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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Os 10 melhores temas de abertura de animações originais.

Pessoalmente nunca fui de fazer listas, contudo, se você está acompanhando o “Ponte de Comando”, já deve ter percebido o quanto a música é um fator que sempre destaco em cada artigo que publico.
Sendo assim resolvi desta vez fazer algo um pouco diferente e listar aqueles que considero os dez melhores temas originais de animações de ação e aventura que passaram na tevê brasileira, independentemente se são temas instrumentais ou canções.


10º lugar: THUNDERCATS



09º lugar: HOMEM PÁSSARO





08º lugar: POLE POSITION




07º lugar: JAYCE E OS GUERREIROS DO ESPAÇO





06º lugar: M.A.S.K





05º lugar: SPEED RACER




04º lugar: JONNY QUEST



03º lugar: GALAXY RANGERS



02º lugar: LIGA DA JUSTIÇA





01º lugar: PATRULHA ESTELAR
















terça-feira, 21 de novembro de 2017

SPECTREMAN

Spectreman não é pra amadores.
Bem, eu sei que a frase pode parecer bastante pedante, mas o fato é que se de forma proposital ou não, este tokusatsu (os seriados japoneses do gênero) acabou se tornando algo único até hoje.

                                       



Mas primeiros vamos aos fatos.
Exibido originalmente pela Fuji Television entre 2 de janeiro de 1971 e 25 de março de 1972. Criado por Souji Ushio (pseudônimo de Tomio Sagisu), presidente da extinta produtora japonesa P-Productions, Spectreman teve 63 episódios, e foi feita numa sagaz tentativa de preencher a lacuna deixada com o fim da primeira série de Ultraman.

                                     
O Grupo de Combate a Poluição - No começo apenas uma equipe de pesquisas



Estrelada pelo ator, mestre em caratê e judô, Tetsuo Narikawa no papel de Spectreman, sua premissa começa quando o Dr.Gori, um cientista simeoide do planeta Epsilon tenta dar um golpe de estado, e acaba preso. Porém, depois de receber a ajuda do general Karas, ambos fogem, vindo parar na Terra (acho que nem é necessário citar a influência direta do clássico filme “Planeta dos Macacos” de 1968 neste aspecto).
                                                         
                                     
O atrapalhado General Karas e o Dr.Gori

Para detê-los, uma raça de guardiões espaciais conhecidos como “Os Dominantes” enviam para Terra um protetor, um androide capaz de mimetizar a forma humana e assim se passar por um de nós.... Spectreman!
E aqui começamos a entrar naquilo que difere Spectreman de todo o resto.
Logo de cara, cada episódio se iniciava com uma narração que apresentava aquele que seria o maior gancho da série, a poluição, talvez a verdadeira vilã do seriado.

                             
Tetsuo Narikawa e Spectreman

“Planeta: Terra. Cidade: Tóquio. Como em todas as metrópoles deste planeta, Tóquio se acha hoje em desvantagem em sua luta contra o maior inimigo do homem: a poluição. E apesar dos esforços das autoridades de todo o mundo, pode chegar um dia em que a terra, o ar e as águas venham a se tornar letais para toda e qualquer forma de vida. Quem poderá intervir? Spectreman!” (a narração clássica).

                                        

Isto feito muito, muito antes, da consciência ecológica ganhar a grande mídia. Sendo que aí reside mais um ponto diferente e também controverso, que era a dualidade do vilão, que apesar de seus planos de dominação era um cientista e sua primeira reação ao chegar ao nosso mundo é se horrorizar com oque os humanos estavam fazendo com seu próprio planeta, o degradando aos poucos, algo que é ainda mais forte se pensarmos que em seus primeiros episódios a série se chamava “Uchuu Enchi Gori” algo como “Macaco Espacial Gori” numa tradução livre. Sim! No começo, o “vilão” era o protagonista!

                               
Dr.Gori, o vilão protagonista até o episódio nº20
Algo que só mudou após o vigésimo episódio, quando passou a se chamar “Macaco Espacial Gori versus Spectreman”, e só se tornando oficialmente “Spectreman” a partir do quadragésimo episódio.

