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terça-feira, 22 de maio de 2018

Os 10 Veículos Mais Icônicos da Ficção


Desde que as máquinas autopropulsadas vieram a dar as caras no mundo ainda no século XIX que esta relação, a do homem com as máquinas que os levam de um lugar para o outro tem sido bem estreita. E na ficção existem alguns casos de máquinas que ainda que não apareçam com este intento, ganharam tanto destaque quanto os reais protagonistas, e em alguns casos inclusive servindo de base para projetos na vida real.
Por isto, excetuando aqueles que já foram criados com o intuito de serem os reais protagonistas, pensei nesta lista... Os dez veículos mais icônicos da ficção!




10 - Beleza Negra (Besouro Verde): O seriado do Besouro Verde foi realizado na mesma época que o cômico seriado do Batman com Adam West. Daí veio a ideia de criar um carro que pudesse rivalizar com o histórico Batmovel da série concorrente, e que não poderia ter sido mais feliz. E a partir de um Chrysler Imperial 1965 surgiu o Beleza Negra.




09 - Trovão Azul (idem): O helicóptero, com a honrosa exceção da famosa cena do ataque de Apocalipse Now, nunca havia sido devidamente aproveitado em nenhuma obra de ficção como poderia. Mas isto foi só até 1983 e a chegada do filme protagonizado por Roy Scheider, no qual um piloto veterano descobre uma conspiração do alto escalão governamental que pretendia usar o Trovão Azul para outras utilizações que não as pensadas originalmente. Um trabalho de transformação impressionante de um helicóptero francês Gazelle num legítimo helicóptero de ataque.



08 - Millenium Falcon (Guerra nas Estrelas): Não tem com fugir deste fato. Não importa quantas naves a saga criada por George Lucas possa ter. Nenhuma será mais lembrada e reverenciada que a “casa” de Han Solo e Chewbacca.



07 - Sea View (Viagem ao Fundo do Mar): Num mundo dominado hora por carrões, hora por naves espaciais, um submarino marcou seu nome na história da cultura pop.



06 - DeLorean/Máquina do Tempo (De Volta Para o Futuro): “Se você vai construir uma máquina do tempo que seja com estilo”. Esta memorável frase dita por Christopher Loyd na pele do Dr. Emmet Brown sintetiza tudo que eu poderia dizer.



05 - Mach 5 (Speed Racer): O carro de corrida que mais parecia um carro de agente secreto de tantos gadgets que tinha, venceu com a facilidade a corrida contra o tempo e até hoje é reverenciado.



04 - Yamato (Patrulha Estelar): O maior encouraçado já construído e afundado na 2ª Guerra Mundial pelas forças aeronavais estadunidenses se tornou uma das naves espaciais mais icônicas da ficção e com certeza a que possui o design mais inesperado. E que até hoje provoca estranheza nos leigos que se perguntam o que um navio está fazendo no espaço (risos).



03 - Enterprise (Jornada nas Estrelas): Em suas várias releituras, a nave criada pela astuta mente de Gene Rodemberry se tornou um ícone tão grande que teve seu nome associado ao primeiro ônibus espacial.



02 - Nautillus (20 Mil Léguas Submarinas): Mais, muito mais que um veículo numa obra de ficção. O Nautillus se tornou a base para o desenvolvimento de muitas ideias na vida real. Um submarino nuclear descrito em detalhes no impensável e longínquo ano de 1869!



01 - Batmovel (Batman): Até 1966, o Batmovel nos quadrinhos não passava muito de um carro comum. Mas isto mudou por completo com a criação do designer George Barris, que a partir do carro-conceito Lincoln Futura, deu ao veículo do cruzado encapuzado um destaque e importância que nenhum outro carro teve antes ou conseguiu depois. E ainda que versões mais modernas possam ter surgido, tanto nos quadrinhos, como em animações e filmes live action, todos no final, ainda que seja pela simples manutenção da turbina de pós-combustão não deixam de ser tributos à criação de Barris, sem a qual com certeza o Morcego de Gotham não seria este que conhecemos hoje.

















segunda-feira, 14 de maio de 2018

Dirty Harry


O ano era 1971. Um sujeito entra numa lanchonete num dia comum em San Francisco na Califórnia e pede um cachorro-quente. Até aí nada demais. Porém do outro lado da rua, assaltantes invadem um banco, e aquele pacato sujeito comendo seu cachorro-quente calmamente interrompe sua refeição, sai da lanchonete, e no meio da rua desembainha um revolver Smith&Wesson 29 em calibre Magnum.44, dando início a uma espetacular cena de ação que culmina com o carro dos bandidos capotando, e o primeiro dos assaltantes que tentou fugir, caído no chão de olhos arregalados diante do cano do revolver que lhe era apontado.



