seguindo a contagem “oficial” da Tsuburaya Productions.

LINK - ULTRASEVEN - EP.12 - Presente Nocivo

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ULTRASEVEN - Ep. 12 - Presente Nocivo

Seja lá por qual motivos tenham sido perseguidos, banidos ou até esquecidos, estes chamados episódios malditos, hoje formam um seleto grupo, que nos nossos policiados tempos por um lado, e extremamente cínicos por outros, dificilmente ganharão novas adesões ao “clube”, se tornando, sobretudo símbolos da época em que foram realizados, e em alguns casos até mesmo da resistência de mentes criativas que ousaram sair um pouco fora da caixinha, nos brindando com momentos que se tornaram únicos