Ainda que com momentos cômicos, um tokusatsu mais sério

Spectreman não é para principiantes.
Não é pra quem está acostumado com a estética colorida de coisas como Power Rangers.
Isto porque era um seriado que possuía uma carga de drama e tensão que praticamente nenhum outro tokusatsu foi capaz ou quis tentar repetir.
Que por vezes colocava nosso herói em encruzilhadas morais, como no episódio “O Exílio de Spectreman” quando ele desobedece os Dominantes e se recusa a matar toda uma família contaminada por um vírus que poderia gerar uma pandemia. Episódio este escrito pelo hoje cult, Kazuo Koike, autor do mangá Lobo Solitário.
E ainda era capaz de colocar o dedo na ferida, como no episódio “A Revolta dos Inocentes” que mexe na questão dos abusos que professores comentem contra seus alunos nas escolas nipônicas, um assunto delicado até os dias de hoje.
Fora aqueles que flertam com filmes de terror B (O Vampiro do Espaço), ou outros que flertavam com os filmes de faroeste (O Solitário Cavaleiro do Espaço).

                      
Filmes de terror B, uma das influências da série
Durante muitos anos foi alimentado um boato que ninguém sabe como começou, que Jiro Dan, o ator que fazia Ultraman Jack (O Regresso de Ultraman), teria sido Spectreman no piloto da série que nunca foi exibido oficialmente. Mas o próprio Jiro Dan negou isto alguns anos atrás.

                          
Spectreman e sua primeira versão
E por falar em Ultraman, há um episódio de Ultraman Leo (1974) no qual Tetsuo Narikawa numa rara atuação após o fim de Spectreman, faz um vilão alienígena chamado Atlanta. Também tendo participado de dois episódios de “Lionman Branco”.

                                      
Tetsuo Narikawa na sua participação em Ultraman Leo
Mas aos poucos foi se afastando do mundo do entretenimento, e se focando em sua carreira de professor de caratê, sendo inclusive um dos fundadores da Liga Nacional de Caratê do Japão.

                              
O Sensei Tetsuo Narikawa
Mesmo tendo feito um razoável sucesso em seu país de origem foi quando atravessou os oceanos que o herói se tornou uma espécie de lenda do submundo da cultura pop.
E um bom exemplo disto é sua música de abertura, pois o tema que tão bem conhecemos só foi parar no seriado após este migrar para os Estados Unidos, e se trata de uma versão autorizada da canção “The First Day of Forever” da banda The Mystic Moods Orchestra.




E se hoje prestarmos atenção em alguns filmes ou seriados, talvez não seja tão difícil assim achar algumas influências suas (assista o filme O Grande Anjo Negro, com Doplh Lundgren e perceba algumas semelhanças com o já citado episódio do Vampiro do Espaço).

                                  
As famosas "spectreblades" - Inspiração em Batman?



Tetsuo Narikawa viria a falecer no dia 1º de janeiro de 2010 deixando “órfãos” uma legião de fãs.
Fãs que mantém viva a lenda de Spectreman , o androide amigo dos humanos, que mesmo no último episódio tenta dissuadir Dr.Gori de suas intenções, tentando convencê-lo a usar sua inteligência para o bem.
Mantendo viva a memória de um seriado que mesmo com suas deficiências de produção, seja pela temática a frente de seu tempo, seja pelo carisma de seus personagens ou até mesmo pela profundidade de alguns de seus episódios, que só viemos há perceber muitos anos depois quando mais maduros, se mantém absurdamente atual.

                                           
O ELENCO E SUAS VOZES BRASILEIRAS ↓
PersonagemAtor

Kenji
Tetsuo Narikawa
Luís Nunes

Chefe Kurata

Tohru Ohira
Eleu Salvador

Ota
Koji Ozaki
Mário Vilela

Kato

Takamitsu Watanabe
João Paulo Ramalho
Wada
Kazuo Arai
Marcelo Gastaldi

Minnie

Machiko Konishi
Leda Figueiró

Chieko
Sakurako Shin
Sandra Mara Azevedo

Yumi

Rumi Gotoh
Rita Cléos

Kimie

Taeko Sakurai
Leda Figueiró
Dr.GoriTakanobu Tohya
Carlos Seidl

Karas

Koji Uenishi
Osmiro Campos

Spectreman

Koji Uenishi
Luís Nunes

Dominantes
Koji Kobayashi
João Ângelo

Narrador
Koji Kobayashi
Carlos Seidl
                                                                      


                                             

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Patrulha Estelar (parte 4) – Legado e Renascimento.