E assim o diretor Don Siegel e o ator Clint Eastwood apresentavam ao mundo Harry Calaham, o Dirty Harry (título original) - “Perseguidor Implacável” aqui no Brasil - no primeiro de um total de cinco filmes, o inspetor da polícia de San Francisco, casca grossa até a medula, isolado, cheio de maneirismos, mas que conseguia passar uma indisfarçável humanidade apesar ou principalmente em razão disto.

Harry Calaham e seu S&W 29  em ação

Um policial que devido os métodos que nem sempre deixavam seus superiores felizes, e que justamente por isto tinha ganhado o tal apelido de “Sujo” e que aqui neste primeiro filme passa a enfrentar um psicopata conhecido apenas por Scorpion, interpretado por Andrew Robinson (excelente!) numa relação de “gato e rato” que me arrisco dizer possa ter sido até influência direta para "Batman O Cavaleiro das Trevas". Um filme que intercalava momentos de ação como a já citada cena de abertura com momentos absurdamente tensos, mesmo se pensarmos nos liberais anos setenta.

Adrew Robinson deu vida ao psicopata conhecido apenas por Scorpion

Como quando Harry para salvar a vida de uma jovem que tinha sido enterrada viva pelo psicopata o tortura em meio a um campo de futebol americano vazio a noite, ou quando Scorpion paga para que um homem o espanque até ficar com suas feições deformadas de tanto apanhar apenas para poder incriminar o inspetor.
Num filme que pode ser considerado a célula mater de todos policiais do gênero que viriam nas décadas seguintes.

Magnum 44 (Magnum Force no original), o segundo filme da franquia.

E como a aceitação e o sucesso de Dirty Harry foram imensos, nada mais natural que se fazer um novo filme e assim em 1973 chegava “Magnum .44”, o segundo filme da franquia.

Um "esquadrão da morte" formado por policiais era o desafio de Harry em Magnum 44

Deixando um pouco de lado todo o conflito psicológico do primeiro filme, e indo mais fundo no questionamento da discussão “fins justificam os meios”, coloca Harry Calaham em rota de colisão com um grupo de extermínio composto por policiais, parte deles admiradores do próprio Harry. Numa trama que hoje até pode parecer trivial, mas que na época teve a coragem de colocar o dedo na ferida de um assunto que era “tabu”, inclusive citando em um diálogo os grupos do mesmo tipo das ditaduras sul-americanas alinhadas ao governo estadunidense que atuavam a todo vapor naqueles tempos.

"Sem Medo da Morte", o terceiro filme que trazia um foco diferente sobre Harry Calaham.

Três anos então se passam, e quando ninguém esperava, chega aos cinemas “Sem Medo da Morte”. Um filme peculiar em vários aspectos.
Apesar de uma premissa um pouco pueril sobre um grupo de bandidos que rouba - com uma facilidade extrema, diga-se de passagem -, um carregamento de armas militares, este acaba sendo apenas um mero pretexto para explorar a figura de Harry Calaham de uma forma que ainda não havia sido feita antes, por um prisma mais pessoal e menos policial obstinado, que em alguns momentos, se propositalmente ou não, chegam a serem engraçados.

Tyle Dale como a policial Kate Monroe, única parceria de Harry que é parte efetiva da trama

Isto sem falar que este é o único filme no qual a relação de Harry com um parceiro de trabalho é explorada ao longo de toda a trama, neste caso uma parceira pra ser mais exato.
A policial Kate Monroe interpretada por Tyne Daly (simplesmente sensacional) é a melhor coadjuvante de toda a franquia. E este é um ponto interessante, pois bem antes do “levantar de bandeiras representativas” de qualquer causa, Sem Medo da Morte foi muito feliz em mostrar os desafios de uma oficial de polícia num mundo que muitas vezes não a levava a sério por ser mulher, e ainda ter que vencer a desconfiança gerada pelo fato de estar lá muito devido a uma combinação de fatores que envolviam politicagem e relações públicas, oque em nada ajudava na sua vida e seus desafios.

Kate Monroe sendo sabatinada - Uma das melhores cenas do filme

Mostrando-se ao mesmo tempo durona, mas também cometendo erros, devido sua pouca experiência nas ruas, mas jamais por ser uma mulher.
Destaque absoluto para cena de sua sabatina para se tornar uma oficial, com uma mesa avaliadora cheia de “especialistas” e suas perguntas padrão, mas que desmonta por assim dizer quando Harry indaga a Kate se ela sabia fritar um ovo. Um teste claro do policial que sabia oque esperava por ela nas ruas, mas que causa um tremendo alvoroço no restante da bancada de avaliadores, e que “explode a panela de pressão” quando Calaham encena uma situação hipotética na qual uma senhora da banca avaliadora seria uma prostituta e ele um cliente.
Com certeza o filme mais leve de todos da saga, e que chega até a brincar com a caricatura que o mito do Dirty Harry já tinha se tornado.

Impacto Fulminante - O único filme da franquia dirigido pelo próprio Eastwood

Mas este momento de leveza por assim dizer, só durou até 1983 e a chegada de “Impacto Fulminante”.
Neste quarto filme, o único da franquia dirigido pelo próprio Clint Eastwood, bem diferente dos demais, a trama se torna um thriller psicológico pesado. Só que muito diferente da fórmula utilizada lá em Perseguidor Implacável, aqui o protagonismo é todo da vítima.

Sondra Locke (esposa de Eastwood na época) é a vítima que parte para a vingança

Na trama, uma mulher que foi estuprada (Sondra Locke, na época esposa de Eastwood), sedenta por vingança começa a executar alguns de seus agressores, numa premissa que lembra demais o clássico thrash “A Vingança de Jennifer” (I Spit On Your Grave/ 1978).
Um filme hermético e tenso, que inclusive tem uma mulher fazendo parte do grupo de estupradores, e que pode até decepcionar um pouco quem vai atrás apenas de cenas de ação espetaculares. 


Mas que com certeza leva a loucura os entusiastas por armas, pois é nele que após uma surra na qual perde seu Smith&Wesson 29 que vai parar no fundo do oceano, Harry ao se recuperar, pega sua arma estepe, simplesmente uma pistola Automag .44, na época a arma de mão mais poderosa do mundo, e que já tinha se tornado icônica nos quadrinhos do personagem Travis Morgan, o Guerreiro, da DC Comics.

Uma das pistolas Automag 44 feitas especialmente para Impacto Fulminante

A título de curiosidade, quando filme foi feito a Automag já não era mais fabricada, mas ao invés de conseguirem um exemplar com algum proprietário, a produção do filme foi direto a fonte, e com um lote de peças remanescentes foram feitas as duas últimas pistolas do tipo especialmente para o filme, uma para disparos reais e outra para os de festim, sendo que tais armas foram timbradas como “Clint 1” e “Clint 2”.
Isto sem falar no belo upgrade que deram na vida de Albert Popwell. 
Albert quem? Tá, eu sei oque você que está lendo deve estar pensando.
Mas se lembram de Perseguidor Implacável e sua cena inicial? E do bandido na porta do banco? Este era interpretado pelo ator Albert Popwell. O mesmo Albert Popwell que em “Magnum 44” volta como um cafetão chamado JJ Wilson.

Albert Popwell em Perseguidor Implacável - A primeira de suas quatro participações na franquia.

E eis que quando chega “Sem Medo da Morte” lá estava novamente Popwell, desta vez vivendo Big Ed Mustapha, um gangster envolvido com o submundo da pornografia da época. Sendo que aqui em “Impacto Fulminante” temos a cereja do bolo, no qual ele ressurge como Horace King, policial e parceiro de Harry Calaham.

Popwell em "Sem Medo da Morte" como Big Ed Mustapha

E em "Impacto Fulminante" como o policial Horace King

Oque torna Albert Popwell um caso único na história do cinema. O único ator que interpretou quatro papéis diferentes numa mesma franquia de filmes.
Franquia que hibernou tranquila, enquanto Eastwood se dedicava cada vez mais a direção, até que em 1988, quando num mundo já lotado de congêneres, Harry Calaham retorna para mais uma aventura.

"... Na Lista Negra", o último capitulo da saga de Dirty Harry



Era “Dirty Harry na Lista Negra” ou simplesmente “The Deadpool” no original. E se lembram sobre oque disse a respeito de “Sem Medo da Morte” e suas peculiaridades? Aqui isto é maximizado. Talvez não pelo viés das relações dos personagens, mas situações e curiosidades que envolvem o filme.



Nele, um já veteraníssimo e perseguido pela mídia Harry Calaham passa a investigar assassinatos que estão ligados a uma lista que circula no submundo das celebridades, um jogo no qual se apostava em figuras conhecidas que poderiam ser candidatos imediatos a defunto, e do qual participava um diretor de cinema chamado Peter Swan, interpretado por um Liam Neeson bem antes da consagração. Lista esta na qual constava o nome do próprio Harry.

Liam Neeson era Peter Swan, um diretor de cinema que participava lista negra do título.