Oi gente!
Bem, hoje venho encerrar (pelo menos até este momento) com a saga da Patrulha Estelar (ou Yamato se preferem o original nipônico), então vamos lá!



Como sabemos, a saga da Patrulha Estelar tinha acabado lá no ano de 1983 com o longa-metragem “Final Yamato”. E assim como em seu destino na animação, este ficaria congelado por anos.
                                           
Mas também como no desenho, congelado não significa esquecido, e ao longo dos anos, de forma silenciosa, se espalhando pelas tevês do mundo, multiplicado pela onda do anime, passado de geração em geração, foi influenciando outros desenhos, séries e filmes ao redor do globo.
Sua forma de narrar sua estória como uma novela, se tornou o padrão para 99% das animações japonesas. O desenvolvimento da “ameaça da vez” e como isto impacta na vida e relacionamento dos protagonistas é algo que se vê de forma nítida até em obras feitas fora do arquipélago nipônico, como no anteriormente citado, Independence Day.
                                       
Os cavalos-robôs de Galaxy Rangers - Ideia inspirada no longa Final Yamato

Isto fora outras coisas, como os “cavalos-robôs” de Final Yamato posteriormente empregados em Galaxy Rangers, ou na homenagem escancarada do primeiro episódio de Mega XLR.
                              
                             
Mega XLR e sua escancarada homenagem ao Yamato

Mas talvez a maior e ao mesmo tempo mais singela homenagem veio de um fã ilustre. Gene Rodemberry. Sim, ele mesmo. A mente criativa por trás de Star Trek-Jornada nas Estrelas.

Mas aí você que está lendo deve com certeza estar se questionando: Mas o próprio Yamato não sofreu influências diretas de Star Trek?

E eu te respondo: Sim!

E talvez isto seja oque torna a homenagem feita no episódio “Contágio” de Star Trek-New Generation, algo tão significativo, ao nomearem uma das naves da Federação de Yamato.



                                               
O Yamato de Star Trek- New Generation

Ideia que reza a lenda, teria vindo mesmo do próprio Rodemberry , que ainda que não para a mídia estadunidense, era um fã declarado da saga de Wildstar, Deslock e companhia.






                                     

Mas como não é possível viver somente de lembranças, por melhores e mais importantes que sejam, e com o clamor popular que jamais sessou, assim que os entraves burocráticos e judiciais entre seus realizadores foram resolvidos, Yoshinobu Nishizaki revelou...

O Yamato iria voltar! E do jeito que todos os fãs sonhavam, ou seja, com a continuidade da saga e sua tripulação original, ou ao menos aqueles que sobreviveram.

                                    

                              
Cartazes promocionais: a animação "Renascimento" de 2009 e o live action de 2010

E após mais de duas décadas, chegava ao mercado de vídeo o tão esperado “Yamato-Renascimento”.
No ano de 2020, 17 anos depois do evento de Aquarius onde a nave estelar Yamato foi destruída, Wildstar se refugia no seu trabalho de patrulheiro ficando afastado da terra e de sua família por três anos, enquanto isso um gigante buraco negro se aproxima da terra. E em três meses causará toda a destruição do sistema solar, Lola sua esposa assume o comando da primeira frota de imigração da Terra para um planeta com as mesmas condições de vida, só que a frota é totalmente dizimada causando a morte de mais de 300 milhões de pessoas, sendo Lola dada como desaparecida. Resta agora a missão de Wildstar a bordo do um Yamato restaurado e com uma nova tripulação, conduzir as tropas de imigração dos humanos para o novo planeta antes que o buraco negro destrua a Terra, enquanto tenta reestabelecer sua relação com a filha, Miyuki, e ainda enfrentar esse império desconhecido que quer impedir a imigração humana.