No campo das citadas curiosidades o filme mostra a primeira atuação de Jim Carrey na pele de um roqueiro drogado, e é impagável sua cena ao som de “Welcome to the Jungle” do Guns n’ Roses. Sendo que a própria banda faz ponta no filme, isto lógico antes de se tornarem ultrafamosos.



Os membros do Guns n' Roses em uma de suas pontas

E como se isto não fosse suficiente possui uma das cenas de ação mais inusitadas de todos os tempos, quando o carro em que Harry estava passa a ser perseguido por um carrinho de controle remoto explosivo.


Ideia esta que alguns anos mais tarde Bruce Timm usaria no icônico episódio de Batman TAS, “Cuidado com o Fantasma Cinzento”.
E culminando com a cena na qual Harry simplesmente usa um arpão de caçar baleia para acertar o oponente, num resumo nítido do total, ainda que sob controle, exagero que permeia este último capítulo da saga que fez de Dirty Harry a maior lenda do cinema policial de todos os tempos.

Dirty Harry acabou se tornando referência na cultura pop mundial

Passando a ser citado em diversos outros filmes, seriados, desenhos animados e virando até música, se tornando um verdadeiro ícone da cultura pop mundial.
















































sexta-feira, 4 de maio de 2018

O Legado Hanna-Barbera (parte 2)


Naves espaciais? Sim! Tiroteios? Sim!
Uma galeria de heróis de fazer inveja a Marvel e a DC? Sim!



Olá! Na primeira parte da história dos estúdios Hanna-Barbera, havia mostrado como William e Joseph passaram de funcionários da Metro-Goldwin Mayer até se tornarem os maiores produtores de conteúdo de animação para a tevê através de divertidos desenhos de baixo orçamento.
Porém, como havia citado no artigo sobre Jonny Quest, para os dois amigos oriundos do cinema, querer fazer algo mais elaborado, e oferecer um “algo a mais” sempre esteve nos planos. E assim em 1964 ia ao ar as aventuras de Jonny, Hadji, Dr.Benton Quest, Roger Banon e lógico Bandit.

Jonny Quest -  A "aventura romântica" que deu início a uma outra era na animação

E ainda que a animação possa até ter sido cancelada após a segunda temporada, a “semente da aventura” ali plantada iria germinar e na sua esteira viriam produções como Space Ghost, Herculoides, Galaxy Trio, Mightor, Homem-Pássaro, entre outras, que interessantemente usavam muita da trilha sonora incidental criada para Jonny Quest, isto sem falar que o caracter design super-realista preconizado pelo cartunista Doug Wildey permaneceu como padrão absoluto para todas as demais produções do estilo na Hanna-Barbera.

Space Ghost

Os Herculoides


Porém neste capítulo das animações de “ação e aventura” há dois pontos muito específicos para os quais é preciso abrir dois pequenos parênteses.



O primeiro se chama SEALAB 2020-Laboratório Submarino, mais uma obra a frente de seu tempo, que alinhava e misturava de forma ímpar o entretenimento com a função de educar. Aqui se entenda o termo educar da forma mais acadêmica possível, pois já na década de 1970, SEALAB 2020 vinha alertando para importância dos mares, e os riscos que aquele ecossistema negligenciado, agredido e pouco conhecido pelo homem tinha para todos, se passando num futuro que na época podia parecer muito distante, mas que hoje já bate nossa porta, demonstrando a face cruel que a animação tentava nos alertar décadas atrás.

Alguns dos esboços de Alex Toth para SEALAB 2020

E que foi a produção de HB que mais contou com o talento do cartunista Alex Toth, o criador de Space Ghost, que já trabalhava nas animações do estúdio desde Jonny Quest, mas que aqui foi o responsável mais direto pela composição visual do que víamos na tela.



E o segundo se chama Superamigos. Mas como assim Superamigos? Ok. Se você que está lendo isto é um aficionado por HQ’s provavelmente deve já estar ensaiando um riso, mas peço um minuto a mais de atenção e que leia o próximo parágrafo.
Paremos para pensar rapidamente numa coisa. Quantos de nós não fomos apresentados ao universo dos personagens da DC Comics através desta animação? 

As nove temporadas de Superamigos ajudaram a popularizar os personagens da DC Comics como jamais ocorreu

Sim, eu sei que antes havia os desenhos da produtora Filmation com personagens da DC Comics, e que nem era a primeira vez que os estúdios HB trabalhavam com personagens de quadrinhos já que em 1967 haviam realizado uma animação para o Quarteto Fantástico da Marvel.

O Quarteto Fantástico produzido por Hanna-Barbera em 1967

Mas é aqui em Superamigos, que mesmo em meio suas histórias pueris, na maioria de suas nove temporadas, não se pode negar foi onde a coisa tomou um vulto muito maior, influenciando inclusive as HQ’s com a fase da criação da Legião do Mal, e em sua última temporada tendo em seu elenco de artistas, gente que mais tarde viria a trabalhar em Batman The Animated Series como Alan Burnett, trazendo uma abordagem muito mais próxima das HQ’s que possibilitou, só pra citar um exemplo, mostrar pela primeira vez numa animação as mortes dos pais de Bruce Wayne.

A Legião do Mal - A temporada tinha como subtítulo "O Desafio dos Superamigos"

Isto sem mencionar os personagens criados diretamente por Hanna Barbera para animação, numa lista encabeçada por Zan e Jayna - os Super Gêmeos - e o macaco Glick (claramente inspirados em Jan e Jace de Space Ghost), e que é preciso salientar que décadas antes do discurso do politicamente correto já fazia a incorporação de heróis de todo tipo de etnia – Samurai, Vulcão Negro (a versão HB para o Raio Negro), El Dorado e Chefe Apache. Personagens tão marcantes que não fugiram de serem homenageados por Bruce Timm em novas versões na animação da Liga da Justiça.

Uma galeria de personagens originais se misturavam a outros criados para a animação

Sendo que ainda nesta conta dos personagens de HQ não podemos deixar de mencionar as versão  comédia do Coisa da Marvel que além de comédia era uma versão teen. Num tom de narrativa que os próprios Hanna e Barbera usaram em uma de suas criações, Falcão Azul e Dinamite o Bionicão.

Falcão Azul e Dinamite o Bionicão - O humor se misturava sem pudores aqui

Contudo, com a chegada da década de 1980, e a proliferação do conceito de desenhos diretamente ligados a brinquedos, a Hanna-Barbera foi aos poucos perdendo sua força e não mais possuíam a hegemonia quase absoluta de anos antes, ainda que tivessem na parceria com o estúdio de Joe Ruby e Ken Spears - dois ex-funcionários da casa, mas que mantiveram o vínculo com os ex-chefes - algumas boas “cartas na manga” como Thundarr O Bárbaro e Centurions.

Joe Ruby e Ken Spears
Em 1991 o milionário Ted Turner, dono do canal de notícias CNN, acabou por adquirir o controle acionário do estúdio. Porém, nem de longe na época passou pela cabeça de Turner dissolver a marca, e muito menos afastar seus criadores e Takamoto, que ainda se mantiveram por um bom tempo como consultores dentro da empresa, que como havia dito alguns artigos atrás, em 1993 lançou seu último seriado com o selo 100% Hanna-Barbera, a criação dos irmãos Tremblay, o “esquadrão radical” SWAT Kats.

SWAT Kats

Sendo que em 1996 aconteceu a grande fusão que gerou o conglomerado Time/Warner, e Turner compra por fim a totalidade dos direitos sobre o espólio de Hanna-Barbera, transformando o outrora poderoso estúdio de William e Joseph numa mera subsidiária, que se limitou ao longo dos anos seguintes a produção de poucas coisas, em sua maioria longas-metragens de Scooby-Doo.
Em 22 de março de 2001, William Hanna viria a falecer dormindo aos 90 anos.
E em 18 de dezembro de 2006, foi a vez de Joseph Barbera aos 95 anos, segundo relato da família de “causas naturais”.
Em 2005, Iwao Takamoto ganhou um prêmio Golden Award, por sua contribuição de mais de 50 anos para a arte da animação, vindo a falecer em 08 de janeiro de 2007 vitimado por uma parada cardíaca.


Porém, a história da animação nunca mais seria a mesma, e os estúdios Hanna-Barbera e seus mais de 600 personagens, sejam criados pelos seus fundadores ou por parceiros/colaboradores como Doug Wildey, Iwao Takamoto, Alex Toth, Joe Ruby, Ken Spears ou os irmãos Tremblay, já tinham deixado sua marca indelével na cultura pop.

A série de HQ's Future Quest vem ajudando a apresentar os personagens pára as novas geraçõe


Space Ghost e Lanterna Verde - HB encontra DC

Hoje sendo reinventados, como nas revistas em quadrinhos da linha Future Quest ou nos crossovers com personagens da DC Comics. Obras estas realizadas muitas vezes por artistas que seria muito difícil de pensar estarem aí, não fosse o processo de popularização feito por William Hanna e Joseph Barbera e sua incrível fábrica de sonhos.

Joseph Barbera e William Hanna os visonarios produtores que popularizaram a animação como nunca antes

E que com certeza ainda se perpetuarão por vários anos.