                              

                          
A nova geração dos caças Tigres Negros (Renascimento)

Porém, o retorno do Yamato estava apenas no começo, e eis que ainda no fim de 2009 é enfim feito o anúncio que os fãs aguardavam por décadas...
Patrulha Estelar enfim ganharia sua versão “live action”!

                       
O Yamato renascendo para as novas gerações


E em 1º de dezembro de 2010, Space Battleship Yamato (o título original mesmo no Japão) chegas as telas.

Orçado em torno de 24 milhões de dólares, uma soma bastante alta em se tratando do cinema nipônico, lucrou mais de 49 milhões, isto apenas em território japonês. Contudo, quando todos esperavam que aquilo fosse apenas o começo de uma saga (no mínimo uma trilogia), o filme acaba se fechando em torno de si.

Fora isto algumas outras mudanças, como a troca de sexo (sim você não leu errado) de alguns personagens, para tornar sua tripulação mais de acordo com os tempos atuais, e a forma como o grande antagonista da estória, Deslock, foi retratado (uma espécie de consciência coletiva dos Gamilons) ajudaram a desagradar boa parte dos admiradores mais ortodoxos da saga.

Oque não quer dizer que não haja coisas boas aí, afinal, não há como negar que Lola (Yuki Mori no original) pouco fazia na animação, e aqui ela é uma valente piloto de caça, isto sem falar no incrível upgrade que IQ9 (ou Analyser) sofre, se tornando fácil um dos robôs mais badass da história do cinema, algo que faria R2D2 morrer de inveja, e que só não é melhor, pois sua aparição em sua forma mais conhecida, ainda que devastadora (não, isto não foi um eufemismo) é muito breve.




IQ9 em cena que não entrou no corte final do filme

 E ainda como uma espécie de cereja do bolo, o filme ganhou uma canção escrita e interpretada por Steven Tyler, cantor do Aerosmith. Um detalhe que no começo achei que não daria certo, por não combinar com os acordes sinfônicos e clássicos da trilha do maestro Hiroshi Miyagawa, mas que no fim se mostrou bastante adequado para tema do romance entre Wildstar e Lola.






Infelizmente, contudo, sua estreia veio sob o impacto da morte de seu grande comandante, Yoshinobu Nishizaki que havia falecido menos de um mês antes, por afogamento, numa destas ironias do destino, justamente quando estava num navio de pesquisas chamado Yamato e sofreu uma queda do convés.


Yamato em batalha - Efeitos visuais de fazer inveja a Hollywood

Mas se você acha que o legado seria deixado de lado, pode então se preparar, pois após um milhão e meio de fofocas e especulações de toda a natureza, agora se tornou oficial.
Patrulha Estelar ganhará sua versão “live action” produzida nos Estados Unidos. Algo que lógico já está fazendo muito fã ter náuseas (risos), mas que já foi confirmado por Shoji Nishizaki, (filho do finado Yoshinobu) que será o produtor executivo.
Já tendo Christopher McQuarrie (No Limite do Amanhã/ Missão Impossível 6) definido como seu diretor.
Óbvio que todo o projeto ainda se encontra extremamente no início e com sua possível data de lançamento só para 2019, é muito difícil se especular oque farão, por exemplo, com a questão dos nomes. Ainda que seja quase certo que o nome da nave, uma questão de honra para os japoneses, que deve ser mantido.
Se ele vai dar certo? Bem, eu espero que sim.
Claro ainda há a questão dos remakes que estão sendo produzidos no Japão recontando (ou ao menos tentando) a saga clássica sob novas perspectivas, mas isto prefiro deixar para uma próxima oportunidade.
Contudo, uma coisa é certa.
Não importa em que idioma, não importa em que mídia.
Ainda por muitos e muitos anos, o legado de Patrulha Estelar ecoará ao infinito, influenciando artistas das mais diferentes áreas e encantando a todos, da mesma forma que encantou um garoto brasileiro lá em meados dos anos 1980.